segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Três Crônicas de Antonio Matabele diretas de Mozambique

Mens sana in corpore sano
António Matabele - Maputo, 19 de Agosto de 2015

Kwame e Kauã, seus netos ainda unigénitos e por isso predilectos, orgulharam-se de mais esta proeza do avô. Ele, no dia 08 de Agosto de 2015, Sábado, correu numa competição de dez quilómetros de distância.

Então os 45 anos de presença física do avô nesta cidade foram celebrados correndo, competindo primeiro consigo próprio e só depois com os restantes 499 atletas inscritos no certame pedestre com o qual as CDM – Cervejas de Moçambique – quiseram celebrar os 20 anos da sua existência.

Por timidez de feitio, o seu avô, às suas raras e pequenas grandes proezas, não costuma dar-lhes publicidade, por isso eles, os netos, prometeram sempre referir-se a esta última em todos os elogios que lhe fizerem, incluído, também, o fúnebre.

O livro é excelente para exercitar o nosso intelecto! Os alimentos fazem muito bem ao corpo! O exercício físico é o cimento que faz a junção de ambos os benefícios, dando origem à máxima da “mens sana in corpore sano” (mente sã em corpo são).

A competição começou, pontualmente, na hora prevista, às 07,30 horas, no Parque dos Continuadores, na Avenida Mao-Tsé-Tung. O trajecto progrediu pela Avenida Julius Nyerere até à Embaixada da China. Virou à esquerda e percorreu parte da Avenida do Zimbábwé. Na Avenida Kim Il Sung, alcançou a Kenneth Kaunda e desta foi só descer a Avenida Joaquim Chissano até à meta final, na fábrica das Cervejas de Moçambique (CDM), no Bairro do Jardim.

Duas imperdoáveis asneiras foram cometidas pelo avô. A primeira, quis competir com os jovens. Estes, de imediato, cansaram-no precocemente. A segunda, esqueceu-se do seu rival permanente interno, a auto-comiseração.

Se não tivesse feito aquelas duas asneiras teria feito todo o percurso a correr, pois tem feito distâncias bem maiores correndo, quando o seu adversário é o próprio.

Mas mesmo assim não ficou de todo mal classificado. Fez a prova, 10 quilómetros, em 65 minutos (6,5 minutos por cada quilómetro). Não fez vergonha. Na lista dos veteranos ficou em 29º lugar. Depois dele, cortaram a meta cerca de 30 atletas de todos os escalões. Havia no global 500 atletas, divididos em Federados, Populares, Veteranos e Trabalhadores das CDM. Dos atletas 55% eram Homens e 45% mulheres. Fez uma corridinha mista. Caminhou 30% e correu 70% do percurso. A organização da prova felicitou-o pelo facto de ter sido o atleta mais velho da prova, 63 anos. O vencedor fez o percurso em 29 minutos (2,9 minutos por cada quilómetro). Foi um “puto” de 18 anos que correu “à pata desarmada de sapato”, completamente descalço e o último fez em 97 minutos (9,7 minutos por cada quilómetro). Uns desistiram pelo caminho e outros apanharam boleia de carro e desceram perto da meta. Foi uma manhã muito divertida.

“A prova foi motivo para competição, porque ganhar é importante, mas constituiu pretexto para um são convívio entre pessoas” (João de Sousa, in “Banha de Cobra”, 12/08/15). Exorta-se a todos que lerem esta prosa para se preparem para outras provas similares que acontecerão brevemente na nossa cidade e País.

Exercitar o corpo é muito bom! Os músculos agradecem! Os pulmões pulam de alegria! O coração, esse, fica forte que nem o da tartaruga, cuja longevidade ultrapassa os 200 anos.
Afinal correr é saúde!

45 anos
António Matabele - Maputo, 12 de Agosto de 2015

De mala às costas, contendo apenas 3 mudas de cada peça da minha modesta indumentária de estudante, a esta capital cheguei, num Sábado às 16,04 horas, do dia 08 de Agosto de 1970.

Viajei num dos Boeing da DETA (Direcção de Exploração dos Transportes Aéreos) dos Caminhos de Ferro de Moçambique. DETA génese da LAM, nossa actual companhia aérea de bandeira.

Passam-se 45 anos, feitos no dia 08/08/2015 que cheguei a Lourenço Marques, cidade fervilhante, mas não híper-povoada nem com tanto dinamismo como a nossa actual Maputo.
À casa de amigos no então Bairro das Lagoas fui morar, ao lado da 4ª. Esquadra da PSP (Polícia de Segurança Pública), actualmente Sexta Esquadra da PRM (Polícia da República de Moçambique), localizada na Avenida Acordos de Lusaka, bem defronte da histórica e lendária Mafalala, multicultural, multiétnica, multitribal, enfim, multitudo até de coisas inconfessáveis.

Uma vez acomodado três coisas procurei: uma Igreja, para a Deus agradecer por aquela graça que me estava concedendo; o Instituto Comercial de Lourenço Marques, para me inscrever aos exames de admissão naquele estabelecimento de ensino; um recinto desportivo, aonde pudesse praticar ginástica e outras actividades desportivas.  
Eu tinha os meus imberbes, acanhados, virginais e imaculados 18 anos de idade. Se a mala vinha semi-vazia de roupas, ela trazia o essencial dos livros das disciplinas nucleares que eu precisava para os exames de acesso ao ex-Instituto Comercial de Lourenço Marques.
Sem ser crendice infundada, corria a fama de os exames em Lourenço Marques serem mais rigorosos que os da sua congénere na Beira. Por isso, naquele ano eu tenha sido quase o único de Nampula a vir enfrentá-los em Lourenço Marques. A hipótese de ir fazer o meu exame à Beira fora descartada porque não tinha aonde me hospedar de graça ou a preço módico. Com efeito, para além de mim para esta cidade vieram apenas o Fernando Souto, o Augusto Vilela e a sua namorada, hoje ainda sua esposa, a Augusta. Este casal tinha dispensado às provas de admissão porque tinha tido boas notas na Escola Secundária em Nampula.

Mas eu vinha pesado de uma intangível carga que era a fé, a esperança, a vontade de vencer misturada com o medo de falhar logo no começo da corrida, ou a meio dela.

