quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Cineclube Afro Sembene deseja Boas Festas, Feliz 2012!!!



Salve, malungos e quilombelas cinéfilos!


"Árvore que dá frutos leva mais pedradas", assim diz um provérbio africano. De nossa parte, o cinema africano esteve em cena durante todo ano de 2011, religiosamente no terceiro sabado mensal, na sede do Centro Cineclubista de São Paulo. Um público diversificado e participativo prestigiou e se fez presente, pensante, atuante, independente do número.


Gostaríamos, lógico, de filas dobrando o quarteirão. Porém estamos cientes de que nem sempre quantidade significa qualidade. Ação cineclubista não é blockbuster, e sim, trabalho de formiguinha. E, na maioria das vezes: subterrâneo. Descolonizar a mente leva tempo. O cinema africano é um jovem senhor de cinquenta e poucos revolucionários anos.


Influenciado pelas produções japonesas, soviéticas, italianas, francesas e brasileiras, o cinema africano começou a se desenvolver a partir da década de 1960, colocando em cena realidades locais. Um dos nomes de maior destaque é o de Ousmane Sembene (Senegal), nosso patrono, primeiro diretor e produtor africano que teve seu filme exibido nas salas de seu país e reconhecido internacionalmente. Borom Sarret (1963); La Noiere de… (1966); Ceddo (1997) e Moolaadé (2004), dentre outros são referências obrigatórias para quem aprecia, estuda e pesquisa cinema africano. Cujos nomes na direção e de países produtores, em busca de uma linguagem própria, a cada dia aumentam a lista e engradecem este continente ainda desconhecido nas suas verdadeiras e potenciais fases.


"Quando o leão aprender a escrever, as histórias de caçada não mais serão contadas somente pelo caçador". Assim diz outro provérbio. O importante é não perder o foco, é exibir e discutir um filme já pensando no próximo. Algo semelhante ao carnaval brasileiro. Assim, o tempo não pára em lamúrias e reclamações. Estamos fazendo a nossa parte com o que temos e o melhor que podemos, visando qualidades e esferas superiores. Um dia chegaremos lá. O gratificante é que neste ano de 2011 pessoas acreditaram no Cineclube Afro Sembene e ajudaram a divulgar um projeto que não pertence somente ao Fórum África. Mas que faz parte de todas as pessoas que amam e se dedicam à arte cinematográfica nas suas múltiplas faces, e em especial: ao Cinema Africano.


Queremos aqui expressar a nossa gratidão e a certeza de que estaremos juntos em 2012, mesmo que seja em outro local, porque a especulação imobiliária forçou o Centro Cineclubista de São Paulo a entregar a sala por meio de valor extorsivo para renovar o contrato de aluguel.


A coordenação do Cineclube Afro Sembene está pesquisando outros espaços, de preferência na região central de São Paulo, por questões de acesso, segurança, mobilidade, e notificará seu público, simpatizantes e colaboradores assim que acertamos novo endereço.


Boas Festas, Feliz Ano Novo!!!


São os votos de: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almouloud e Oubí Inaê Kibuko, coordenadores do Cineclube Afro Sembene.


Blog: www.cineafrosembene.blogspot.com
Email: cineafrosembene@gmail.com

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

10/12/2011: Cineclube Afro Sembene apresenta Madame Broette na biblioteca Viriato Correa


Madame Brouette
França/Canadá/Senegal, 2002, 104 min, legendado, DVD
Direção: Moussa Sene Absa. Elenco: Aboubacar Sadick Bâ, Akéla Sagna.
Sinopse: De manhã, no bairro Niayes Thiokeert (Colina das Perdizes), ouvem-se tiros. Diante dos vizinhos, Naago cai, perfurado de balas. Aquela que todos chamam de Madame Brouette confessa que matou seu marido. Mas no bairro as mulheres se juntam para elogiar essa mulher jovem divorciada, mãe de uma menina, vendedora ambulante de frutas e legumes. O filme segue o caminho inverso da história, para descobrir o que pode tê-la levado a tal gesto. 

