domingo, 2 de agosto de 2015

“Brasil: DNA África” entra na reta final

“Brasil: DNA África”, produção da Cine Group que se propõe a investigar a origem dos afrodescendentes e a importância dos africanos na construção do Brasil, entra na reta final com gravações em Pernambuco, Minas Gerais, Angola e Moçambique. O projeto conta com cinco episódios de 52 minutos cada um, baseado em três eixos: o histórico, o cultural e o científico.
Ao todo, 150 pessoas de cinco estados brasileiros fizeram testes de DNA para descobrir suas origens. O exame de DNA realizado no programa identifica se a pessoa compartilha a ancestralidade de determinadas etnias africanas. Mais de 220 etnias africanas estão registradas no banco de dados do laboratório responsável pelos testes, o African Ancestry, baseado em Washington, nos Estados Unidos. De cada estado, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco, uma pessoa foi escolhida para visitar seu povo na África.
A série documental busca resgatar laços interrompidos pela escravidão. Inúmeros povos foram escravizados ao longo da história da humidade. Entre os séculos XVI e XIX, mais de 4,8 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil como escravos. Ao todo, 51% da população brasileira se declara negra ou parda, mas a maioria desconhece sua origem.

O diretor-geral de “Brasil: DNA África”, Carlos Alberto Jr., explica que a produção parte do princípio de que a escravidão foi uma ruptura. Para  os afrodescendentes, era praticamente impossível saber a origem de antepassados, que foram capturados em várias regiões da África e levados para outros países como mão de obra. “Com o avanço da tecnologia, essa situação mudou. O teste de DNA permite um rastreamento desse passado”, diz Carlos Alberto Jr.
Ele está envolvido com o projeto desde dezembro de 2013 e revela que entre os 150 participantes há integrantes do movimento negro, profissionais liberais, artistas, acadêmicos e jornalistas.   Muitos incorporaram elementos de determinado por se identificarem com ele, como o consultor do programa Zulu Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria da Cultura do Estado da Bahia. “Ele ficou surpreso com o resultado. O teste mostrou que ele é descendente do povo tikar, mas Zulu Araújo passou a vida achando que era iorubá”, comenta o diretor.
“Eu me considero brasileiro. Não sou africano. Depois de 500 anos, não podemos estar com remorso, culpa e olhar no passado. Temos de construir o presente e o futuro. A diáspora africana precisa se juntar com a África para que a gente possa fazer o nosso renascimento cultural e político”, afirma Zulu Araújo, em um depoimento emocionante que concedeu ao visitar o povo tikar na República do Cameroun.
Mônica Monteiro, CEO do Cine Group, revela que está fascinada com as descobertas feitas pela produção. “Podemos contar história de uma maneira diferente. Além disso, a prova genética de que foram muitos os povos escravizados ajuda a acabar com preconceitos. Temos de ter orgulho da nossa ancestralidade”, declara Mônica Monteiro.
O primeiro episódio da série documental já está pronto. Traz a visita do baiano Zulu Araújo às suas origens. A consultora de moda Juliana Luna, do Rio de Janeiro, também já gravou sua visita à Nigéria. Ela descende do povo iorubá. O jornalista e poeta maranhense Raimundo Garrone também viajou com a equipe do programa para o continente africano. Ele é descendente do povo balanta, da Guiné-Bissau.
Nesta última etapa, o mestre de maracatu Levi da Silva Lima, de Pernambuco, vai descobrir sua origem. Em seguida, será a vez do músico Sérgio Pererê, de Minas Gerais. A Cine Group já está negociando a exibição de “Brasil: DNA África” com um canal pago no Brasil. O projeto entra em pós-produção em setembro. A produção executiva é de Mônica Monteiro e Luciana Pires, com coordenação de produção de Patrícia Monteiro.

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