Tudo corre bem até hoje, graças a Deus, aos sempre oportunos conselhos dos meus pais e à mulher que Ele me escolheu, que me retrouxe para a verdade, livrando-me do abismo da quase perdição certa que estava em vias de nela resvalar.

Ingressei para o Instituto Comercial por dispensa, às provas orais, com boas notas.

Durante os dois anos de Instituto, que me davam acesso ao Curso de Economia na Universidade, também, graças ao esforço titânico que eu fizera, tive tão boas notas que dispensei ao assim chamado exame de aptidão à Universidade com 18 valores, quando a nota exigida para o efeito era somente de 14 valores. Durante o dia tinha as minhas aulas normais no meu estabelecimento de ensino e à noite ia assistir às aulas das duas disciplinas nucleares de acesso à Universidade, como aluno externo, no ex-Liceu Salazar, cujas instalações faziam meias paredes com as do Instituto Comercial.

Eu estudava com muita garra, quase a raiar à “raiva”, porque tinha medo de não beneficiar de adiamento ao alistamento à tropa, facto que aconteceria se até aos 21 anos de idade eu não fosse já estudante universitário. E ingressei para o ensino superior aos vinte anos de idade, já atrasado porque para além de ter seguido a via do ensino técnico profissional, que tinha mais um ano que o liceal, somava no meu palmarés o atraso de dois anos de reprovação no ensino secundário. Averbei, aos 10 anos de idade, um “chumbo” no primeiro ano do Ciclo Preparatório. Perdi o ano por faltas porque no lugar de assistir às aulas ficava no átrio da escola a jogar a bola. E o outro foi no segundo ano do Curso Geral do Comércio, quando vivi a crise da entrada para a idade dos “teenager”, ou seja, da puberdade aos 13 anos.

Escuso-me a detalhar a tamanha sova que levei da minha mãe em ambas as vezes, dada a sua dupla função de progenitora e de encarregada de educação.

Em Lourenço Marques – no Instituto Comercial e na Faculdade de Economia – fui aluno acima da média. Com o advento da Independência Nacional larguei, temporariamente, os estudos. Nesta etapa da minha vida foram-me extremamente úteis os conselhos da minha mulher e da sua sogra.

Nos primeiros anos em Lourenço Marques vivi a expensas dos meus pais, quando ingressei para a Universidade, em 1972, beneficiei de uma gorda bolsa de estudos e em 1973, ainda estudante, comecei a trabalhar como bancário no ex-Instituto de Crédito de Moçambique, que, após várias metamorfoses, deu origem ao Banco Popular de Desenvolvimento, hoje Barclays Bank de Moçambique.

Perdoem-me por falar de mim mesmo. Mas este passeio nostálgico de revisitação ao meu passado tem um óptimo efeito terapêutico.  

Praia da Costa do Sol
António Matabele - Maputo, 14 de Agosto de 2015

Esta reflexão é dedicada à minha companheira de luta pela vida. Avó dos meus netos. Mãe dos meus filhos. Minha mulher de tantas boas cumplicidades vividas juntos durante estes 41 anos de vida conjugal participativamente intensa. Pelo seu notável desempenho como nora, foi pelos meus tios eleita “Rainha dos Matabele” e que hoje tem a graça de somar pouquinhos 63 anos de idade. Parabéns! Longa Vida com Saúde, Paz e Dinheiro, minha querida amiga Gila, minha família, de facto. Ela já é tão minha família que, por vezes, temo estar a viver com ela em permanente pecado e crime de incesto. 

Quando eu for mais crescido e dotado de sabedoria quase bastante que, algumas vezes, só a idade muito adulta nos confere, gostaria de me dedicar à discussão da educação com os meus netos, filhos e pessoas da minha faixa etária também.

Discussão de aspectos práticos inerentes à educação como conjunto de códigos que permitem a pessoa a melhor coabitar neste vale de prazeres convencionado chamar-se-lhe planeta terra.

Uns, normalmente, pessimistas dizem que a terra é o espaço onde a pessoa sofre e por isso a apelidam de “vale de lágrimas”. Não concordo com esta acepção, porque de alegria o Homem também costuma verter lágrimas. E a nossa passagem por esta terra é tão boa que Deus e a mãe natureza não a eternizaram. Afinal o que é bom acaba depressa.  

Fascinam-me sobremaneira a História, o Meio Ambiente e a Economia. Esta última como machamba na qual encontro parte dos rendimentos para garantir a minha sobrevivência. Por isso, seria sobre estas áreas que gostaria de discutir quando estivesse a experimentar o gozo da terceira idade.
Sem querer, falei de sobrevivência. Esta está cada vez mais difícil à medida que o tempo da pessoa idosa corre para o ocaso. Difícil, por exemplo, porque a dieta da pessoa da terceira idade começa a exigir frugalidade quantitativa e qualitativa e é cara. O assim dito velhote, já não pode comer tudo. E mesmo apesar de muitos cuidados também na esfera alimentar começa a constatar que as doenças iniciam o seu irreversível assédio à sua saúde. A pessoa idosa começa a virar pastagem aonde as doenças vêm, gulosamente, saciar-se!
  Mas voltando ao propósito desta reflexão, que é falar da nossa, novamente, embelezada porque reabilitada, Praia da Costa do Sol, eu gostaria de dizer que as minhas discussões em capítulo de Meio Ambiente teriam como pano de fundo aquele espaço de veraneio da nossa cidade.

Para concretizar este objectivo, desenvolveria, com a ajuda dos “mídia”, uma série de textos e ideias visando a conservação daquela nossa praia em estado de permanente beleza e asseio.

Exortaria, por exemplo, a, uma vez por semana, irmos caminhar na sua areia para enrijecimento muscular, pulmonar e cardiovascular e nas suas águas, agora límpidas, mandar um mergulho.

Lembraria, à laia de propaganda, que a septuagenária Tina Turner, cançonetista afro-norte-americana, por alguns de nós, muito admirada, vivendo na Suíça por se ter casado com um nativo daquele País helvético, mantém aquela esplêndida forma física porque faz caminhadas diárias de duas horas nas areias, imaculadamente límpidas, do Lago Léman. Se mantivermos a nossa Praia limpa e atractiva poderemos tentar idêntica proeza. 
Insistiria que, sem asseio, aquela praia virará a local de contracção de feias e perigosas doenças físicas e até psicológicas e morais.

