sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Cineclube Afro Sembene exibe sessão especial ao mês da Consciência Negra: O negro da senzala ao soul e Salif


Por Oubí Inaê Inaê Kibuko

Novembro. Mês da Consciência Negra. Nossa caminhada vem de longe. Zumbi é redivivo para as atuais e futuras gerações saberem que os negros e negras, legítimos cidadãos brasileiros também têm heróis e heroínas. Dandara, Anastácia, Luisa Mahin, e outras tantas anônimas atuantes nos quatro cantos do país. Seja no lar, na comunidade, nos terreiros, nas igrejas, nos templos, nas faculdades, nas escolas, nos colégios, nas creches, na fábrica, na industria, no comércio, nas comunicações, nas ciências, nas artes, nas tecnologias...

O lado bom desta trajetória é que parcerias e simpatizantes estão engrossando a marcha. O Brasil nos deve bilhões. Inclusive de respeito, aliados solidários, de oportunidades construtivas, de horizontes largos. A escravidão nos legou um mundo estreito, solitário, destrutivo, sem perspectivas. Abençoados aqueles e aquelas que não se deixam abater, e mesmo tortuosamente vem abrindo, traçando e trançando caminhos.

Avanços e conquistas existem. Luis Gama, enfim, foi reconhecido como advogado pela OAB. Mas ainda temos muito por fazer. Inclusive a de apoiar e contribuir ao nosso alcance com imigrantes e refugiados africanos. Não podemos nos dar ao luxo de cruzar os braços ou fazer de conta que o problema não é nosso e colocar as soluções nas mãos de vontades políticas e governamentais. Temos também que fazer a nossa parte. Inclusive para orgulho, construção dos laços de irmandade e de auto-estima por nós mesmos.

Neste contexto, o Cineclube Afro Sembene rende homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no dia 20 de novembro, com uma sessão dose dupla. Serão exibidos excepcionalmente no dia 28 de novembro, às 17 horas, “O negro da senzala ao soul”, documentário de Gabriel Priolli, produzido pela TV Cultura, em 1977; e “Salif” (um senegalês em São Paulo), curta-metragem de Melquior Britto, 2015, seguidos de roda de conversa com a jornalista Neusa Maria Pereira (uma das fundadoras do Movimento Negro Unificado, em 1978), com o elenco e equipe de Salif. Local: PUC Campus Consolação. Rua Marquês de Paranaguá, 111 – sala 20. Entrada Franca. Pede-se a voluntária doação de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, livros, material escolar e de higiene e limpeza para a Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de imigrantes e refugiados estrangeiros, inclusive africanos. Coordenação: Saddo Ag Almouloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko.

O negro da senzala ao soul. Sinopse: Documentário dirigido por Gabriel Priolli e realizado pelo Departamento de Jornalismo da TV Cultura de São Paulo, em 1977. O filme registra a rearticulação do movimento negro brasileiro, no final da ditadura militar, com depoimentos de intelectuais e ativistas importantes, como Beatriz Nascimento, Eduardo Oliveira e Oliveira, José Correia Leite, e Hamilton Bernardes Cardoso. Mostra como a soul music norte-americana, seus temas e sua cultura (gestual, vestuário, hábitos, etc) influenciaram a juventude negra do final dos anos 1970 e serviram como eixo articulador de um sentimento de orgulho e pertencimento, que impulsionou a mobilização política contra o racismo e em favor dos direitos raciais. Duração: 46 minutos.

Salif. Sinopse: Milhares de pessoas procuram uma oportunidade de ganhar a vida na maior Cidade da América Latina. O senegalês Salif é mais um no meio de muitos que escolheram a tão “hospitaleira” São Paulo para morar. Direção: Melquior Brito, 2015. Duração: 20 minutos.

Serviço
28/NOVEMBRO/2015 - SÁBADO - 17 HORAS

CINECLUBE AFRO SEMBENE convida - Sessão especial ao mês da Consciência Negra
O NEGRO DA SENZALA AO SOUL - Documentário de Gabriel Priolli
SALIF (um senegalês em São Paulo) - Curta de Melquior Britto
Roda de conversa com a jornalista Neusa Maria Pereira, elenco e equipe de Salif.

LOCAL: PUC CAMPUS CONSOLAÇÃO - Rua Marquês de Paranaguá nº 111 - sala 20
Travessa da Avenida Consolação, em frente ao Mackenzie, entre metrô Paulista e República.

Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br - cineafrosembene@gmail.com

ENTRADA FRANCA. Pede-se doação voluntária de 1 quilo de alimento não perecível.
Ou roupas, calçados, livros, material escolar e de higiene e limpeza para a Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de imigrantes e refugiados estrangeiros, inclusive africanos.

