terça-feira, 2 de junho de 2015

Biblioteca Mário de Andrade recebe o Festival Afreaka

Evento gratuito reúne programação com instalações, cinema e mesas de debates sobre a África.

Com o objetivo de dar voz a uma África pouco conhecida, desconstruindo os estereótipos da miséria, a Biblioteca Mário de Andrade apresenta o Festival Afreaka: Encontros Entre Brasil e África Contemporânea, entre os dias 9 e 27 de junho. Através das mais variadas linguagens artísticas, como o cinema, a fotografia e a literatura, o evento apresenta aos visitantes a África moderna, tecnológica e produtora de uma moda invejável.

O festival parte de um conceito multidisciplinar e é idealizado pelo coletivo Afreaka, que desde 2013 procura mostrar um continente africano pouco explorado, extremamente rico em cultura, altamente tecnológico, e com uma cena artística que se destaca por sua riqueza de cores e detalhes. A jornalista Flora Pereira e o designer Natan Aquino estão a frente do projeto multimídia.

As intervenções artísticas de grafite são uma grande aposta do festival. Assinados por Alexandre Keto, Brasil, Docta e Senegal, os painéis deste gênero artístico serão expostos na área externa da Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade.

Além disso estarão dispostas três exposições para os visitantes desfrutarem: a mostra Protagonistas Africanos, que se encarrega de revelar o africano em sua essência e a arte contemporânea que está escrevendo a história do continente; a exposição Olhares Afro Contemporâneos, realizada por doze fotógrafos, entre brasileiros e africanos, que apresenta ao público uma mistura entre cores e contrastes representando artisticamente a visão de quem conhece bem a África; e Mulheres Africanas, da artista brasileira Surama Caggiano, que retrata, através de mosaicos contemporâneos, o espírito guerreiro da mulher africana.

Serviço – Festival Afreaka
Biblioteca Mário de Andrade
R. da Consolação, 94 São Paulo – SP
(11) 3256.5270
Gratuito

Programação: 09/06
19h – Mesa de abertura: África tradicional e contemporânea – Raquel Trindade e Malama Katulwende

10/06 - 19h30 – Workshop: Laboratório criativo: inovação digital na Nigéria – Bosun Tijani

11/06 - 19h30 – Workshop: O avanço criativo da arte digital – Jepchumba

16/06 - 14h – Palestra: Identidade e deslocamentos- Alexandra Baldeh Loras

17/06 - 19h Workshop: Cabelos como arte política – Manifesto Crespo

18/06 - 14h – Mesa de debate: Empoderamento do Cinema Negro no Brasil – Jeferson De e Viviane Ferreira

19h30 – Workshop: Os cortes da estética afro futurista – Walé Oyejide

20/06 - 13h – Palestra: Protagonismo em movimento: África fora dos estereótipos – Flora Pereira e Natan Aquino

24/06 - 16h – Mesa de debate: Arte Afro-Brasileira contemporânea: ativismo como essência – Moisés Patrício e Surama Caggiano

25/06 - 19h30 – Workshop: Mídia alternativa: resistência, inovação e inventividade: Revista Chimurenga – Graeme Arendse

26/06 - 19h – Workshop: Artes Performáticas e experiências multimídia (+Performance) – Ishola Akpo

27/06 - 13h – Mesa de encerramento: Manifestações contemporâneas e ativismos literários – Paulina Chiziane e Ana Maria Gonçalves

Cinema

10/06 - 17h Jardim das folhas sagradas
Direção: Pola Ribeiro, Brasil

11/06 - 17h Dear Mandela
Direção: Dara Kell, África do Sul

12/06 - 19h Guimba
Direção: Cheick Oumar Sissoko, Mali

16/06 - 17h Otello Burning
Direção: Sara Blecher, África do Sul

19h30 - Menina Mulher da pele preta
Direção: Renato Cândido, Brasil

17/06 - 17h - Discriminação não é legal
Direção: Daniel Caetano, Brasil                                                                                              

Yellow Fever
Direção: Ng’endo Mukii, Quênia                                                                                            

Balé pé no chão
Direção: Lilian Santiago, Brasil

Graffiti
Direção: Lilian Santiago, Brasil

18/06 - 17h - Narciso Rap
Direção: Jeferson De, Brasil

Carolina
Direção: Jeferson De, Brasil

O dia de Jerusa
Direção: Viviane Ferreira, Brasil

25/06 - 17h - 100% Dakar- More than art
Direção: Sandra Krampelhuber, Senegal/ Áustia


Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.   

