A CUT-SP vai comemorar o 1º de Maio – Dia do Trabalho – deste ano com um tema inédito: as relações Brasil e África. A data será comemorada pela CUT/SP com várias atividades que serão realizadas a partir da última semana de abril e incluem um seminário internacional, oficinas culturais, exposição de livros, obras de arte, exibição de filmes, apresentação de manifestações culturais afro-brasileiras, gastronomia e ato inter-religioso privilegiando as religiões de matriz africana.
Esses eventos culminarão com uma grande  manifestação na data de 1º de Maio, que será realizada no Parque da  Independência, no Ipiranga, em São Paulo.
“A proposta é ir além da tradicional  confraternização entre os trabalhadores que, evidentemente, é  importante. Mas dar um primeiro passo para a reflexão sobre nossa  condição de país afro-descendente. Somamos, hoje, mais de 90 milhões de  afrodescendentes, segundo dados do IBGE, e essa consciência ainda não  está presente na totalidade de nossa população. Além disso, os países  africanos, que estão na raiz de nossa origem, são pouco conhecidos em  sua dimensão histórica, institucional, econômica, social e cultural”,  afirma  Adi dos Santos Lima, presidente da CUT/SP.
Neste 1º de Maio de 2011, a CUT quer  chamar a atenção e mostrar um pouco da riqueza que constitui a matriz  africana no Brasil e a importância das relações com os trabalhadores e a  população dos países desse continente.
Os países que participarão das  comemorações do 1º de Maio são: Togo, Zimbábue, Nigéria, Senegal, Cabo  Verde, África do Sul, Gana, Benin, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São  Tomé e Príncipe, e Brasil. As nações africanas foram convidadas  obedecendo ao critério de relacionamento entre as centrais sindicais e a  CUT e também ao fato de algumas integrarem a comunidade de língua  portuguesa.
É importante lembrar, ainda, que 2011  foi estabelecido pela Assembleia das Nações Unidas como o “Ano  Internacional do Afrodescendente”, com o objetivo de “homenagear os  povos de origem africana em reconhecimento à necessidade de se combater o  racismo e as desigualdades econômicas e sociais. É também um  reconhecimento pela enorme contribuição cultural e econômica dos  descendentes de africanos em todo mundo”, diz o documento da ONU que  oficializou  o tema.
O Brasil vem registrando muitos avanços  na superação das desigualdades étnico-raciais, em especial em relação à  população afrodescendente. Um passo importante foi a aprovação do  Estatuto da Igualdade Racial no ano passado. Mas, ainda há um caminho  longo a percorrer. Um exemplo são as estatísticas que colocam o jovem  negro entre as principais vítimas da violência no país. De cada três  pessoas assassinadas no Brasil, duas são negras, revela o Mapa da  Violência 2011, elaborado pelo Instituto Sangari, com base nos dados do  Ministério da Saúde.
A Lei 10.639/2003, que obriga o ensino  da história geral da África e sua contribuição para a cultura brasileira  nas escolas públicas e particulares do ensino médio e fundamental,  ainda  falta ser implementada, seja por falta de informação, interesse  ou preconceito.
“Ao mesmo tempo, os países africanos tem  sede de conhecimento sobre o Brasil e vêem com muito interesse o  estreitamento de relações em vários campos de atividade. O Brasil tem  hoje mais de 30 embaixadas e representações nos países africanos. Muitos  desses países que enfrentaram situações de conflitos em passado recente  as superaram, a exemplo do apartheid na África do Sul e guerras  coloniais e  hoje aspiram ao desenvolvimento e a uma política voltada  para o bem-estar das populações, passando pela organização dos  trabalhadores e trabalhadoras”, observa Artur Henrique, presidente  nacional da CUT.
“Os caminhos para a África são amplos e  esses povos aspiram a uma cooperação solidária com nosso país e nossos  trabalhadores. E é importante lembrar que a história das relações entre o  Brasil e a África, embora tenha sido marcada em seu início pela  diáspora e o tráfico de escravos, tem uma ancestralidade que ainda pouco  conhecemos e é referenciada hoje por relações dinâmicas, principalmente  econômicas e culturais que queremos estreitar, em especial com os  trabalhadores desses países”, completa Adi.
Fonte e programação completa: Hotsite 1º de Maio CUT Brasil-África 2011


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