sexta-feira, 9 de maio de 2014

17 de maio sessão especial Dia da África o Cineclube Afro Sembene e a Cojira exibem os filmes: Fogata e Presidentes Africanos 1 no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo


25 de Maio: Dia da África
Comemora-se a 25 de Maio, o Dia de África, a data foi instituída pela “Organização da Unidade Africana” em 1963. Em Julho de 2002, esta organização foi substituída pela “União Africana”. A União Africana (UA) foi fundada em 2002 e é a organização que sucedeu a Organização da Unidade Africana. Baseada no modelo da União Européia (mas atualmente com atuação mais próxima à da Comunidade das Nações), ajuda na promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento na África, especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa Nova Parceria para o Desenvolvimento da África. Seu primeiro presidente foi o presidente sul-africano Thabo Mbeki.

Objetivos da União Africana
A União Africana tem como objetivos a unidade e a solidariedade africana. Defende a eliminação do colonialismo, a soberania dos Estados africanos e a integração econômica, além da cooperação política e cultural no continente.

Membros
A União Africana possui 53 membros, cobrindo quase todo o continente africano. São eles: África do Sul, Argélia, Angola, Benim, Botswana, Burkina Faso, Burundi, Cabo Verde, Camarões, Chade, Congo Brazaville, Costa do Marfim, Djibouti, Egito, Eritreia, Etiópia, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Lesoto, Libéria, Líbia, Malawi, Mali, Maurícias, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Quênia, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Ruanda, Saara Ocidental, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Seychelles, Somália, Suazilândia,  Sudão, Tanzânia, Togo, Tunísia, Uganda, Zâmbia, Zimbabwe.

Membros suspensos:
Guiné - suspenso depois do Golpe de Estado de 2008.
Madagáscar - suspenso depois do Golpe de Estado de 2008.
Níger - suspenso depois do Golpe de Estado de 2010.
Fonte: Fundação Agostinho Neto

Sessão Especial Dia da África - Cineclube Afro Sembene e Cojira convidam

Em celebração a esta data importante e memorável não somente para o continente africano, mas também para brasileiros e todos os povos do mundo, a associação Fórum África realizará uma sessão especial comemorativa ao Dia da África, através do Cineclube Afro Sembene e em parceria com a Cojira que exibirão os filmes: Fogata (João Ribeiro, Moçambique) e Presidentes Africanos episódio 1 (Franklin Martins, Brasil). Esta sessão especial do Cineclube Afro Sembene, em parceria com a Cojira integra uma programação voltada para o Dia da África, que será realizada pelo Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo, em sua sede, com duas atividades, com início às 19 horas: o cineclube dia 17 e uma roda de conversa no dia 23 com personalidades do mundo político e acadêmico sobre a realidade do continente africano, na atualidade.

Fogata
Sinopse. Curta-metragem moçambicano dirigido e produzido por João Ribeiro (O último vôo do flamingo). Explora a relação Homem/Mulher na sociedade camponesa e também como eles encaram a morte e as suas conseqüências. É uma adaptação do conto "A Fogueira" do escritor Mia Couto. Elenco: Adérita Manjate e Chaúque Nalelane. Tempo 20 minutos, Drama, Colorido, Moçambique, 1992, suporte DVD, legendado em português.