Pediria que, a todo o custo, fossem travadas as incursões e investidas dos frequentadores do popularmente chamado “calçadão”, que para ali convergem, à alta velocidade, para exibir os seus carros topo de gama, as mega aparelhagens instaladas nas suas viaturas e outras coisas afins e que por ali deambulam mostrando ostentação, a nova namorada, a marca da cerveja ou do “whisky” que sorvem, em espectáculo repugnante que constitui um atentado à moral e aos bons costumes.

Pediria às autoridades municipais para – nem que fosse em regime de PPP (Parceria Pública Privada) – criar condições de nesta nossa praia termos um sistema de segurança eficiente contra os desastres humanos no mar; os amigos do alheio; os que atentassem contra o pudor público. Tivéssemos balneários e casas de banho sempre limpos; quiosques e barracas com limpeza, ordem e higiene; equipamentos para ginástica localizada (barra fixa); mini-campos para a prática de desportos; recipientes profusamente distribuídos para recolha de lixos biodegradáveis e sólidos como garrafas, caixas e plásticos. Enfim, tudo para fazer da nossa Praia uma réplica das melhores praias do mundo e um lugar que levará as pessoas a procurarem-no como sendo de visita obrigatória para entretenimento e cura preventiva ao “stress” e outras doenças de índole psicossomática.

Lembraria que outro aspecto que as autoridades não poderiam nem deveriam deixar progredir é a tendência, crescente, de algumas confissões religiosas transformarem a nossa praia num imenso local de culto: cânticos, danças, gritarias, rituais esquisitos e orações religiosos. Algumas vezes é incluída a prática do sacrifício de aves (galinhas brancas e patos) e animais quadrúpedes de pequeno porte: cabritos, coelhos, porcos e até cães.

Se esta situação continuar a desenvolver-se no caminho que parece estar a tomar, a praia virará a lugar de culto não ecuménico e a sua função de espaço de recreação e lazer ficará apenas uma miragem. 

Minhas respeitáveis e meus simpáticos co-munícipes, esforcemo-nos individual e colectivamente para que a nossa Praia da Costa do Sol seja uma agradável sala de lazer e de prazeres lúdicos da nossa linda cidade de Maputo.

sábado, 8 de agosto de 2015

Cineclube Afro Sembene e Fórum África exibem o filme Selma e prestam homenagem à independência de países africanos ocorridas em agosto e ao Dia dos Pais.





Dia 15/08, sábado, excepcionalmente às 17 horas, Cineclube Afro Sembene e Fórum África exibem o filme Selma – Uma luta pela igualdade, em homenagem à independência de paises africanos ocorridas em agosto e ao Dia dos Pais. Convide seus familiares, amigos, alunos, vizinhos, colegas de trabalho e venha fazer parte desta marcha.

Para o segundo domingo de agosto, Dia dos Pais, os convites e opções são muitas: passeios, caminhadas, piqueniques, almoços, presentes, conversas, mensagens, carinhos, planos, perspectivas. Segundo Cunha Matos “A África também nos civilizou”. Por isso, o mês de agosto marca também a independência de alguns países africanos: Benin, Niger, Jamaica, Chade, Trindade e Tobago, Costa do Marfim e Libéria. Cujos processos para tornaram-se independentes merecem ser conhecidos, debatidos, divulgados. Vale lembrar: pai não é só o pai biológico. Pai é todo aquele que se preocupa e gosta da gente, cuida, conversa, repreende, orienta, dá carinho, apoio, amizade e está sempre do nosso lado. Tanto que às vezes quem ganha homenagens é o padrasto, o padrinho, o tio, o irmão, um amigo da família, uma liderança notável.

Já dizia o bispo sul-africano Desmond Tutu: Não estamos lutando pela liberdade das pessoas negras, mas liberdade dos brancos. Porque, quando você é o opressor, você é a pessoa escravizada, desumanizada por si mesmo”. Neste contexto, todo pai (incluindo mãe – é expressivo o número de mulheres chefes de família) que se preza, almeja e busca empreender a seu modo ou de forma coletiva, uma vida e um futuro melhor para si e para os seus filhos. E por extensão ao meio ou país onde vivem e viverão. Tanto que um grande pai certa vez disse: "Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter". O sonho deste pai continua aceso tanto em pais célebres quanto anônimos. Martin Luther King Junior deixou de ser singular para ser plural, a exemplo de Zumbi, Rainha Nzinga, Mandela, Rosa Parks, Luis Gama, Luisa Mahin, Steve Biko, Malcon X, Yaa Asantewaa, Gandhi, Elizabeth Eckford, Che Guevara, dentre outros e outras que se empenharam por um mundo mais justo e mais humano. Nossos agradecimentos pelas referências que nos deram, pelos ensinamentos que permanecem nos dando. 

A luta dos negros no mundo continua. Avanços têm ocorrido, mas ainda há muito por fazer. Seja pela família, seja pela nação, seja pelo continente, seja pela humanidade. Para que seus filhos e filhas sejam cidadãos e cidadãs responsáveis, respeitáveis, auto-suficientes. É com este propósito que o Cineclube Afro Sembene e a associação Fórum África exibem Selma – Uma luta pela igualdade, filme de Ava DuVernay, seguido de roda de conversa, no campus da PUC Consolação, dia 15 de agosto, excepcionalmente às 17 horas, Rua Marquês de Paranaguá nº 111, sala 20. Coordenação: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almoloud e Oubí Inaê Kibuko. 