Sobre o diretor Moussa Sene Absa: 

 
 
 
Nascido em 1958 em Dacar, Moussa Sene Absa cursou cinema em Paris e começou sua vida profissional como ator de teatro, passando depois para a frente das câmeras. Torna-se cineasta, enquanto continua dirigindo peças de teatro e pintando. Principais trabalhos: Le prix du mensonge, 1988, curta-metragem, ficção. (Tanit de prata, Cartago, 1988) Ken Bugul, la République des enfants,1991, longa-metragem, ficção. Jaaraama, 1992, curta-metragem, documentário. Ça twiste à Popenguine, 1993, longa-metragem, ficção. Yalla Yaana, 1994, média-metragem, ficção. Tableau-Ferraille, 1996, longa-metragem, ficção. Jef-Jel, 1998, média-metragem, documentário. Blues pour une Diva, 1999, média-metragem, documentário. Fonte: Cinefrance.
 
Após a sessão haverá debate com o costa-marfinense Meite Hamadou, vice-presidente do Fórum África, entidade que promove a cultura africana no Brasil. Clique na seta e confira trailer de Madame Brouette.
 


Serviço:
Madame Brouette
Direção: Moussa Sene Absa
Dia 10 de dezembro, sabado, às 19 horas
Classificação: + 12 anos
Biblioteca Viriato Correa
Rua Sena Madureira, 298
Vila Mariana - 04021-050
São Paulo, SP - Brasil
Tel.: 11 5573-4017/5574-0389

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Cineclube Nagetu exibe o Cinema dos Povos Tradicionais

Dia 05 de dezembro de 2011 - 19 horas
Sessão especial no Cineclube: O Cinema dos Povos Tradicionais no Cineclube Nangetu.
Travessa Pirajá, 1194 - Marco da Légua
Belém do Grão-Pará - CEP 66.087-490
Fone: 91-32267599

Entrada franca



Mametu Nangetu investe no protagonismo dos Povos de Terreiros na produção de conteúdos culturais, e por esse motivo o Conselho Editorial do Cineclube resolveu promover uma sessão especial com filmes recentes produzidos pelos terreiros.
Como forma de incentivar a realização de filmes de terreiros nesta segunda-feira, 5 de dezembro, o Cineclube Nangetu faz uma sessão especial com filmes realizados sob a ótica dos Povos e das Comunidades Tradicionais. Serão dois filmes, o "Xandu", realizado pelo Instituto Nangetu em parceria com a Irmandade dos Rosário e "A boca do mundo - Exu no candomblé", realizado pela Oka Produções. Depois da exibição dos filmes haverá roda de conversa com Renata Lira, diretora do filme Xandu.





Xandu, de Renata Lira e Arthur Leandro, 24 minutos, Brasil/PA, 2011.


 
Sinopse: Cotidiano da Irmandade dos Rosário na transmissão de conhecimentos tradicionais da prima Xandu e no aprendizado da extração do óleo de andiroba. O filme é produzido com 'Tecnologia do possível', são mídias móveis de uso doméstico utilizadas na produção audiovisual comunitária. O filme faz parte das ações do Projeto Azuelar e documenta uma ação do Projeto Magia de Jinsaba - sem folhas não tem ritual, realizado pelo Instituto Nangetu em parceria com a Irmandade dos Rosário.



A Boca do Mundo - Exu no Candomblé, de Eliane Coster. 25 minutos, Brasil/RJ, 2011.

 

Sinopse: O projeto propõe uma abordagem etnográfica e experimental sobre as múltiplas manifestações culturais de Exu, orixá/deus da religião afro-brasileira Candomblé. A realização do documentário subverte as formas tradicionais de realização documental e parte de oficinas de capacitação em audiovisual, com adeptos do Candomblé considerando a intimidade dessas pessoas com os aspectos relacionados a Exu, sejam eles materiais ou espirituais. Nesse sentido está a ideia de trazer membros da religião para a captação das imagens a fim de tornar a representação mais interessante e verdadeira. O documentário traz depoimentos de Mãe Beata de Iemanjá, ialorixá do Rio de Janeiro, e outras pessoas que vivem o Candomblé.