Sobre João Ribeiro:
Nasceu em 29 de agosto de 1962, em Mocuba, uma pequena cidade da província da Zambézia em Moçambique. É Realizador e Produtor de cinema e televisão. Filho de pais cabo-verdianos, João Ribeiro foi professor de Educação Física na cidade de Quelimane onde cresceu e viveu até 1987. Em Quelimane ele foi também Delegado Provincial do INC (Instituto Nacional de Cinema) gerindo um conjunto de 5 salas de cinema espalhadas pela província e onde, para além do hobby da fotografia começa a trabalhar com vídeo. Em 1987 muda-se para a cidade de Maputo onde, ainda no INC, foi Chefe do Arquivo de Filmes e mais tarde Coordenador de Produção. Parte para Cuba em 1989 onde se forma em Realização e Produção na Escola Superior de Cinema e Televisão de San António de los Baños (1991). Como trabalho de conclusão de fim de curso (o temível TCC) realiza o seu primeiro curta-metragem: Fogata. (...) Na Televisão, João Ribeiro passou por três dos mais importantes Canais Nacionais (TVM - Televisão de Moçambique, canal público; STV - Soico Televisão e TIM - Televisão Independente de Moçambique, canis privados) onde foi responsável pelo processo de instalação, modernização, criação de conteúdos nacionais, produção de programas e eventos tendo chegado a desempenhar funções de Diretor de Produção, Diretor Operacional, Diretor Geral e Administrador. De regresso ao Cinema, realiza em 2010 a sua primeira longa metragem de ficção intitulada O Último Vôo do Flamingo que teve a sua estréia no Pavilhão do Mundo no Festival de Cinema de Cannes e foi selecionado para os maiores Festivais de Cinema do Mundo tornando-se no primeiro filme Moçambicano a ter estréia comercial além fronteira (Portugal, Brasil, Espanha, França).

Presidentes Africanos
Sinopse: Após percorrer 13 dos maiores países africanos e entrevistar cada chefe de Estado local, o jornalista e ex-ministro do governo Lula, Franklin Martins é o apresentador da série “Presidentes Africanos”, especialmente produzida para tv. A série de documentários retratam aspectos históricos, políticos e econômicos dos países visitados. Cada nação é tema de um episódio. As reportagens são intercaladas com trechos da conversa com o líder local. Para conseguir convencer tantos presidentes a recebê-lo, Franklin contou com uma ajuda de peso: o ex-presidente Lula, cujo instituto dá apoio institucional à série.

Sobre Franklin Martins
Franklin de Sousa Martins (Vitória, 10 de agosto de 1948) é um jornalista político brasileiro. Foi ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) do Brasil durante o mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva até dezembro de 2010.


Sobre o projeto Cineclube Afro Sembene
O Cineclube Afro Sembene é uma iniciativa do Fórum África, entidade sem fins lucrativos, de caráter social, cultural e recreativo, que reúne africanos, brasileiros e todas as pessoas interessadas em difundir informações que melhorem o conhecimento sobre a África no Brasil, e vice-versa. O nome Sembene é uma homenagem ao escritor, produtor e diretor senegalês Ousmane Sembene (1923 — 2007), freqüentemente chamado de "O Pai do Cinema Africano". Sua jornada teve inicio em 2008, no Centro Cineclubista de São Paulo, do qual é associado. Ciente das barreiras da língua e de seu caráter formativo, a programação do Cineclube Afro Sembene prioriza filmes legendados em português. Coordenação: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almouloud e Oubí Inaê Kibuko.

O Cineclube Afro Sembene 2014
A proposta é fomentar a formação de repertório versátil, com sessões em dose dupla, ou seja: um filme do continente africano e um filme de um(a) diretor(a) afro-brasileiro(s), como acontece em shows e eventos internacionais que são abertos por bandas ou artistas nacionais como forma de intercâmbio e difusão cultural. Tem também um apelo retrô, em referência e homenagem aos cinemas populares, os quais até meados da década de 1990 exibiam dois filmes como meio de atrair, formar, manter seu público. “Como os cinemas estavam perdendo espectadores, logo surgiu a idéia de oferecer aos cinéfilos a sessão dupla, onde poderiam assistir dois filmes pagando por apenas um bilhete. E muito filme considerado B, não só ganhou repercussão como também se tornaram cults”, explica Oubí Inaê Kibuko, um dos coordenadores de programação do Cineclube Afro Sembene.

As sessões acontecem sempre no 3º sábado do mês, pontualmente às 19 horas, sendo a exibição do filme seguida de debate com membros da equipe realizadora ou de um comentarista convidado e outras práticas da cultura africana e afro-brasileira.