Filme: Selma – Uma luta pela igualdade
Direção de: Ava DuVernay.
Sinopse: Em 1964, enquanto Martin Luther King Jr. recebe seu Nobel da Paz, diversos afro-americanos, como Annie Lee Cooper de Selma, ainda não têm acesso a inscrição nos cadernos eleitorais. Para garantir o direito de voto para todos os afro-americanos, Martin Luther King então reúne-se com o Presidente Lyndon B. Johnson, para que ele possa criar uma lei que proteja os negros que querem votar. Martin, em seguida, vai para Selma, no interior do Alabama, com Ralph Abernathy, Andrew Young e Diane Nash. Lá eles encontram vários ativistas da Conferência da Liderança Cristã do Sul (SCLC). Como Martin Luther King se torna importante, John Edgar Hoover tenta convencer o presidente Johnson para monitorar e prejudicar ainda mais seu casamento com Coretta King. Como as tensões vão aumentando, King e seus sócios decidem realizar as Marchas de Selma a Montgomery, enfrentando a violência das forças policiais locais, liderados pelo xerife Jim Clark e o Governador George Wallace.
Duração: 128 minutos

Segundo observação de Bruno Carmelo ao filme: "O pastor protestante Martin Luther King lutava pelo direito das minorias, pela redução das desigualdades, pela retirada de privilégios da elite. Esta é uma boa luta, ainda mantida por parte das comunidades cristãs. Mas nos tempos conservadores atuais, com tantos políticos fazendo da religião uma política, é interessante ver um homem que optou pelo caminho contrário, fazendo da política uma religião”.

Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.

Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com 
www.tamboresfalantes.blogspot.com.br 
Realização: Fórum África 
Apoio: Cabeças Falantes, Agenda Guilherme Botelho Junior, Quilombhoje
Cineclube Afro Sembene: Nosso encontro mensal com o cinema africano.
Compareça e ajude a divulgar.

Serviço
Quando: 15/agosto/2015 – sábado.
Horário: 17 horas.
Local: PUC Campus Consolação. Rua Marquês de Paranaguá nº 111, sala 20, travessa Rua da Consolação, em frente ao Mackenzie.
O que: Fórum África e Cineclube Afro Sembene exibem o filme Selma – cinebiografia de Martin Luther King, dirigido por Ava DuVernay e prestam homenagem à independência do Benin, Niger, Jamaica, Chade, Trindade e Tobago, Costa do Marfim, Libéria e ao Dia dos Pais.
Ingresso: Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 quilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.
Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com - www.tamboresfalantes.blogspot.com.br 
Coordenação: Vanderli Salatiel, Saddo Ag Almoloud e Oubí Inaê Kibuko.
Realização: Fórum África 
Apoio: Cabeças Falantes, Agenda Guilherme Botelho Junior e Quilombhoje

Cineclube Afro Sembene: Nosso encontro mensal com o cinema africano.

Compareça e ajude a divulgar.

Texto, pesquisa, postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.

domingo, 2 de agosto de 2015

Agenda Guilherme Botelho Junior - agosto/2015

DESISTIR JAMAIS - CARTA MENSAGEM DO VIII CONENC



Irmãos e irmãs,

Nós da Pastoral Afro Brasileira realizamos o VIII Congresso Nacional das Entidades Negras Católicas, na Cidade de Duque de Caxias, no Estado do Rio de Janeiro, nos dias 16,17,18 e 19 de julho de 2015, refletindo o tema: Profetismo: Construir uma sociedade Justa e Solidária, sob o Lema: “Chamei você para o serviço da Justiça” (Is 42,6).

Queremos, após refletirmos sobre nossa missão e responsabilidade profética, nos colocar a serviço da Justiça e das lutas de negros e negras, testemunhando a nossa identidade e animar a todos e todas para o exercício da plena cidadania e o direito a vida.

Encorajados pela Palavra de Deus, reafirmamos o nosso compromisso de abertura na perspectiva de ampliação do diálogo inter-religioso.

Acreditamos que as Ações Afirmativas na garantia de direitos fundamentais asseguram a dignidade da pessoa humana e se constituem como caminhos para que a justiça e a igualdade cheguem aos mais necessitados, de maneira particular a juventude.

Queremos afirmar o respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente(ECA), no que se refere a proteção integral da criança e do adolescente na questão da Maioridade . Diante do cenário da cultura moderna, apoiamos as Políticas Públicas a favor da comunidade negra e ressaltamos que se faz urgente uma prática cidadã, que acompanhe tais políticas para que se reverta esse quadro de violência. É necessário que os conselhos de direitos façam de fato o controle social com recorte étnico racial.

O nosso compromisso para a promoção da Igualdade Racial esta fundamentado na missão libertadora de Jesus Cristo. Assim podemos contribuir para uma sociedade de paz e justiça e que realmente nossa Igreja seja de Saída, como propõe o Papa Francisco.

Desejamos parabenizar e agradecer a todos e todas que participaram ativamente deste VIII CONENC, congresso este, rico na partilha de experiências e fortalecimento para a caminhada.

Agradecemos a Assessoria Nacional, a Diocese de Duque de Caxias, na pessoa do Bispo Dom Tarcísio Nascentes dos Santos, pelo empenho e dedicação, ao Bispo referencial da pastoral Afro Brasileira, Dom Zanoni Demettino Castro, e ao coordenador nacional Padre Jurandyr Azevedo Araujo, Comissão Organizadora formada pelas diversas Dioceses do Estado do Rio de Janeiro, pelo trabalho na construção do Congresso. Agradecemos também as parcerias com as diferentes Instituições, em particular a Prefeitura Municipal de Duque de Caxias.

Coordenação Nacional da PAB e Comissão Executiva do VIII CONENC.

Duque de Caxias, 19 de Julho de 2015.

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MEMÓRIA DO MÊS

DIA 10 – Em 1991 morreu Pe. Batista, fundador do INSTITUTO DO Negro que leva seu nome e dos Agentes de Pastoral Negros (APNs)

DIA 12 – Em 1798 a Revolto dos Búzios, conjurados baianos conhecidos como a Revolta dos Alfaiates

DIA 14 – Em 1986 morreu a Ialorixá MÃE MENININHA DO GANTOIS

DIA 15 – Em 1960, Independência do CONGO

DIA 16 – em 2008 – Morre Adalberto Camargo – deputado federal negro

DIA 23 – Em 1791, revolta e libertação do HAITI

DIA 23 – Dia Internacional de memória do tráfico de escravos e sua abolição

DIA 24 – Em 1977, foi realizado o Congresso de Cultura Negra das Américas na Colômbia

DIA 24 – Em 1882 morreu LUIS GAMA

DIA 29 – em 2012 – Sancionada a Lei 12.711-12, que institui o sistema de Cotas raciais e sociais para ingresso nas universidades

DIA 31 – Em 2001 foi realizada na África do Sul a conferência de Durban

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C  A  L  E  N  D  Á  R  I  O

Não deixe vago o seu lugar!