Quatro cronicas de António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele), diretas de Mozambique



Peregrinação
Maputo, 20 de Maio de 2015
Crentes e não crentes na Virgem Maria Santíssima, católicos, cristãos em geral, milhares de moçambicanos praticantes dos muitos credos existentes em Moçambique, Zona Libertada da Humanidade, porque não padece de preconceitos de qualquer ordem, em romaria interminável de fim-de-semana de 15 a 17 de Maio de 2015, participaram, ecumenicamente, no turismo religioso chamado “Peregrinação ao Santuário da Namaacha”, que todos os anos acontece naquela Vila autárquica localizada numa das partes mais austrais do nosso País, que, pela sua orografia e clima ameno, alguém alguma vez, com inigualável criatividade, a chamou de Suíça africana.
A já de si bela Namaacha fica sempre mais linda, como mulher discretamente maquilhada, ante o calor, a alegria e o fervor religioso trazido dentro dos corações de cada um dos milhares de peregrinos que a visitam.
A peregrinação ao Santuário da Namaacha é dos acontecimentos religiosos de maior impacto que, anualmente, Moçambique acolhe. É a grande festa da Fé. É o turismo da Maria Imaculada Santíssima. É o comício dos Católicos moçambicanos para ouvirem a mensagem de Deus. Os irmãos em Cristo e todos os moçambicanos pretextam aquela peregrinação para melhor se aproximarem do seu irmão, do seu amigo e até as “pazes” fazer com o seu inimigo.
Sem beatices desesperadas, nem cenas de extremismo religioso, cada um fica em permanente e íntima oração, juntando-se, depois à Santa Missa campal, tradicional e normalmente celebrada pelo Arcebispo da Diocese de Maputo, que é a supervisora eclesiástica daquela vila.
Porque se trata de uma peregrinação com propósitos importantes, não há excessos atentatórios à integridade física, moral e patrimonial dos seus participantes. Graças a Deus, durante a peregrinação, não se têm registado nenhum tipo de incidentes de consequências graves para os seus participantes e populações hospitaleiras. Felizmente nunca se registam, como moda, ferimentos graves nem mortes.
Alguns fazem o trajecto até a Namaacha, partindo de vários pontos da Província de Maputo, a pé. Durante a caminhada, uma boa parte da mesma feita à noite, até as serpentes e malfeitores se abstêm de fazer mal aos peregrinos desta festa da Maria Imaculada.
As provisões alimentares individuais que os peregrinos levam são de todos os caminhantes, partilham entre si, e por esta razão a mesma sacia de forma equitativa aos participantes.
Mas acima da oração, esta peregrinação tem uma outra grande intenção! Todos os moçambicanos rezarem para que Deus amoleça os corações dos moçambicanos, em geral, e os dos nossos políticos, em especial, para que façam tudo ao seu alcance para que tenhamos sempre PAZ.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)