A parceria Cineclube Afro Sembene e Cojira
Em 2012 o Cineclube Afro Sembene firmou parceria com a Cojira-SP (Comissão de Jornalistas Pela Igualdade Racial no Estado de São Paulo), que manifestou disposição solidária com a proposta e se dispôs a contribuir na difusão do cinema africano ao público interessado.  A Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial (Cojira) é um órgão consultivo, com participação aberta. O objetivo é auxiliar o Sindicato dos Jornalistas na atuação mais efetiva com relação à questão racial. Participa de ações tanto no âmbito específico do jornalismo, quanto em questões de caráter mais geral. A oficialização desta parceria se deu em 16/11/2013, com o retorno do Cineclube Afro Sembene, desta feita no Sindicato dos Jornalistas, após um longo e forçado jejum por falta de espaço apropriado.

Material de apoio:

Serviço


SESSÃO ESPECIAL COMEMORATIVA AO DIA DA ÁFRICA
Data: 17 de maio de 2014 - sábado - pontualmente às 19 horas
Cineclube Afro Sembene e Cojira exibem os filmes:
Fogata (João Ribeiro, Moçambique, ficção, 1992) e
Presidentes Africanos - episódio 1 (Franklin Martins, documentário, Brasil).

Dia 23 de maio de 2014 - sexta-feira - às 19 horas: 
“África em pauta”, Franklin Martins e prof.dr. Acácio Almeida (PUC/Casa das Áfricas) conversam com o público sobre a realidade do Continente Africano, na atualidade. 

Local: Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo
Rua Rego Freitas nº 530, sobre-loja
Próximo a Igreja da Consolação/metrô República;
Entrada franca.

Informações:
www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br
Email: cineafrosembene@gmail.com
www.cojira.wordpress.com - www.sjsp.org.br - e nas Redes Sociais 

Realização: Fórum África
Parceria: Cojira/Sindicato dos Jornalistas no Estado de São Paulo 
Apoio: Cabeças Falantes


Pesquisa, montagem de imagens e redação Oubí Inaê Kibuko para Fórum África e Cineclube Afro Sembene.

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Coletivo Negro USP visita haitianos em São Paulo

Apenas um relato. 1º de maio de 2014 - Dia do Trabalhador. Planejara ir a 24ª Caminhada Ecológica da Cidade Tiradentes, com saída marcada para as 7, se não tivesse acordado quase às 9 horas. Coisas daquele famoso “mais 5 minutos” quando acordamos 5:50 com o despertador berrando. Pretendia conhecer, fotografar a tal caminhada (a qual nunca fui), rever possíveis amigos, semear novas amizades e de lá ir para a cidade. Estréias, festivais, mostras de cinema não chegam nas Cohab’s. Apenas politicagens, oportunismos, paternalismos assistencialistas. Por essas e outras o centro atrai muitos. Mas, aqui na base, onde a pirâmide é inversa e o desenvolvimento é lento, ainda há muito por fazer e devemos marcar presença nessas raras iniciativas culturais. No Brasil não temos furacões, maremotos, nevascas, terremotos; temos os políticos, as elites maquiavélicas, os donos de tudo às custas dos mais fracos e divididos.

Um encontro casual às vésperas do preparatório 25 de maio, Dia da África, no sugestivo Centro Cultural Banco do Brasil, após a sessão de Njinga - A Rainha de Angola, com alguns integrantes do Coletivo Negro USP e coletivos de outras regiões, formados em sua maioria por estudantes. Troca de impressões sobre o filme e coincidente informação de que o grupo iria depois de um rápido almoço no Biyou'Z Restaurante Afro se encontrar com outros membros dos coletivos na Praça da Sé para visitar a Missão Paz, da Paróquia Nossa Senhora da Paz, na Rua do Glicério, afins de conhecer de perto e de ambas as partes, a situação dos refugiados haitianos em São Paulo. E assim levantar informações e oferecer ajuda humanitária dentro das nossas possibilidades e alcances, tanto coletivo quanto individual. Afinal, os noticiários da mídia oficial não são plenamente confiáveis. Ainda mais quando o assunto tem recorte racial em ano político, os haitianos são apaixonados pela seleção brasileira e a xenofobia está mostrando os seus tentáculos.