FESTÃO DO MÊS DE AGOSTO

A partir de 01 de agosto, todos os finais de semana até o dia 30,

Não perca a suntuosa e maravilhosa 89ª festa de

Nossa Senhora Achiropita da comunidade Orionita

Santuário gastronômico, cuja renda é destinada para manutenção

Das Obras Sociais Achiropita

Local: Paróquia de Nossa Senhora Achiropita

Rua 13 de maio; Rua Luiz Barreto; Rua São Vicente

Bairro da Bela Vista – Bixiga

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DO DIA 01 até 06

Secular ROMARIA DE BOM JESUS DA LAPA

A cidade de Bom Jesus da Lapa concentra a terceira maior romaria do Brasil, conhecida como Romaria do Bom Jesus, atrai milhares de fiéis.

Local: Bom Jesus da Lapa – Bahia

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DIA 02 às 10H

Celebração no Rito Romano Inculturado em Estilo Afrobrasileiro

CELEBRAÇÃO AFRO

Realização: Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Freguesia de Penha de França

Local: Centenária Capela de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Freguesia de Penha de França

Largo do Rosário s/n° - Bairro da Penha

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DIA 02 às 11H

Missa Solene em Ação de Graças aos Venerandos membros da Irmandade

Realização: Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio Janeiro (1640)

Local: Santuário de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito

Rua Uruguaiana n° 77 – estação Uruguaiana do Metrô – RJ

Visite o museu do Negro no mesmo local

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DIAS 06 A 08

I CONGRESSO DE PESQUISADORES NEGR@S DA REGIÃO SUDESTE

local: UFRRJ / Nova Iguaçu - Rio de Janeiro

info: www.copenesudeste.blogspot.com

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DIAS 07 a 09

PLENÁRIA NACIONAL DA UNEGRO

info: mmjulio2000@yahoo.com.br

jeronimosilvajunior@gmailcom

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DIA 08 às 07H

I CONFERÊNCIA DA IGUALDADE RACIAL

local: Câmara Municipal de Juatuba - Minas Gerais

info: www.juatuba.mg.gov.br

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DIA 08 às 09H

SEMINÁRIO TEOLÓGICO: A CONSCIÊNCIA MÍTICA PARA MELHOR QUALIDADE DE VIDA

local: Centro de Tradições Afrobrasileira

Rua Drumont n° 65 - Olaria/RJ

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DIA 08

MINICURSO: LITERATURA NEGRA - BRASILEIRA

inscrição: até o dia 08/08

contato: contatociclocontinuo@gmail.com

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DIAS 12 & 19 às 14H

OFICINA: MULHERES INCRIVEIS: Olhares e Vozes

Local: Museu de Artes do Rio de Janeiro – Praça Maua

Rio de Janeiro / RJ

Inscrição: anc@pretosnovos.com.br – (21) 2516-7089

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DIAS 13 a 16

XVIII ENCONTRO NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS

Belo Horizonte - Minas Gerais

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DIA 15 às 17H

CINECLUBE AFRO SEMBENE E COJIRA

Mostra de cinema Africano e Afrobrasileiro

Realização: FÓRUM ÁFRICA

LOCAL: PUC CONSOLAÇÃO

Rua Marques de Paranaguá n° 111 – próximo ao Mackenzie

Apoio: SJSP – COJIRA – Casa das áfricas – Cabeças Falantes

C A T R A C A    L I V R E

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DIA 16

XVII CAMINHADA AZOANY

local: Bairro do Pelorinho - Salvador - Bahia

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DIA 16 às 10H

Celebração de Ação de Graças em louvor e Glória do padroeiro São Benedito

Realização: Irmandade de São Benedito da Praia Grande e São Paulo

Local: Paróquia de Santa Ifigênia

Largo de Santa Ifigênia s/n° - Centro – São Paulo

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DIA 21 às 19H

BATUQUE MATRIARCAL

Realização: Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro

Local: Santuário de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito

Espaço Cultural do Beco do Rosário

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DIA 22 às 19H

FESTA DA PADROEIRA NOSSA SENHORA DO RETIRO

Missa no Rito Romano Inculturada em Estilo Afrobrasileira

Realização: Pastoral Afrobrasileira da Região Episcopal Brasilândia

Local: Rua Domingos Moreira n° 424

Vila Mirante

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DIA 24 às 15H

III MARCHA INTERNACIONAL CONTRA O GENOCÍDIO DO POVO NEGRO

Tema: Reaja ou será mort@

Local: Pelorinho – Salvador/Bahia

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DIAS 28 & 29

AFROFEST SANTO AMARO – África hoje

Um final de semana de cultura & Artes Africanas e Afrobras, com música, gastronomia, dança, cinema, oficinas, palestras, artesanatos etc

Realização: Associação Africana do Brasil

Local: Praça Floriano Peixoto – Largo 13

Santo Amaro - São Paulo/SP

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DIA 30 às 14H

ENCOTRO DE MULHERES DE ARARAS / SP

Local: Clube Ararense

Contato: 9.9798-1211

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“Brasil: DNA África” entra na reta final

“Brasil: DNA África”, produção da Cine Group que se propõe a investigar a origem dos afrodescendentes e a importância dos africanos na construção do Brasil, entra na reta final com gravações em Pernambuco, Minas Gerais, Angola e Moçambique. O projeto conta com cinco episódios de 52 minutos cada um, baseado em três eixos: o histórico, o cultural e o científico.
Ao todo, 150 pessoas de cinco estados brasileiros fizeram testes de DNA para descobrir suas origens. O exame de DNA realizado no programa identifica se a pessoa compartilha a ancestralidade de determinadas etnias africanas. Mais de 220 etnias africanas estão registradas no banco de dados do laboratório responsável pelos testes, o African Ancestry, baseado em Washington, nos Estados Unidos. De cada estado, Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Minas Gerais e Pernambuco, uma pessoa foi escolhida para visitar seu povo na África.
A série documental busca resgatar laços interrompidos pela escravidão. Inúmeros povos foram escravizados ao longo da história da humidade. Entre os séculos XVI e XIX, mais de 4,8 milhões de africanos foram trazidos para o Brasil como escravos. Ao todo, 51% da população brasileira se declara negra ou parda, mas a maioria desconhece sua origem.