Alimentação
Mocuba, 27 de Maio de 2015
Sempre que viajo é meu costume entremear conversas que mantenho com os residentes, escutando as rádios locais e lendo os jornais da terra aonde me encontro.
A Rádio Comunitária da Cidade de Mocuba, dizia que, por já haver abundância de comida, as mandioqueiras permanecem intactas, transformando-se em árvores de porte quase médio.
Nos últimos tempos, pouca gente procura a mandioca para a comer como prato sem alternativa na sua dieta alimentar corrente.
Hoje, felizmente, a mesa do camponês da Cidade e do Distrito de Mocuba é farta e versátil.
Hossanas para o esforço dos machambeiros, que, sem nunca terem sido preguiçosos, organizaram-se em moldes mais modernos para produzirem para comer e vender.
Cantemos glórias, também, às autoridades do Governo, municipais e tradicionais, que, numa iniciativa coordenada, conseguiram melhorar a qualidade de integração das populações nesta ambiciosa e possível missão de produzir comida a preço acessível à maioria das pessoas.
Estamos satisfeitos porque uma parte do povo moçambicano de Mocuba e das suas cercanias já não padece de fome derivada à falta de comida em termos meramente quantitativos. Talvez ainda esteja a padecer da fome gerada pela qualidade de alimentos que normalmente usa na sua dieta quotidiana.
Muitos já têm algo que introduzir no estômago, pelo menos, uma vez por dia. Este indicador de qualidade de vida já é muito bom. Importa, entretanto, sabermos se este povo comendo assim mais quantidades de alimentos se já está sendo bem nutrido.
Comer é um acto cultural de cada povo. Por razões culturais povos há que tendo muita variedade de alimentos, é malnutrido porque ainda não detem informação científica bastante que o conduza a comer qualidade e não somente quantidade. Quando esta situação ocorre estamos perante pessoas bem comidas (sem escassez de alimentos no estômago), mas malnutridas porque os produtos consumidos não são, qualitativamente, os melhores no quadro das possíveis alternativas do seu cabaz de alimentos.
As estatísticas lidas numa única vertente vão disparar informações exactas, dizendo que o povo já está a comer mais. Mas numa tentativa de humanizar esta mesma informação estatística, seria interessante termos mais dados acerca do tipo e da qualidade de alimentos que o povo está a comer visando elevar os seus índices de nutrição.
Nesta fase do processo ocorre sugerir que o nutricionista deveria entrar em cena nacional para ensinar o nosso povo a bem comer os alimentos que ora possui em abundância.
O nutricionista deve, por exemplo, ensinar a comer a mandioca e outros produtos do nosso cabaz de alimentos: quando, como e em que quantidades.
Porque o organismo humano precisa, em quantidades cientificamente estudadas, também de mandioca, o nutricionista terá que nos ensinar como introduzir este tubérculo na dieta alimentar do povo e nunca eliminá-lo totalmente da mesma.
A par do esforço que o Governo tem feito para que o índice de produção de alimentos aumente, urge que trabalho paralelo de aumento da acção de nutricionistas também seja desencadeado à escala nacional.
Da mesma forma que há técnicos básicos e médios em outras especialidades, o Governo terá que equacionar a hipótese de formar nutricionistas rurais, seleccionando localmente para esta profissão jovens com a Décima Segunda Classe do Ensino Geral e que estejam, neste momento, desempregados.
O investimento inicial desta operação, que poderá parecer cara e quimérica, poupará o País de, ulteriormente, gastar muito mais pagando a factura da cura de doenças causadas pela malnutrição, problema este que se torna endémico e hereditário porque se transmite de ascendes para descendentes de forma irreversível.
António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)

Progresso
Mocuba, 29 de Maio de 2015
O Homem, por defesa instintiva, nutre medo em relação à inovação. Teve medo de deixar a carroça tirada a bois para o moderno automóvel de motor automático. Os nossos ancestrais levaram tempo a acreditar que o conforto da caverna seria superado pelo moderno apartamento plantado num 33º. andar de um prédio numa cidade.
Os nossos avôs nunca acreditaram que na cidade alguma vez fossem, potencialmente, encontrar melhor qualidade de vida que a do meio rural, que os seus avoengos morreram sem nunca o terem abandonado. E é verdade que, em sociedades funcionando sem cataclismos que mexam com o tecido social, o Homem rural é relutante em trocar este seu "habitat" pelo meio urbano.
Todavia, a mudança ocorreu, paulatina e irreversivelmente, de tal sorte que hoje apenas, por mera fruição dos prazeres do turismo ou por pruridos de investigação científica, é que o Homem, alguma vez, voltará às cavernas. Vale isto dizer que o modo de produção capitalista, por força da evolução dialéctica do mundo - sempre avançando de estádios inferiores para superiores - será substituído, gradualmente, por outro mais forte e moderno.
Pouco importa o nome deste novo modo de produção, mais moderno que o actual, porque o essencial da questão é que a sua prevalência é uma inevitabilidade do processo histórico e dialéctico. Não foi porque o Homem quis que o processo histórico do planeta atingiu o actual estágio, tendo ficado para o passado (a sequência pode não ter sido esta) o esclavagismo, o feudalismo, o absolutismo e estamos hoje a viver um capitalismo híbrido, mesclado de muito socialismo e comunismo, como modos de produção qualitativa e dialecticamente mais avançados.
Por instinto de autodefesa o ser humano é conservador por excelência e, por força desta sua qualidade congénita, ele reage muito mal às mudanças, chegando até ao extremo da violência.
Portanto, é legítimo que a maioria do comum do Homem capitalista jamais acredite na existência de um modo de produção mais avançado que o actual. Por défice de informação o Homem ignora que o próprio capitalismo está em permanente evolução e que ele mesmo, para sua sobrevivência, tal como os repteis para sobreviverem aos rigores invernais, mudará, após a sua hibernação, a sua imagem interior e exterior, assumindo nova pelagem ou penugem. Assim sendo, nesta fase do processo evolutivo, sem hiatos de transição, o capitalismo beneficiará de uma transmutação histórico-dialéctica para outro modo de produção qualitativamente mais avançado.
Foi por ignorância que a aldeia comunal, a cooperativa, a machamba estatal, a segurança social, o ensino e a saúde gratuitos, a vigilância popular, guia de marcha, o chefe do quarteirão foram e ainda hoje o são combatidos no nosso País. Países evoluídos como a Suíça, Israel, Japão, Canadá, Rússia, Dinamarca, Noruega, República Popular da China, Vietnam, Cuba (apesar do bloqueio americano de quase seis décadas, mas porque é socialista, jã não figura entre os países subdesenvolvidos), e muitos outros tenham amalgamadas dentro do seu sistema de funcionamento aquelas realidades de governação colectiva da sociedade.
Marx não foi o primeiro a pensar numa sociedade comunista. Filósofos e escritores seus predecessores, fazendo críticas à sociedade em que viviam, propuseram soluções do tipo socialista e também comunista. Todos desejavam uma sociedade em que não houvesse conflitos de classe, sem classes sociais que tivessem o monopólio de qualquer sector fundamental da actividade humana.
Anunciaram a “planificação centralizada" da produção, uma "sociedade mundial"em que o poder estivesse nas mãos dos homens de ciência e dos dirigentes da economia. Falaram da sociedade do futuro como uma “federação de comunidades comgoverno próprio". Advogaram a eliminação da separação entre trabalho intelectual e manual, entre o trabalho industrial e agrícola. Proclamaram que a libertação da mulher era essencial para a emancipação em geral. (in Google, 26/05/15).
Em conclusão, estudemos com mais atenção e melhor honestidade a História da humanidade para que possamos ensiná-la correctamente aos nossos netos, pois estes precisam de saber viver o presente, mas bem perspectivando o seu futuro.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)


