quarta-feira, 23 de março de 2011

Semana de Cinema e Cultura Africana no CEU Lajeado

O Centro Educacional Unificado (CEU) Lajeado, na zona leste de São Paulo, irá realizar a Semana de Cinema e Cultura Africana, em homenagem ao Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes, comemorado em 2011.

    A semana irá contar com a apresentação de filmes do cineasta Sol de Carvalho, um moçambicano que já fez diversos longas e curtas-metragens que abordam a realidade africana, relatando problemas enfrentados por alguns países.

    As apresentações terão início na segunda-feira (21), quando se comemora o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Descriminação Racial, e serão encerradas no dia 25 de março. Os filmes serão exibidos todos os dias, às 19h30, no Teatro CEU Lajeado, e após as sessões serão discutidos os assuntos de cada película, como racismo, exclusão social, educação e corrupção.

    Confira abaixo a lista de filmes exibidos:

    - Rodas de rua
    - Quando o mar bate na rocha
    - Garras e dentes
    - Pregos na cabeça
    - Muhipiti Alima
    - Maria a empregada - após a exibição haverá uma conversa sobre o filme com Vanderli Salatiel, coordenadora do Cine Afro Sembene e Fórum África
    - O jardim do outro homem

    O CEU Lajeado fica na rua Manuel da Mota Coutinho, 293 – Lajeado. Para assistir aos filmes, agende a visita no número 3397 6954.

 

Entrevista com Sol de Carvalho

 por João Teixeira

Num país onde um bilhete de cinema pode custar 10% do salário de um trabalhador, Sol de Carvalho realizou “O Jardim do Outro Homem”, a primeira longa-metragem do cinema Moçambicano em 20 anos. Conta a história de Sofia, uma jovem que se esforça por perseguir o sonho de estudar Medicina, tendo para isso de enfrentar a corrupção e a chantagem de um professor que a obriga a uma relação sexual não-protegida em troca de um resultado positivo num exame. Não sendo necessariamente um filme sobre a SIDA/HIV, “O Jardim do Outro Homem” pretende reflectir sobre a relação entre a cultura e o subdesenvolvimento, nos seus vários aspectos.
Sol de Carvalho nasceu na Beira e persiste em viver e trabalhar em Maputo, sendo este o 3º filme de ficção do cineasta, que lançou igualmente uma curta-metragem intitulada “A Janela” e “Terra Sonâmbula”, este último baseado no romance do escritor moçambicano Mia Couto.
Em entrevista exclusiva a “CulturaPALOPsPortugal.comSol de Carvalho reflecte sobre os vários aspectos da cultura e a sua contribuição para o desenvolvimento, bem como a estética que caracteriza o cinema moçambicano:
“Vejo a cultura de forma bastante diferente que outros, nomeadamente o poder. Por exemplo, estou a trabalhar agora num projecto que envolve o cinema relacionado com a SIDA (AIDS). Temos já um grau de infecção nacional bastante grande, de cerca de 20%, e o problema desse combate, onde eu próprio, como cineasta, também estou envolvido, é nada mais nada menos que o problema da cultura. Tem a ver com a maneira como as pessoas se comportam nos relacionamentos sexuais, familiares, etc. Por este exemplo, pretendo explicar a razão porque entendo a cultura não como um “departamento” do desenvolvimento, mas seria a própria concepção do desenvolvimento. A cultura seria aquilo que poderia indicar as linhas-mestras, os caminhos, criar a base. Infelizmente, nos outros PALOP a situação não é muito diferente. A cultura está muito associada a apenas uma das suas manifestações, que é a arte. Cultura é comportamento humano; a arte é apenas uma parte desse comportamento, a transfiguração do real que fazemos como artistas. Em países acabados de sair da guerra, como Moçambique, Angola, etc., mesmo esse lado da arte infelizmente é ainda muito incipiente. Mas existem manifestações extremamente interessantes e nesses contextos tão adversos; existem erupções tão fortes como a do vulcão da Islândia. Coisas que arrebentam assim de vez em quando, quer no cinema, quer na dança moderna, quer na pintura…”

“O Estado faz, a nível cultural, o papel de preservação – toma mais conta das coisas que são tradição. A nossa função, como artistas, é desbravar os caminhos novos, que não são muito apoiados pelo Estado. Não há apoio à inovação, à pesquisa, à descoberta de novos caminhos”.

“Na nossa ‘desgraçada’ arte do cinema, temos agora muito recentemente a Escola de Cinema. E foi uma geração que vem do tempo do Samora Machel, numa altura em que o país se propunha ser socialista e essas ideias, quando não havia televisão, e o poder tinha a percepção de que precisava de um veículo para comunicar com as pessoas, e esse veículo seria o cinema. Foi criada uma estrutura muito forte, o Instituto Nacional de Cinema, que tinha uma série de equipamentos antigos e que produzia em película. Foi aí que eu e praticamente toda a geração dos cineastas moçambicanos que hoje têm algum nome, nascemos. E esse é o nosso problema. Só agora estamos a começar com uma geração nova, que trabalha com vídeo e faz algumas experiências novas. Devido à forte aposta do Estado de então, essa geração criou também um importante grupo de técnicos. Temos também a vantagem de estarmos ao lado da África do Sul, que tem também bastante equipamento. Por exemplo, Flora Gomes (Guiné-Bissau) está agora a filmar em Moçambique. Há pouco tempo, 3 cineastas dos PALOP participaram num Festival Pan-Africano da Argélia, intitulado “África visto por”, em que convidaram 12 cineastas, entre eles Flora Gomes, Zézé Gamboa (Angola) e eu. E os 3 filmes foram feitos em Moçambique! Flora Gomes voltou a Moçambique e está agora a filmar com Danny Glover. Licínio Azevedo, brasileiro-moçambicano, já está em Moçambique desde 1975, tem prémios de várias partes do mundo, e está também a filmar ficção em Moçambique… Moçambique tem algum peso neste circuito”.