O diretor-geral de “Brasil: DNA África”, Carlos Alberto Jr., explica que a produção parte do princípio de que a escravidão foi uma ruptura. Para  os afrodescendentes, era praticamente impossível saber a origem de antepassados, que foram capturados em várias regiões da África e levados para outros países como mão de obra. “Com o avanço da tecnologia, essa situação mudou. O teste de DNA permite um rastreamento desse passado”, diz Carlos Alberto Jr.
Ele está envolvido com o projeto desde dezembro de 2013 e revela que entre os 150 participantes há integrantes do movimento negro, profissionais liberais, artistas, acadêmicos e jornalistas.   Muitos incorporaram elementos de determinado por se identificarem com ele, como o consultor do programa Zulu Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon, vinculada à Secretaria da Cultura do Estado da Bahia. “Ele ficou surpreso com o resultado. O teste mostrou que ele é descendente do povo tikar, mas Zulu Araújo passou a vida achando que era iorubá”, comenta o diretor.
“Eu me considero brasileiro. Não sou africano. Depois de 500 anos, não podemos estar com remorso, culpa e olhar no passado. Temos de construir o presente e o futuro. A diáspora africana precisa se juntar com a África para que a gente possa fazer o nosso renascimento cultural e político”, afirma Zulu Araújo, em um depoimento emocionante que concedeu ao visitar o povo tikar na República do Cameroun.
Mônica Monteiro, CEO do Cine Group, revela que está fascinada com as descobertas feitas pela produção. “Podemos contar história de uma maneira diferente. Além disso, a prova genética de que foram muitos os povos escravizados ajuda a acabar com preconceitos. Temos de ter orgulho da nossa ancestralidade”, declara Mônica Monteiro.
O primeiro episódio da série documental já está pronto. Traz a visita do baiano Zulu Araújo às suas origens. A consultora de moda Juliana Luna, do Rio de Janeiro, também já gravou sua visita à Nigéria. Ela descende do povo iorubá. O jornalista e poeta maranhense Raimundo Garrone também viajou com a equipe do programa para o continente africano. Ele é descendente do povo balanta, da Guiné-Bissau.
Nesta última etapa, o mestre de maracatu Levi da Silva Lima, de Pernambuco, vai descobrir sua origem. Em seguida, será a vez do músico Sérgio Pererê, de Minas Gerais. A Cine Group já está negociando a exibição de “Brasil: DNA África” com um canal pago no Brasil. O projeto entra em pós-produção em setembro. A produção executiva é de Mônica Monteiro e Luciana Pires, com coordenação de produção de Patrícia Monteiro.

Ciclo de Cinema Africano entra na programação da TV Brasil a partir desta segunda (3/8)



TV Brasil estreia o Ciclo de Cinema Africano nesta segunda-feira, 3 de agosto de 2015. Nesta nova sessão, a emissora reúne cinco produções sobre países da África como Angola, Senegal, Nigéria e Moçambique. A faixa sobre a sétima arte africana vai ao ar sempre às 23 horas até a sexta-feira, 7 de agosto.

Confira a programação completa de filmes do Ciclo de Cinema Africano na TV Brasil

Data: 03/08 (segunda-feira), às 23h

Data: 04/08 (terça-feira), às 23h

Data: 05/08 (quarta-feira), às 23h

Ezra
Data: 06/08 (quinta-feira), às 23h

Data: 07/08 (sexta-feira), às 23h

Clique aqui para saber mais sobre esta programação.

sábado, 25 de julho de 2015

Três Crônicas de Antonio Matabele diretas de Mozambique


Rotina
Maputo, 31 de Julho de 2015

Não é costume a dona de casa atrasar o almoço! O normal é ela tê-lo pronto antes de a família chegar. Aliás, quase sempre, é esta que se atrasa a chegar para almoçar.

Esta pontualidade tempestiva da mulher na observância da hora da conclusão do almoço não sucede por mero acaso. A mulher cumpre as rotinas domésticas. Ela não anda improvisando nada ao longo da manhã. As tarefas de casa programadas na sua cabeça são concretizadas em sequência costumeira, quotidianamente, de A a Z.

A mulher tem inúmeras tarefas a concretizar com excelente qualidade desde o nascer do sol até que este se ponha. Tem horas para lavar as crianças, dar-lhes o matabicho, e enquanto estas comem, prepara-lhes o lanche para a escola, depois arruma a casa, lava a loiça e enfim, a mulher desmultiplica-se como se tivesse milhares de mãos para tanta tarefa executar em tão curto espaço de tempo.
A mulher é uma excelente gestora da economia doméstica. Neste espaço ela cuida com esmero a educação, saúde, higiene física e psicológica de toda a família. Ela inventa forças e tempo para ser heroína em matéria de guardiã do património familiar. Por vezes reinventa o episódio bíblico da multiplicação dos peixes, quando do magro salário do marido consegue alimentar e vestir a família todos os trinta dias do mês. 

Aliás, se formos a ver que, etimologicamente, a palavra Economia – Oikos (casa) e Nomos (regras) - que é de origem grega e quer dizer as regras de gestão da casa, não há razão para nos espantarmos deste génio de administração criativa existente na dona de casa. 

O sucesso da mulher está também ligado ao cumprimento escrupuloso da rotina. A mulher é, no bom sentido da palavra, escrava da rotina. Mas rotina disciplinadora, dinâmica e construtiva. A mulher evita agir sem programa. Ela é alérgica à improvisação, como regra geral de viver e estar. Se necessário e para salvar o pior, ela lança mão, excepcionalmente, à improvisação. 

A rotina é o caminho já trilhado ou sabido. É uma prática constante de uso geral. É o hábito salutar de fazer uma coisa sempre do mesmo modo. As modernas fábricas de automóveis aperfeiçoam, tecnologicamente, a rotina de fazer um carro. Não abandonam a rotina. Melhoram-na. Modernizam-na.
Entenda-se por rotina aquela actividade que tem que ser feita sempre da mesma forma e obedecendo a um ritual imutável no espaço geográfico e temporal. Quando o Padre se aparamenta, formalmente, para celebrar a missa e inicia-a sempre da mesma forma com o clássico “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, está cumprindo uma rotina que vem dos primórdios da Igreja Cristã. Quando o soldado corneteiro todas as madrugadas dá o toque para acordar os soldados cumpre uma rotina tão antiga como o próprio exército.

