domingo, 6 de setembro de 2015

"Os artistas e a memória da escravatura" em debate na sede da UNESCO em Paris

O seminário "os artistas e a memória da escravatura : resistência, liberdades criadoras e heranças" abordou ao longo da última sexta-feira, dia 4 de Setembro, na sede da UNESCO, em Paris, as formas como a escravatura inspiraram e continuam a alimentar a criação artística.

realizador angolano Dom Pedro foi um dos oradores do encontro e discursou sobre a memória e a herança emocional através das artes visuais, nomeadamente, através do cinema. 
"Falei da minha experiência, sobretudo do filme Tango negro, as raízes africanas do Tango. Um filme que já foi exibido em toda a parte do mundo e que não é só um filme para os africanos, mas é um filme para todo o mundo porque celebra o universalismo"
Um encontro que junta artistas, investigadores e especialistas de culturas diferentes partes do mundo para explorar, através de quatro sessões temáticas a influência da memória da escravatura : na literatura, artes visuais, musica e dança.

Cineclube exibe A Vida Sobre a Terra em homenagem a independência do Mali


Breve histórico e contexto do Mali
Formada por 8 regiões, o Mali tem fronteiras ao norte, no meio ao Deserto do Saara, enquanto a região sul, onde vive a maioria de seus habitantes, está próximo aos rios Níger e Senegal. Alguns dos recursos naturais em Mali são o ouro, o urânio e o sal.

O atual território do Mali foi sede de três impérios da África Ocidental que controlava o comércio transaariano: o Império do Gana, o Império do Mali (que deu o nome de Mali ao país), e o Império Songhai. No final do século XIX, Mali ficou sob o controle da França, tornando-se parte do Sudão francês. Em 1960, Mali conquistou a independência, juntamente com o Senegal, tornando-se a Federação do Mali. Um ano mais tarde, a Federação do Mali se dividiu em dois países: Mali e Senegal. Depois de um tempo em que havia apenas um partido político, um golpe em 1991 levou à escritura de uma nova Constituição e à criação do Mali como uma nação democrática, com um sistema pluripartidário. Quase a metade de sua população vive abaixo da linha de pobreza, com menos de 1 dólar por dia.

A cultura do Mali
As tradições musicais malienses derivam de griots (ou Djeli), conhecidas como "Guardiões da Memória", que exercem a função de transmitir a história de seu país. A música do Mali é diversificada e possui diferentes gêneros. Alguns músicos são influentes são Toumani Diabaté e Mamadou Diabaté, intérpretes de um instrumento musical chamado kora; o guitarrista Ali Farka Touré, que combinava a música tradicional do Mali com um gênero vocal denominado blues; grupos musicais tuaregue como Tinariwen e Tamikrest e artistas como Salif Keita, Amadou & Mariam, Oumou Sangaré, Habib Koité, entre outros.

Embora a literatura deste país seja menos conhecida do que sua música, Mali tem sido um dos centros intelectuais mais ativo da África. A tradição literária maliense é divulgada principalmente de maneira oral, com jalis recitando ou cantando histórias de memória. Amadou Hampâté Bâ, seu historiador mais conhecido, passou grande parte de sua vida a escrever estas histórias para o mundo as conservasse. A novela mais conhecida de um autor maliense é Le Devoir de violence, escrito por Yambo Ouologuem, que, em 1968, ganhou o Prêmio Renaudot, mas seu legado foi danificado por acusações de plágio. Outros escritores conhecidos são Baba Traoré, Modibo Sounkalo Keita, Massa Makan Diabaté, Moussa Konaté e Fily Dabo Sissoko.

A variada cultura diária dos malienses reflete a diversidade étnica e geográfica do país. A maioria de seus habitantes usa trajes coloridos e fluídos chamados de boubou, típico da África Ocidental. Os malienses participam frequentemente de festas, bailes e celebrações tradicionais. O arroz e milho são importantes na cozinha do pais, que se baseia principalmente em grãos de cereais. Os grãos são geralmente preparados com salsas feitas de folhas, como o espinafre ou o baobab, com tomate ou com salsa de mani, podendo estar acompanhados de carne assada (tipicamente frango, cordeiro, vaca e cabra). A cozinha do Mali varia regionalmente. Clique aqui e saiba mais sobre o Mali.

Neste quadro, a associação Fórum África e o Cineclube Afro Sembene prestam homenagem à independência da República do Mali, com o filme A Vida Sobre A Terra (La Vie Sur Terre), de Abderrahmane Sissako, 1998, no campus da PUC CONSOLAÇÃO, Rua Marquês de Parananguá, 111 - sala 20, seguido de roda de conversa e um chá de confraternização após a exibição. Coordenação: Saddo Ag Almoloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko.

Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.

Sinopse 
Nos últimos dias de 1999, após alguns tiros terem sido disparados em um supermercado francês, Dramane (Abderrahmane Sissako) escreve uma carta para seu pai, que mora em Mali, sua terra natal. Quando viaja de volta para casa ele conhece uma bela jovem, que o faz considerar outros caminhos a seguir. Mas após a passagem de ano nada parece ter mudado na vila, contrastando as dificuldades do local com a modernidade européia.