Há momentos e situações em que é melhor ir em grupo do que sozinho. Parece que nossos pensamentos solidários foram captados por parabólicas ancestrais. Nos auto-convidamos, caso não houvesse impedimentos institucionais e lá fomos. Devido ao avançado das horas, pois já passavam das 18 (o atendimento no restaurante, por estar lotado, demorou mais do que previsto), e a falta de equipamento apropriado não foi possível filmar. A alternativa foi fotografar e captar em áudio direto e de forma amadora, com o que tinha em mãos, as conversas com padre Paulo e representantes haitianos que fala português. O idioma oficial do Haiti é o Francês e falam também Crioulo e Espanhol. As questões e necessidades principais dos refugiados que estão na Missão Paz giram em torno de: leis migratórias; legislação; trabalho; documentação; alimentação; moradia; locação de imóvel; transporte; higiene pessoal; saúde; voluntários para ensino básico de português e passeios em grupos para eles saberem onde e como e qual forma confiável para se locomover em São Paulo de uma região a outra; noções e recursos auto-sustentáveis para limitar e até coibir vícios assistencialistas; supervisão e acompanhamento das ações e atividades; cadastramento de dados, etc. A presença e ajuda por parte de igrejas evangélicas, núcleos espíritas (kardecistas), ong’s e associações que atendem, sobretudo, moradores em situação de rua, como os Anjos da Noite, têm sido exemplar. Questionamentos sobre a ausência e manifestação de apoio por parte dos representantes e membros das religiões de matriz africana, mais especificamente Umbanda e Candomblé, e de entidades negras tem circulado nas redes sociais. O padre Paulo não soube informar. Se presenças e colaborações têm ocorrido não se identificam ou vem passando desapercebidas devido ao montante. O êxodo e a demora em conseguir visto é um dos fatores que tem alimentado a especulação e riscos de vida. Supõe-se que para os haitianos terem despendido cerca de 4.000U$ devem estar endividados até o pescoço e deixaram suas famílias sabe-se lá em quais condições?! Fato que aumenta o desespero e necessidade deles em encontrar trabalho remunerado, independente da função a ser exercida. Ou seja: desde que renda algum dinheiro qualquer coisa serve. Fator que serve de bandeja a interesses meramente exploratórios.

Errata: no áudio estimamos 6 horas de caminhada entre Tucuruvi ao Glicério. O padre Paulo nos informou que um grupo de haitianos, por ter errado o local, fez este percurso. Chegou a paróquia por volta do meio dia, extremamente cansados. Segundo pesquisa virtual posterior, o tempo estimado é de 2h16m, via Corredor Norte-Sul, tendo o Metrô Tucuruvi como ponto de referência. Para quem desconhece o trajeto calcula-se que eles andaram cerca de 2:30 a 3:30 horas. Por falha nossa não entrevistamos ninguém do grupo para checar esta informação.

Uma parte da gravação foi feita com Sony Icd-px312 e a outra com Nokia X2. Num total de 1h22m23s. Os arquivos estão disponíveis a quem possa interessar em fortalecer a divulgação, com os devidos créditos.

Arrisco-me afirmar que a mensagem do filme "Njinga - A rainha de Angola", centra-se no provérbio: "Quem ficar, luta até vencer".  Coletivo Negro USP visita haitianos em São Paulo. Poderiam estar ali também irmanados e devidamente identificados diversas entidades e associações negras e afrodescendentes. A lista social, política, educativa, religiosa, cultural é extensa. Os haitianos estão distantes da terra deles, bem se dizer sem lenço e sem documento, e precisando de quem lute junto com eles, por eles. Se assim for a convocação está feita. Afinal, "L'union fait la force" ("A união faz a força").


Texto e imagens: Oubí Inaê Kibuko.