Quadros
Mocuba, 04 de Junho de 2015
África, em geral e Moçambique, também, em particular, se debate com a falta de quadros que dominem a ciência e a técnica para acelerarem o nosso desenvolvimento.
A propósito desta triste realidade, com a devida autorização do autor, citarei, "ipsis vrbis" uma passagem magistralmente bem escrita sobre este assunto por Tokwene no seu último romance "Mai-Mai, a Graça na Desgraça".
Eis o que Tokwene nos ensina cerca deste fenómeno:
"De Gorongosa para Caia, foi uma verdadeira viagem de descoberta. Numa extensão sem limites, eles podiam contemplar uma imensa mata grossa que se estendia desde a estrada até ao interior, em direcção à imensa, extensa, gigantesca e imponente serra que dava nome a toda a região.
Uma variedade infinita de plantas, árvores, arbustos e capim povoavam a floresta com o verde viçoso de folhas cheias de vida e esperança. Era uma floresta ainda virgem com terras ainda por desbravar, explorar e habitar.
Mais adiante, despontava uma imensa savana com terras também virgens e extensas. Surpreendida, Joalina questionou.
– Porque disputam os homens a terra, em Moçambique, se há tanta terra virgem por desbravar, explorar e habitar?
– Essa é a já velha contradição com que os países pobres do mundo vão ter que conviver, ainda por muito tempo. Em África, de modo particular. Ao mesmo tempo que os países, em África, dispõem de um manancial quase ilimitado de recursos naturais, eles confrontam-se com a falta de quadros e técnicos qualificados capazes de transformar esses recursos naturais em riqueza para o benefício dos seus cidadãos. Falta, aos países africanos, o primeiro e o mais importante de todos os recursos. O capital humano. Capital humano tecnicamente preparado. Qualificado. Competente. Capaz de explorar as recursos naturais do solo e do subsolo que os países possuem em abundância. Repara numa coisa, Jó. Onde é que as pessoas disputam terras e espaços em Moçambique? Não é no campo. É nas cidades. Nas vilas. Nos centros urbanos ou urbanizados. E, porquê? Porque é nas vilas e cidades que existem condições de vida já criadas. Serviços de saúde, educação, transportem, habitação, comércio, comunicações e outros. Foi para lá que os Moçambicanos foram viver, depois da independência, substituindo-se aos colonos. Saíram os colonos, entraram Moçambicanos. Mas, depois, que políticas foram desenhadas para o uso e aproveitamento sustentável de terras para além dos que já existiam no tempo colonial? Entretanto, as terras existem em abundância em Moçambique. Mas, faltam políticas claras, coerentes e exequíveis, no país. E o resultado é esta contradição gritante. Muita terra virgem, desocupada, sem ninguém. Ao mesmo tempo que há muita gente a disputar terras. Como surgiram as vilas e cidades que temos, hoje? Elas não existiram sempre. As vilas e cidades foram construídas por homens. Porque não fazem o mesmo os moçambicanos, hoje? Porque não constroem vilas e cidades novas em novos espaços que existem em abundância? Não existe, em Moçambique, uma única vila ou cidade construída depois da independência. Entretanto, a população cresce, a cada dia que passa e ao rítmo acelerado. Nas vilas e cidades, sobretudo. O resultado é o que está à vista. Vilas e cidades a rebentar pelas costuras. Não há infra-estrutura que resista à pressão que as vilas e cidades sofrem, hoje, em Moçambique. As cidades e vilas foram tomadas de assalto sem observância de princípios mínimos de urbanismo.
– Talvez porque a construção de novas vilas e cidades implica custos enormes. Desafios grandes. Se já é difícil manter o que existe, quanto mais construir vilas e cidades novas!...
– Pois, é. Mas, nós não podemos continuar a viver só do passado que nós não construímos. Temos que começar a pensar num futuro que que seja construído por nós. A partir da nossa imaginação, do nosso trabalho, da nossa iniciativa.
– Mas, realmente, isto aqui é mato demais!... Muito mato. – disse Joalina.
– É. É riqueza que muitos países do mundo não têm. Mas, nós temos. Precisamos apenas de aprender técnicas e conhecimentos científicos que nos permitam saber como tirar proveito desta riqueza natural. Não basta ter o diamante. É importante saber como lapidá-lo para termos a jóia nas mãos. – observou Mai-Mai."
Portanto, mudando o que houver a mudar, deveriamos retirar da passagem deste romance os ensinamentos que nos possibilitariam resolver a médio e longo prazo este défice de quadros no nosso País.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)