Ficha técnica do filme
A vida sobre a terra (La vie sur terre)
Gênero: Drama
Diretor: Abderrahmane Sissako
Duração: 61 minutos
Ano de Lançamento: 1998
País de Origem: Mali/Mauritânia/França
Idioma do Áudio: Francês e Bambara
Legenda: Português
Suporte: DVD
Dados completos clique aqui.


Sobre o diretor
Abderrahmane Shami Sissako também conhecido como Dramane Sissako (Kiffa, 13 de outubro de 1961) é um diretor de cinema, cineasta, escritor e produtor mauritano, sendo o cineasta mais ativo da África. 

Nascido em 1961 em Kiffa, logo após seu nascimento a família Sissako emigrou para o Mali, país de seu pai, onde completou parte de sua educação primária e secundária. Em 1983 vai a Moscovo onde estuda cinema no VGIK, instituto federal de estado de cinema. Em 1989 tira o diploma e roda seu primeiro filme Le Jeu, selecionado para a quinzena de diretores do festival de Cannes. Reside e trabalha na França, onde se dedica à carreira de cineasta. Seus principais trabalhos: Le Jeu, 1991, curta-metragem, ficção. O diretor sempre teve a África no coração de seus filmes, o exílio marcou seu cinema como demonstra o brilhante Octobre, média-metragem filmada em Moscovo (1993) ganhador de diversos prêmios, dentre os quais Un certain Regard no Festival de Cannes em 1993. Dirigiu também o curta-metragem Le Chameau et les bâtons flottants (1995). Posteriormente dirigiu o curta-metragem Sabriya (1996), dentro da coleção intitulada pela produtora ARTE de African Dreaming e Rostov-Luanda (1997), (dentro do evento Dokumenta Kassel 97). Possui olhar crítico tanto para a ficção e documentário, como para a política e para a poética, sendo um dos diretores que trata com mais precisão a cerca do continente africano nos últimos anos. Em 1998 ele termina seu longa-metragem de ficção La vie sur terre (A vida sobre a terra). En attendant le bonheur" foi selecionado no Festival de Cannes de 2000 para concorrer na categoria Un Certain Regard. O seu filme chamado Bamako (2006) foi apresentado no Festival de Cannes, fora da competição e conheceu um grande sucesso mediático.

Sissako retornou brevemente para a Mauritânia, a terra de sua mãe, em 1980. Em seguida, partiu para Moscovo, onde estudou cinema na VGIK entre 1983 a 1989. Sissako se estabeleceu na França no início da década de 1990. Além de longas-metragens e curtas-metragens, Sissako atuou no júri do Festival de Angers, em janeiro de 2007, e no júri do Festival de Cannes no final do mesmo ano.

Atualmente trabalha também como ator. Ele atualmente reside em Mali, e faz filmes de cinema verdade, sendo influenciado por Dziga Vertov. Clique aqui para saber mais sobre Sissako.

Serviço:
19/setembro/2015 - 17 horas
A Vida Sobre a Terra (La Vie Sur Terre)
Direção: Abderrahmane Sissako - 1998, drama, 61 minutos.
Local: PUC CONSOLAÇÃO
Rua Marquês de Paranaguá, 111 - sala 20. Travessa Rua da Consolação, próximo ao Mackenzie. Entre metrô República e Paulista.
Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.
Coordenação: Saddo Ag Almoloud, Vanderli Salatiel e Oubí Inaê Kibuko.

Informações
www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com 

Apoio: Cabeças Falantes - Agenda Guilherme Botelho Junior - Quilombhoje.

Compareça e ajude a divulgar!
Cineclube Afro Sembene - Nosso encontro mensal com o cinema africano.

Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.




Thando Hopa decidiu ser linda


“Decidi ser linda”. É assim que a modelo sul-africana Thando Hopa, que é albina, define sua vida atualmente. Depois de sofrer muito preconceito por conta de sua condição, “decidiu” se livrar das amarras e viver a vida que sempre sonhou.
“Desde muito pequena, meus pais se esforçaram para que eu não me sentisse diferente. Mas, infelizmente, quando fui à escola e fui apresentada à sociedade, crianças, em particular, agiam diferente em relação a mim. Me xingavam, não queriam tocar em mim”, explica ela à BBC.
Ainda criança, Thando ouviu diversas barbaridades — entre elas, que era “filha do Diabo” — e passou a se isolar cada vez mais de outras pessoas. Tentou parar de frequentar a escola, mas foi impedida por seus pais. Os dois, então, passaram a ter papeis fundamentais para que ela se aceitasse e conseguisse driblar o preconceito alheio.
Foi na época de universidade que Thando resolveu deixar de lado qualquer julgamento alheio e passou a viver sua vida. Cresceu profissionalmente e conseguiu explorar sua beleza a ponto de se tornar modelo. Hoje, com carreira consolidada, virou referência contra o preconceito. 

Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.