Realização: Cineclube Afro Sembene - Nosso encontro mensal com o cinema africano
Coordenação: Saddo Ag Almouloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko

APOIO: Cabeças Falantes - Agenda Guilherme Botelho Junior - Quilombhoje

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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Malês cria espaço de convivência e ajuda africanos refugiados que desembarcam em São Paulo

Adama Konate cria espaço de convivência e ajuda africanos refugiados que desembarcam em São Paulo. Conheça o espaço que funciona como restaurante/lavanderia/albergue/lanhouse 

Yanlafi, em Bambara, significa Saudade. Hoje o malês Adama Konate sente Yanlafi de sua terra natal, mas podemos dizer que o que o trouxe até o Brasil foi a saudade de um lugar que ele nem conhecia.
Formado em Contabilidade, Adama conta que, ao estudar a história dos países, notava que os autores falavam da escravidão no Brasil como se fosse algo parecido com a França, mas sabia que somente conhecendo de verdade um país poderia falar sobre ele. Estava com toda a documentação encaminhada para estudar nos Estados Unidos, mas havia um desejo de conhecer o Brasil. Desembarcou como turista e o encanto com o país não o deixou retornar.
Há três anos no país, Adama se tornou um porto seguro para os “irmãos” africanos, como ele diz. Além do restaurante/lavanderia/albergue/lanhouse que comanda no bairro do Brás, Adama também ajuda como pode os refugiados que chegam e precisam regulamentar a documentação. “Perguntam: Quanto Adama cobra? [E respondem] Não, ele está nos ajudando. É proibido ajudar? Só ajudo quando posso ajudar. Para mim, eu não faço para falar bem de mim, a minha preocupação é só Deus”.
Nas quatro horas que passamos ali, durante um sábado frio em São Paulo, ficamos absorvidas pelo falatório em francês de pessoas chegando do Mali, de Burkina-Faso, do Togo e outros países do oeste africano. Dúvidas sobre consulta médica, carteira de trabalho e moradia, entre outras. As portas pintadas de verde, amarelo e vermelho na Rua Visconde de Parnaíba, 1188 abrigam hoje o restaurante de Adama, que cobra R$ 8 pelo prato de refeição tradicional africana. Aos domingos, o famoso Fufu é servido.
Mas tudo começou com alguns computadores para contato com a família distante em um quartinho a poucos passos dali. O serviço foi criado pensando nas pessoas que moravam no Arsenal da Esperança, entidade que atende imigrantes em parte do terreno do Museu da Imigração, antigamente conhecido como Casa do Migrante. Para quem vem com o intuito de ajudar a família no país de origem, é mais difícil ainda pagar aluguel, comer e usar transporte público, tudo isso com um salário mínimo. “Ganha pouco no Brasil. A guerra lá não vai acabar, mas aqui está difícil também”, conta Alpha Sidibe, malês e um dos quatro funcionários de Adama.
Alpha é responsável pelo quartinho em que antes funcionava a lanhouse e hoje serve como uma espécie de casa de passagem para ajudar os “irmãos” que chegam ao Brasil e não têm onde dormir e deixar as malas. “É difícil ficar indo para ver documento, mas com mala é mais [difícil], então eles deixam aqui”, conta Adama. Nos fundos do restaurante, no outro salão, há também duas máquinas de lavar. O preço da ligação para o Mali e de uma lavagem: R$ 1 cada.
Com vistas para o Museu da Imigração, o espaço de convivência africana criado por Adama reflete a luta de um povo por melhores condições de vida. “Não é o Brasil que vai nos dar tudo, somos nós mesmos que precisamos nos organizar. Eu não tenho forças para todos, mas, se eu consigo passar que temos que fazer alguma coisa por nós, está bom”.

África - Contos do rio, da selva e da savana

A arte de contar histórias é muito antiga; surgiu antes da escrita. Na África o contador de histórias é chamado de griô; ele é o mestre das artes e da cultura popular e tem o papel de levar o conhecimento à aldeia. A autora Silvana Salerno, apaixonada pela cultura brasileira, com títulos premiados pela FNLIJ, foi conhecer a África e entender a sua influência na nossa cultura. Neste livro são contadas histórias da África que ajudaram na formação da cultura brasileira, pois vieram dos países de onde os africanos foram trazidos como escravos para o Brasil. Uma leitura rica e interessante, com ilustrações lindíssimas! Clique aqui e saiba mais sobre o livro.

CINUSP realiza a mostra África Lusófona

Entre os dias 30 de outubro a 14 de novembro, o CINUSP realiza a mostra África Lusófona em parceria com a FFLCH. Serão exibidos 13 filmes de Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Cabo Verde. Todas as 
sessões são gratuitas.

Entre os destaques estão a produção guineense “A República di Mininus" e as cópias restauradas dos filmes moçambicanos “Mueda, Memória e Massacre”, “Tempo dos Leopardos”, “Canta Meu Irmão, Ajuda-me a Cantar” e “Kuxa Kanema: O nascimento do cinema”.

Da luta pela independência até os dias atuais, está na ordem do dia do cinema desses países discutir o seu contexto social, fazendo dos eventos e características locais mais do que um pano de fundo, mas elementos 
propulsores das narrativas.

Para aprofundar a reflexão sobre as cinematografias africanas lusófonas, no dia 05 de novembro ocorrerá um debate sobre cinema moçambicano com o Prof. Dr. José Luís Cabaço mediado pela Prof.ª Dra. Rita Chaves. Já no dia 11 de novembro, data em que se completam 40 anos da Independência de Angola, ocorrerá um debate a respeito do cinema angolano com a Prof.ª Dra. Fabiana Carelli.

A programação completa com sinopses pode ser acessada no site do CINUSP.