 
Realização: Diretoria de Projetos/Instituto Nangetu de Tradição Afro-religiosa e Desenvolviemnto Social/ Ponto de Mídia Livre.

Clique na seta e confira trailer de A Boca do Mundo - Exu no Candomblé.






QUEM SOMOS: O Instituto Nangetu de Tradição Afro-Religiosa e Desenvolvimento Social, é constituído como associação de direito privado, sem fins lucrativos, de caráter filantrópico, visando estreitar laços de confraternização e promover o desenvolvimento sócio-econômico da comunidade Afro-religiosa, e está intimamente ligado ao Mansu Nangetu – Mansubando Kekê Neta, que é um espaço sagrado de manutenção e preservação das manifestações afro-religiosas de origem Bantu na cidade de Belém, e ambos funcionam na Travessa Pirajá, 1194 – bairro do Marco da Légua, em Belém.

O Mansu Nangetu foi fundado em 1988 para o culto do Nkisse Nzumbarandá. É mantido sob a coordenação de Mam’etu ria Nkisses Nangetu uá Nzambi, com o auxílio de vinte e cinco sacerdotes, e tem por objetivo preservar a cosmologia afro-religiosa da raiz do Bate-Folha nesta cidade. Em sua trajetória é constante o respeito as tradições ancestrais e a realização anual dos rituiais aos Nkisses, talvez por isso tenha se tornado um dos terreiros mais conceituados entre a comunidade afro-religiosa de Belém, assim como uma referencia regional e nacional da cultura religiosa afro-amazônica.


FAÇA UMA CRIANÇA FELIZ, DOE UM BRINQUEDO NOVO OU USADO!

Serviço:

Sessão especial: O Cinema dos Povos Tradicionais
Xandu, de Renata Lira e Arthur Leandro
A boca do mundo - Exu no Candomblé, de Eliane Coster
Segunda-feira, 5 de dezembro de 2011 - 19 horas
Cineclube Nangetu
Travessa Pirajá, 1194 - Belém/PA
Fone: 91-3226-7599
Entrada franca



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Postagem e pesquisa adicional: Oubí Inaê Kibuko, Diretor de Marketing e Comunicação do Fórum África e um dos coordenadores do Cine Afro Sembene. 

domingo, 4 de dezembro de 2011

Maamy, um filme para ser visto 100 vezes antes de morrer

Meses passados, durante o trajeto de onibus Cidade Tiradentes - Vergueiro, sentido para o qual eu me dirigia para entregar livros na biblioteca do Centro Cultural São Paulo, uma garota que dividia comigo o assento foi repetindo a mesma música no celular ou smartphone como se diz atualmente. O percurso dura em média 2hs20min., ainda bem que ela estava com fone de ouvido. Se esta música tem videoclipe nas redes sociais, quantas vezes será que ela assiste quando está em casa? - indaguei aos meus botões.


Existem filmes, livros, peças, canções, dentre outros generos que se for possível visitá-los 100 vezes antes de morrer,  o fazemos sem pestanejar.  Atualmente estou com um caso de amor com o filme Maamy, do diretor nigeriano Tunde Kelani (foto), dentro da programação "Bem-vindo à Nollywood - Primeira mostra de cinema nigeriano no Brasil",  até dia 4/12. A mostra, que teve início dia 18/11 no Cine Olido, estende-se até o dia 4/12 na Cinemateca Brasileira (confira salas e horários). Maamy conta a história de Kashimawo, um jogador de futebol bem sucedido que, no período que antecede a Copa do Mundo de 2010, recorda sua infância difícil em Abeokuta, uma cidade no sul da Nigéria. O filme é uma adaptação do romance homônimo de Ferri Osofisan.