Ao longo da História da Humanidade há 3 instituições que não desaparecem e resistem aos vários cataclismos políticos, sociais e até militares porque são obedientes à prática da rotina que as caracterizam. São elas: a família formada por pessoas com os mesmos laços de consanguinidade; a família eclesiástica, ou seja, a Igreja; e a família castrense, isto é, o exército.
Portanto, as famílias consanguíneas, a eclesiástica e a castrense são historicamente sobreviventes aos efeitos erosivos da História, dos Homens e da Natureza porque se alicerçam também na rotina.
Mas não assumamos a rotina na sua acepção conservadora, reaccionária e refractária ao progresso dialéctico e materialista da roda da História que nunca anda para a retaguarda, tal como a corrente de um rio jamais molha o mesmo lugar duas vezes.

Queremos referir-nos à rotina que é propulsora de avanços porque se baseia na disciplina dinâmica, organizada e que coloca os processos em carris seguros.

Ora, mudando o que houver a mudar, os Governos de todo o mundo deveriam inspirar-se nas mulheres donas de casa – que gozam do condão de, raramente, atrasarem o almoço - para que cumpram durante a vigência do seu mandato, todas as promessas eleitorais feitas e que mobilizaram o povo a votar neles.

Oferta
Maputo, 10 de Julho de 2015

Numa das primeiras aulas de Economia na Faculdade do mesmo nome na então Universidade de Lourenço Marques, em 1972, o Professor Doutor Manuel Vaz, com acentuados traços somáticos e pronúncia de saloio minhoto, mas exímio economista, homem dotado de excelsos dotes pedagógicos, contou-nos que na sua terra natal, havia dois vizinhos muito amigos. Um tinha a sua casa ricamente mobilada, possuía gado bovino, caprino, suíno e equino, machambas de vários produtos e a sua dispensa estava sempre bem aprovisionada de víveres alimentícios para um ano de reserva. O outro, tinha pouco património e padecia de inúmeras carências para satisfazer as suas necessidades básicas, passava a vida a pedir emprestado dinheiro e os seus filhos não trabalhavam.

Ambos os amigos decidiram viajar por longo tempo. Colocou-se-lhes, entretanto, o problema de levarem consigo o seu património, dado que seria arriscado deixarem-no abandonado. Como solução prática acordaram inventar um meio de, comodamente, transportarem o seu património nas suas algibeiras. Mas como é que, por mais minúsculos que fossem todos os itens que constituíam os respectivos patrimónios, poderiam caber numa algibeira? 

Então inventaram um objecto, comodamente transportável, cujo valor intrínseco representasse o universo dos respectivos patrimónios. Convencionaram cada um criar uma moeda cujo valor fosse igual ao respectivo património. Assim, partiram sossegados porque cada levava consigo no bolso todo o seu património.

No fim o nosso professor perguntou-nos: Acham que as moedas de cada um dos amigos tinham valores idênticos? Acham que o poder de compra de cada uma delas era o mesmo? Acham que quando chegassem aos seus destinos, ambos teriam o mesmo poder de trocar as suas moedas com as dos locais visitados?

A nossa resposta foi que a moeda representativa do património do primeiro vizinho era mais forte porque ela representava e tinha dentro de si mais riqueza, mais bens, em suma, mais valor intrínseco. Enquanto a outra era fraca porque dentro de si havia pouco património de baixo valor global.

Afinal o que torna uma moeda forte ou fraca é a quantidade de património que ela representa. Por património queremos, de forma simples, sumarizar a quantidade de produtos e serviços existentes numa economia durante determinado período de tempo. Se assim quisermos poderíamos dizer que é a quantidade da Oferta (S) disponível no País num determinado período de tempo, normalmente, um ano. 

Por isso, nunca será somente por medidas de índole meramente macro-económicas ou administrativas do Governo que o valor da moeda aumenta.

A via privilegiada de fazer aumentar o valor da moeda é apostando, através da adopção, pelo Governo, de políticas e medidas macro-económicas e administrativas que, uma vez aplicadas no terreno pelos agentes económicos, se traduzam no aumento da Oferta Global Nacional. Se a dispensa nacional estiver desprovida de bens a moeda enfraquecerá! Se a produção nacional de bens e serviços não aumentar o valor da moeda cai! Se o nosso País continuar a importar mais do que exporta, o nosso Metical desvaloriza! Se a força produtiva principal do nosso País – o Homem - continuar desaproveitada (padecendo de índices elevados de desemprego), não dando, consequentemente, o seu contributo válido para o aumento da produção, a nossa moeda perderá o seu valor intrínseco! Se nós passarmos a vida a pedir emprestado dinheiro aos vizinhos, acima da nossa real capacidade de endividamento, para nos abastecermos de coisas não imediatamente geradoras de produtos e serviços que aumentem a oferta global nacional, a nossa moeda cai!

Sem pretender avançar um veredicto conclusivo, atrevo-me a sugerir que, a par da continuação da adopção das medidas macro-económicas e administrativas em curso, aumentemos a nossa produtividade e, consequentemente, a nossa produção para que a nossa Oferta Global Nacional também aumente de maneira a satisfazermos a Procura Global (Consumo Interno e Exportação), e, deste modo, veremos como o nosso Metical ficará, tendencialmente, mais forte, apesar da tão propalada crise económica e financeira internacional, que grassa o nosso mundo cada vez mais globalizado desde 2008. 

Priorização
Maputo, 08 de Julho de 2015

Em 1978, o mui confuso e desorganizado, mas inteligente, Professor Doutor Luís Mota de Castro, ensinou-nos na Disciplina de Investigação Operacional, na Faculdade de Economia da Universidade Eduardo Mondlane, que para construirmos um avião por um lado, obviamente, teríamos que começar. Teríamos que, ante a multiplicidade de possíveis caminhos, privilegiar um como sendo o primeiro. Tentar fazer tudo em simultâneo não é acto sensato nem de boa sabedoria. É virtuoso sabermos se começamos a construir o avião pela roda ou pela asa. Nunca deveríamos tentar iniciar a sua construção pegando simultaneamente em todas as inúmeras partes componentes de uma aeronave.