Natureza
Mocuba, 05 de Junho de 2015
"Deus perdoa sempre; o Homem algumas vezes; a natureza nunca!", sábio ditado dos ambientalistas que tive a oportunidade de constatar em Mocuba, devastada pelas chuvas diluvianas de Fevereiro de 2015, cujos efeitos vieram agravar à já de si crónica erosão, há muito corroendo esta linda e promissora municipalidade de gente muito trabalhadora e honesta.
A chuva realmente caída sobre a cidade de Mocuba, dizem os seus moradores, até nem foi anormalmente intensa que justificasse os efeitos catastróficos causadas nos solos urbano e dos arredores, que ficaram sulcados com profundas crateras, cujo tapamento será de custo muito elevado, porque exigirá a utilização de trabalhos sofisticados de grande engenharia.
Sem perda de tempo, à falta de uma explicação científica para o fenómeno, a fértil crendice popular não perdeu tempo em encontrar explicações. Uns asseguram que foi castigo de Deus para punir os feiticeiros que abundam na cidade e cercanias. Outros afirmam que a ira Divina decidiu limpar este lugar das drogas que estavam escondidas a seu montante e foram levadas para o mar as destruir. Os de maior criatividade para a ficção obscurantista juram a pés juntos que o dragão ou serpente gigante existente na nascente do Rio Licungo, lá para as frescas montanhas do Gúrué, ficou zangado/a porque pessoas atrevidas foram provocá-lo/a mexendo as suas terras à procura de pedras, metais e outras riquezas no seu subsolo.
Estas explicações populares ganham maior aderência popular porque, o troço do Rio Licungo que passa por Mocuba, nos últimos anos tem sido de baixíssimo caudal, mesmo na época de maior pluviosidade, transbordou centenas de metros para fora de ambas as suas margens, sem que tivesse chovido bastante.
Soa importante referir que a erosão, antes de ser um problema físico do fórum da geotecnia, é uma questão económica e social com forte enraizamento político. Vale isto dizer que terá efeitos paliativos tentar-se atacar este fenómeno sem se tomar em linha de conta a esta trindade de pilares que estão na sua origem
A erosão é um problema económico e social porque o tecido social (social fabric) do País em geral e do meio rural, em particular, onde deveria viver e trabalhar, de modo sedentário, a maior parte da população moçambicana (80%) continua a não oferecer qualidade de vida atractiva aos camponeses, de modo a que estes não sintam necessidade de rumar para os lugares comparativamente mais urbanizados que o campo. Assim, o camponês muda-se para as cidades e vilas, mas como não é dotado de valências técnico profissionais para exercer uma actividade que garanta a sua sobrevivência naquelas, dedica-se a fazer machambinhas em espaços poucos aconselháveis para esta faina. A par desta carga sobre o solo para o exercício da actividade agrícola, o camponês ergue a sua cabana em qualquer sítio sem obedecer aos planos directores existentes nos centros urbanos. Machambas, casebres em lugares inapropriados, eliminação de árvores para obtenção de combustível lenhoso e movimentação incessante de pessoas no exercício do comércio informal propiciam um ambiente susceptível à vulnerabilidade do solo à erosão.
A origem económica da erosão é, também, agravada pelo abate descontrolado das florestas para exploração de madeira ou para aproveitamento agrícola, porque estas actividades deixam as terras sem capacidade de retenção das águas pluviais, que assim correm descontroladamente para o leito dos rios aumentando de forma anómala o seu caudal, deixando as matas sem o seu natural e saudável encobrimento verde. A questão é que parece que já nos esquecemos que a árvore é um presente que Deus nos deu para o legarmos aos nossos netos e que ela é a nossa irmã vegetal de extrema importância para o equilíbrio da mãe natureza na qual o homem está integrado.
A erosão é um problema de engenharia, cuja implementação, com eficácia, mexerá com a vida, património e crenças das pessoas porque poderá implicar reassentá-las noutros locais, distantes do seu trabalho, da escola dos filhos, dos seus amigos e até dos seus defuntos, dado que a velha tradição dos cemitérios familiares é, por vezes, trazida pelo camponês para as cidades.
A erosão é um delicado problema político que porá à prova a capacidade de as autoridades terem a coragem de, em tempo oportuno, solucioná-lo mediante a adopção de medidas apropriadas de efeito duradoiro e não por campanhas de resultado efémero.
Porque nem com os entendimentos obtidos na Cimeira da Terra na Cidade do Rio de Janeiro, Brasil, em 1992, consubstanciados pelo Acordo do Kyoto no Japão, anos mais tarde, o Homem ainda não se convenceu que ele é o principal predador da natureza, urge educá-lo desde a sua infância através da introdução de conteúdos didácticos mais assertivos nas disciplinas de Meio Ambiente, Ciências Naturais, Geografia, Português e outras Línguas para que no subconsciente das crianças fique inculcada a necessidade de amá-la e respeitá-la como elas o fazem em relação às suas mães uterinas porque sem ela equilibrada a nossa existência como entes povoadores do Planeta Terra estará irreversivelmente ameaçada.
Portanto, a erosão terá que ser resolvida através de medidas económicas que modifiquem o actual paradigma de gestão global do nosso País, de tal sorte que os factores, objectivamente, causadores daquele fenómeno físico contra o solo sejam erradicados.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)