O cinema da Nigéria tem crescido nos últimos anos e, embora seja um mercado extremamente informal, teve uma grande explosão de produção nos últimos anos que tem chamado a atenção mundial por suas características únicas. Toda as produções são realizadas em vídeo. Sua produção é tamanha que já lhe rendeu o apelido de "Nollywood", pode ser considerada a terceira maior indústria de produção de cinema do mundo, atrás apenas de Hollywood e Bollywood. Em volume de produção, "Nollywood" talvez seja até a maior, já que desde o final da década de 1990 são feitos mais de mil filmes por ano, todos filmados e distribuídos em vídeo.

Minha família materna e paterna é de predominância feminina, de origem humilde, e  batalhadora - mesmo com formação limitada. São tantas as suas influências em mim presentes que não me envergonho em dizer ter recebido educação matriarcal. Neste contexto, a canção Maria, Maria - de Milton Nascimento está coincidentemente estampada em Maamy. 

                                                                                                                              
Quem assistir este filme, atente a dois diálogos entre mãe e filho: "A bondade é como uma corrida de revezamento, deve-se passar o bastão adiante assim que receber"; "Todos estamos atrás de comida. Muitos vão morrer, outros são meros expectadores."

Maamy é um filme imperdível e recomendável à mães, pais, filhos, amigos, vizinhos, simpatizantes,  cinéfilos, enamorados, correlatos. Sugiro aos responsáveis pela programação da TV Brasil, TV Cultura e mesmo das redes abertas sensíveis a produções que fogem aos engessantes padrões hollywoodianos, a assistir este filme com carinho.


Independente do expectador gostar ou não de futebol, Maamy expressa uma mensagem a ser refletida nos estádios cotidianos, pois mesmo sendo Kashi um jogador bem sucedido, ele não esquece as suas origens, e para enfrentarmos adversários maiores na Copa do Mundo, é preciso primeiro eliminar nossos fantasmas.

Nigéria só aprendeu a conquistar este espaço em 1992, quando o clássico Living in Bondage, do diretor Chris Obi Rapu, foi comercializado em camelôs e acabou vendendo mais de 750 mil cópias. A partir daí, usando o VHS, muitas produtoras resolveram fazer seus próprios filmes, que começaram tímidos e amadores, mas depois foram se mostrando verdadeiras receitas de sucesso.

Mensagem aos aspirantes
Para Jamie Meltzer, diretor do documentário Welcome to Nollywood: "Eu aprendi com os diretores de Nollywood que praticamente tudo é possível, desde que você tenha coragem de fazer acontecer com o que tem em mãos. É com essas circunstâncias que eles se encontram, não existe nenhuma desculpa para não se fazer filmes", explica. Ou seja: de celular a 35mm faça seu filme. Anos passados a assessoria do cineasta Spike Lee veículou nota de uma parceria dele com uma empresa de telefonia móvel para produção de filmes na telinha. Nada mais se comentou a respeito, mas alguns exemplos podem ser conferidos no Info Abril e Mobile Film Festival.  




De nossa parte, Maamy e toda filmografia de Tunde Kelani e demais cineastas de Nollywood é bem-vinda ao Brasil e torcemos para um dia termos a oportunidade de exíbi-los no Cineclube Afro Sembene., a exemplo de outras produções do continente africano, todo terceiro sabado mensal. Assista no link abaixo um trailer de Maamy.
                                                                     


Confira fotos da abertura de Bem vindo à Nollywood na página Cabeças Falantes do Facebook.


Serviço: 
Bem-vindo à Nollywood - Primeira mostra de cinema nigeriano no Brasil,Tunde Kelani, 18 de novembro a 4 de dezembro de 2011 - Cine Olido e Cinemateca Brasileira.

MAAMI -  (Nigéria, 2011, DVCAM, cor, 92’, legendas em português). Direção: Tunde Kelani. Elenco: Funke Akindele, Wole Ojo, Tamilore Kuboye, Ayomide Abatti. Produção: Jamiu Shoyode para Mainframe Productions 

Texto, fotos, pesquisa e postagem: Oubí Inaê Kibuko, Diretor de Comunicação e Marketing do Fórum África e Coordenador de Programação do Cineclube Afro Sembene.