Assim ele aconselhava-nos, prudencialmente, a fazermos um PERT-CPM (Program Evaluationand Review Technique – Critical Path Method), mediante o qual deveríamos definir, com a maior objectividade e exactidão possível, as prioridades decisivas para o começo da implementação da sua construção organizada e planificada, sem gerar desperdícios humanos, de material nem tão pouco de tempo, por se tratarem de uma trindade de recursos escassos, caros e não renováveis.

O PERT, tecnicamente, é o cálculo a partir da média ponderada de 3 durações possíveis de uma actividade (optimista, mais provável e pessimista). CPM, é um método de apuração do caminho crítico, dada uma sequência de actividades. Isto é, quais as actividades de uma sequência que não podem sofrer alteração de duração sem que isso reflicta na duração total de um projecto. Desta maneira, classificando-os em função do tratamento, a rede PERT é probabilística e o CPM é determinístico.
Mudando o que houver a mudar, poderíamos forçar a semelhança do nosso País a um avião que precisa de levantar, com segurança e depressa, o voo rumo ao desenvolvimento económico e social e que durante o seu trajecto, em velocidade cruzeiro, eliminará, paulatinamente, a pobreza.

Moçambique – ante tantos e complicados desafios que terá que resolver – obriga-nos, a todos nós, em geral, e aos nossos mandatários, em especial – o Estado e o seu braço executivo, o Governo – a termos que definir prioridades dentro da vasta panóplia de assuntos prioritários que temos que equacionar e implementar exitosamente, porque o Povo, que é o nosso único patrão e “até do Presidente da República” já não pode esperar por mais tempo sofrendo dos padecimentos causados pelo subdesenvolvimento na sua qualidade de vida.

A terra, com os seus incomensuráveis recursos, é de todos nós e temos o direito de, mediante o seu equitativo usufruto, sermos felizes.

Ao compulsarmos com o cuidado que o documento requer, o discurso de tomada de posse de Sua Excelência o Presidente da República, proferido à Nação a 15 de Janeiro de 2015 e cruzando-o com o conteúdo do Programa Quinquenal do Governo (PQG) e do Plano Económico e Social (PES), constatamos que tudo é importante fazer muito bem e depressa para que Moçambique se liberte das grilhetas do subdesenvolvimento.

No rol da quase interminável lista do que teremos que realizar, soa-me oportuno priorizar aquelas actividades cujo impacto imediato se traduzam na melhoria da qualidade de vida do Homem, da Pessoa de Moçambique.

Assim sendo, numa tentativa de elencar as actividades mais importantes a serem, urgentemente, priorizadas pontuam as seguintes: a) água – potável para o Homem e em condições óptimas para as actividades pecuária, agricultura, indústria, etc; b) comida – as pessoas precisam de comer alimentos provenientes da vasta terra arável de que Moçambique, País agrário, por excelência, dispõe; c) educação –um povo educado sabe defender a sua soberania e educação de qualidade facultada ao Povo é património que ninguém nos roubará e permitir-nos-á levar de vencida muitos outros desafios; d) saúde – através de uma cobertura nacional eficaz de unidades sanitárias profilácticas, privilegiando a medicina preventiva, deveremos fazer o controle da incidência das doenças endémicas perenes que, normalmente, enfraquecem o povo e os cofres do Estado, que é obrigado a comprar medicamentos, alguns deles de efeitos paliativos dada a gravidade das enfermidades, quando apenas se cuida da medicina curativa, mais cara e, nem sempre, eficaz; d) vias de comunicação - as estradas terciárias, ou vicinais, ou as picadas facilitarão a circulação de pessoas e bens durante todo o ano; e) comercialização – as comunicações e as estradas, os silos rurais e os armazéns distritais, as lojas, as cooperativas de comercialização, as cantinas e até barracas devem estar em condições de o Povo comercializar os seus produtos de modo organizado durante todo o ano; f) energia – o nosso país tem condições naturais para fornecer energia limpa, amiga do ambiente e renovável ao Povo durante todo o ano e assim pouparíamos uma grande percentagem da nossa floresta, que é eliminada para busca de combustível lenhoso para aquecimento e confecção de alimentos e, por outro lado, uma boa parte nocturna das 24 horas do dia passarão a ser aproveitadas para a realização de muitas actividades de rendimento; g) habitação condigna – viver em condições mínimas de higiene e conforto é um dos grandes desafios que levou o Homem a trocar as cavernas jurássicas pela casa dos nossos dias, por isso é importante que melhoremos as condições de habitação do nosso povo.

Com uma aproximada priorização deste jaez, sem “confusionismo” nem atabalhoamento, nem precipitações de cariz eleitoralista, saberemos por onde começar a implementar a nossa luta pelo alcance do nosso desenvolvimento económico e social.
Comecemos pela água!

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Cineclube Afro Sembene homenageia o Dia da mulher afro-negra-latina-americana e Caribenha na PUC Consolação


18/julho/2015 - sábado - 19 horas: Fórum África e Cineclube Afro Sembene convidam
SESSÃO ESPECIAL DIA DA MULHER AFRO-NEGRA-LATINA-AMERICANA e CARIBENHA

Mulheres Africanas - a rede invisível (montagem)
Mulheres de Angola (documentário)
Mulheres negras Lélia Gonzales e Thereza Santos (entrevista)

PUC CAMPUS CONSOLAÇÃO
Rua Marquês de Paranaguá nº 111 - sala 20
Travessa Rua da Consolação - próximo ao Mackenzie

Entrada franca. Pede-se a colaboração voluntária de 1 kilo de alimento não perecível. 
Ou roupas, calçados, cadernos, livros, jornais, revistas, material de higiene e limpeza. 
Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que atende estrangeiros e africanos.

Informações: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br 
www.forumafricabrasil.ning.com - www.tamboresfalantes.blogspot.com.br 

Coordenação: Vanderli Salatiel, ala afronegra e simpatizantes femininas do Fórum África e Cineclube Afro Sembene.

Realização: Fórum África 
Apoio: Cabeças Falantes, Agenda Guilherme Botelho Jr e Quilombhoje

Cineclube Afro Sembene: Nosso encontro mensal com o cinema africano.