Montagem e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.






Festival Varilux de Cinema Francês 2015

A edição deste ano do evento, que acontece de 10 a 17 de junho, promete bater vários recordes; além do número de cidades aumentar para 50 (80 cinemas), o festival pretende chegar a todas as capitais brasileiras com grandes novidades do cinema francês. A meta de público também cresce: a expectativa é levar mais de 110 mil pessoas aos cinemas em uma semana para assistir aos 16 filmes em cartaz, um acréscimo de 10% em relação a 2014.

Como já é tradição do evento, o festival trará ao Brasil representantes de alguns dos filmes para apresentações e debates com o público.

Apenas um mês após o maior evento de cinema do mundo, o Varilux traz para o público brasileiro o filme de abertura do festival de Cannes: “De cabeça erguida”, com Catherine Deneuve e Benoît Magimel. A diretora Emmanuelle Bercot, segunda mulher a abrir o festival de Cannes, virá ao Brasil para apresentar o longa.

Com produção da Bonfilm, o evento conta também com as atividades paralelas, como Oficina Franco-Brasileira de Roteiros, que neste ano vai para sua quarta edição, com apoio direto da Riofilme e ABPITV, exibições ao ar livre e gratuitas na concha acústica da UERJ, sessões populares distribuídas por diferentes espaços alternativos do Rio de Janeiro, como a Arena Dicró, Masterclasses de direção com Anne Fontaine com entrada franca, e ação educativa que levará exibições gratuitas para escolas em mais de 15 cidades.