“Mas não conseguimos ainda encontrar a CPLP! Há passos, há caminhos, várias pessoas têm tentado fazer festivais, etc., e espero que o FESTin possa ser um kick-off para isso. É nestes festivais, nas conversas de café, que se tem de começar a falar destas coisas, das co-produções e dos trabalhos… de facto não há maneira de construir cinema da CPLP se não se construir pela base, com estes projectos em conjunto, estas pontes… estamos a lançar alicerces, vamos ver se os blocos ficam lá e a gente consegue construir as pontes”.
“Procuramos sempre encontrar estéticas e maneiras de tratar o cinema que tenham a ver com a nossa realidade. Os temas recorrentes são os da democracia, da pobreza, do desenvolvimento, etc., mas é preciso trabalhá-los no sentido de conseguirmos fazer um filme e não um panfleto político. Nós trabalhamos com recursos locais, em termos de representação. Muitas vezes temos actores no meio da multidão, em que só eles sabem que estão a ser filmados. E isso também cria uma estética própria, uma visão das coisas. Por causa da capulana e das roupas, temos cores de contraste muito fortes, e uma luz dura, muito forte. Isso significa que há uma variedade, uma permanência de cores e de vivências de cores”.

“Mas o argumento principal é que como nós fomos todos formados na mesma altura e acreditámos, numa forma ou outra, nesse projecto de construir uma sociedade socialista e igualitária, todos nós somos cineastas sociais. O primeiro filme de amor do cinema moçambicano pós-independência foi precisamente um filme de 10 minutos que fiz há 4 anos, para ensaiar “A Janela”. Toda a nossa temática foi sempre uma temática social, que é uma característica política, de mensagem, mas também de estética, que envolve certas abordagens. Portanto, há uma aproximação em relação à nossa ficção, que tem a ver com a maneira como pesquisamos a realidade”.

Breve História de Moçambique
A história de Moçambique encontra-se documentada pelo menos a partir do século X, quando um estudioso viajante árabe, Al-Masudi, descreveu uma importante atividade comercial entre as nações da região do Golfo Pérsico e os "Zanj" da "Bilad as Sofala", que incluía grande parte da costa norte e centro do atual Moçambique.

No entanto, vários achados arqueológicos permitem caracterizar a "pré-história" do país (antes da escrita). Provavelmente o evento mais importante dessa pré-história seja a fixação nesta região dos povos bantus que, não só eram agricultores, mas introduziram a metalurgia do ferro, entre os séculos I e IV.

Entre os séculos X e XIX existiram no território que atualmente é Moçambique vários estados bantus, o mais conhecido foi o império dos Mwenemutapas (ou Monomotapa).
A penetração portuguesa em Moçambique, iniciada no início do século XVI, só em 1885 — com a partilha de África pelas potências europeias durante a Conferência de Berlim — se transformou numa ocupação militar, com a submissão total dos estados ali existentes, levando, no início do século XX, a uma verdadeira administração colonial.

Depois de uma guerra de libertação que durou cerca de 10 anos, Moçambique tornou-se independente em 25 de Junho de 1975, na sequência da Revolução dos Cravos, a seguir à qual o governo português assinou com a Frelimo os Acordos de Lusaka. Após a independência, com a denominação de República Popular de Moçambique, foi instituído no país um regime socialista de partido único, cuja base de sustentação política e económica se viria a degradar progressivamente até à abertura feita nos anos de 1986-1987, quando foram assinados acordos com o Banco Mundial e FMI. A abertura do regime foi ditada pela crise económica em que o país se encontrava, pelo desencanto popular com as políticas de cunho socialista e pelas consequências insuportáveis da guerra civil que o país atravessou entre 1976 e 1992.

Na sequência do Acordo Geral de Paz, assinado entre os presidentes de Moçambique e da Renamo, o país assumiu o pluripartidarismo, tendo tido as primeiras eleições com a participação de vários partidos em 1994.

Para além de membro da ONU, da União Africana e da Commonwealth, Moçambique é igualmente membro fundador da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) e, desde 1996, da Organização da Conferência Islâmica. (Para ler texto integral clique aqui)



Descobridor do HIV procura “cura” para SIDA

Maputo, 21 Mar. (AIM) – O prémio Nobel de Medicina, o francês Luc Montagnier, encontra-se em Maputo, capital moçambicana, para apresentar os resultados de uma pesquisa sobre um suplemento alimentar com efeitos “muito positivos” para os doentes de SIDA.
 
Laureado com o Prémio Nobel como reconhecimento à sua descoberta do Vírus de Imunodeficiência Humana (HIV), o professor Montagnier tem estado, nos últimos anos, a investigar o uso de suplementos alimentares benéficos para a prevenção ou combate ao HIV.

O referido trabalho é realizado com a colaboração da “Edge to Edge Global Investiment Limited (E2E)”, uma companhia sul-africana vocacionada á investigação e produção de suplementos alimentares melhorados e, recentemente, desenvolveu um produto com efeitos positivos para os doentes de SIDA.

O cientista francês foi convidado pelo antigo estadista moçambicano, Joaquim Chissano, para falar dos resultados da sua pesquisa durante o segundo encontro do Grupo Livingstone dos Antigos Chefes do Estado e de Governo Africanos, realizado hoje em Maputo. (Para ler texto integral clique aqui)



Fontes: 

Um comentário:

  1. Olá Pessoal , recebi o link por email e estou divulgando no meu facebook. afinal divulgação é tudo . Vida longa a essa iniciativa do forum , e ao trablaho do guerreiro Obi!

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