O Festival Varilux já se consolidou como o primeiro festival de cinema com abrangência nacional, fazendo parte do calendário cultural do Brasil. Para Arnaud Ribadeau Dumas, presidente no Brasil da Essilor/Varilux – multinacional francesa fabricante exclusivo das lentes multifocais Varilux® e do antirreflexo Crizal® -, empresa que patrocina o evento desde a primeira edição, o objetivo da companhia em incentivar e disseminar a cultura no Brasil está, a cada ano, sendo alcançado. “Há mais de uma década apostamos nessa iniciativa. Assistir o avanço e a ampliação de sua abrangência Brasil a fora, inclusive em cidades fora dos grandes centros, nos dá a certeza de que fizemos a coisa certa”, afirma o presidente.

Segundo o diretor da Bonfilm e do festival, Christian Boudier, o Varilux já se tornou um dos principais eventos de cinema do país. “O festival é um dos mais aguardados pelo público brasileiro, além de ser um dos mais eficientes para promover a cultura e a imagem da França no Brasil”.

“Vale lembrar que os ingressos para as sessões do evento seguem a política de preço de cada cinema”

O Festival Varilux de Cinema Francês é patrocinado pela multinacional francesa Essilor/Varilux, pela Secretaria de Estado de Cultura, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura do Rio de Janeiro, Ministério da Cultura através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e conta com o copatrocínio da Embaixada da França, Delegação Geral das Alianças Francesas do Brasil, Air France, Sofitel, Unifrance Films e RioFilme. Clique aqui e confira a programação completa por estado e região.


Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes. 




terça-feira, 12 de maio de 2015

Dia das Mães e Dia da Africa na sessão especial do Cineclube Afro Sembene


Tema: Visões de África - Burkina Faso por Márcio Werneck e Viviane Ferreira


Sete Dias em Burkina Faso

Direção de: Márcio Werneck

Sinopse: Quem conhece as periferias, as aldeias e o sertão do Brasil vai se identificar e se encantar com Sete Dias em Burkina, onde as crianças, com seus olhos de jabuticaba e sorrisos impressionantes, expressam o verdadeiro significado do nome de sua nação: País de homens íntegros. Realizado pelos músicos e documentaristas, Carlinhos Antunes, Márcio Werneck e Patrick Lavaud. Sete dias em Burkina mostra o festival de música mais esperado do ano e um dos mais importantes da África, o NAK - Noites Atípicas de Koudougou. Por detrás do Festival, o documentário retrata a trajetória de duas pessoas que, unidas pelo mesmo ideal, fundaram instituições culturais e educativas para crianças e jovens, oferecendo estudos regulares, artísticos e profissionalizantes e uma visão plena de cidadania e humanismo.

Duração: 58 minutos



Mumbi Sete Cenas Pós Burkina

Direção de: Viviane Ferreira

Sinopse: Mumbi7Cenas Pós Burkina" mostra a angustia de Mumbi, uma jovem cineasta, que após participar de um dos maiores festivais de cinema do mundo, se vê enclausurada em seu interior sem saber qual será sua próxima obra. A partir do diálogo entre seu pensamento e suas lembranças de obras marcantes do cinema brasileiro, Mumbi se liberta.

Duração: 7 minutos


Dia 16/maio/2015 - sábado - 19 horasPUC CONSOLAÇÃORua Marquês de Paranaguá, 111 - sala 20
INFORMAÇÕES: www.cineclubeafrosembene.blogspot.com.br/ cineafrosembene@gmail.com

Entrada franca. Porém pede-se a voluntária colaboração de 1 kilo de alimento não perecível. Ou roupas, calçados, cadernos, livros, revistas, material de higiene e limpeza. Serão doados ao Arsenal Esperança/Missão Paz, que acolhe diariamente centenas de estrangeiros, inclusive africanos.


Realização: Fórum África
Apoio: Cabeças Falantes

Cineclube Afro Sembene - Nosso encontro mensal com o cinema africano

Pesquisa e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.

sábado, 2 de maio de 2015

Geledés Instituto da Mulher Negra tem nova Diretoria


No dia 30 de abril de 2015 foi eleita a nova diretoria de Geledés Instituto da Mulher Negra. Maria Sylvia Aparecida de Oliveira, advogada é a nova Presidenta. Juciara Almeida Souza, assistente social, promotora legal popular de Geledés e defensora popular pela OAB-SP é a Vice-Presidenta.  Lilian dos Santos Ribeiros, gestora de RH e MBA em administração empresarial é a Secretária. A nova diretoria tem mandato até o dia 30 de abril de 2018.
Em nome de todas as integrantes e sócias de Geledés, parabenizamos e desejamos um mandato de muito sucesso à nova direção.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Calendário Maio 2015 por Guilherme Botelho Junior

S A N T O R A L

DIA 12 – Consagrado à escrava Anastácia

M E M Ó R I A  DO  M Ê S

DIA 08 – Morte de Jair Rodrigues (1974)

DIA 11 – Criação do Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo (1984)

DIA 13 – Dia da Denuncia contra o Racismo/Dia dos Pretos Velhos

DIA 18 – Criação do Conselho Nacional das Mulheres Negras (1950)

E  V  I  O – AGRADECIMENTOS

A construção da unidade se dá quando pessoas de boa vontade se une por um bem comum, e neste caso trata-se da celebração e comemoração da FESTA DE SÃO BENEDITO, o santo negro padroeira de toda nossa negritude, que com seu testemunho, virtude e intercessão nos conduz para vitória. Sabemos que a caminhada é longa, mas a cada passo, vislumbramos uma Luz cada vez maior no fim do túnel. Creio ser impossível não se emocionar diante dos momentos que vivenciamos neste 19/04/2015 na Paróquia de Nossa Senhora Achiropita, que será escrito com letras de sangue e ouro esta jubilosa festa, que sempre comunitariamente concito a todos e todas a não deixar seu lugar vago, e partilhar momentos de fé com a Pastoral Afro Achiropita, Irmandades, Congadas, Pastorais Afro da Região Metropolitana de São Paulo.

Desejamos agradecer de todo nosso negro coração Orionita, nossos agradecimentos para as ESCOLAS DE SAMBA: Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Mocidade Alegre, X 9 Paulistana, Nenê da Vila Matilde, Peruxe, Tom Maior, Morro da Casa Verde, Cacique do Parque, Brinco da Marqueza, Imperatriz da Sul, Embaixada do Samba, Dom Bosco, Quilombo;  C O N G A D A S: Santa Ifigênia de Mogi das Cruzes, São Benedito de Cotia; I R M A N D A D E S: Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo, São Benedito da Casa Verde, São Benedito da Praia Grande e São Paulo, São Benedito da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, São Benedito do Jaçanã, Nossa Senhora Aparecida e São Benedito do Lauzane Paulista, Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos da Freguesia da Penha de França; PASTORAL AFRO: Região Episcopal Brasilândia, Diocese de São Miguel Paulista, Região Sapopemba, Diocese de Limeira, Diocese de Mogi das Cruzes, Grupo Afro Dignidade da Diocese de Osasco, Arquidiocese de Ribeirão Preto, Jesus Adolescente, Vila Nhocuné, Perola Negra, Santa Isabel; ENTIDADES NEGRAS CATÓLICAS: Grupo Mariama, Comissão de Festa do Largo do Rosário da Penha;  AUTORIDADES CIVIS E ECLESIÁSTICAS: Pai Francisco de Osun, Pai Klaus, Pai Rycardo, Ekedy Ogunladê, Mãe Tatiana de Iemanjá, Yaskara Cigana – representante do Centro de Estudos da Comunidade Cigana, Sra. Vera Lopes – representante da Pastoral Afro junto ao Sul 1 da CNBB, Sra. Marisa Moura – modelista de confecção Afro, Sra. Nair – representante da Secretaria Municipal da Igualdade Racial de São Paulo, Sr. Ricardo Calixto – Presidente da UESP(União das Escolas de Samba de São Paulo), SÉRGIO E SARA – Rei e Rainha Conga do Estado de São Paulo.

Agradecimento especial para o Grupo de Animação Musical Afro NEGRITUDE, CONSCIÊNCIA E FÉ, da região Episcopal Brasilândia; Dra. Maria Sylvia – Presidente da Comissão de Igualdade Racial da OABSP; Deputada Estadual LECI BRANDÃO; Deputado Federal ORLANDO SILVA; Pai Francisco de Oxun, e a Sra. ISABEL SOARES, que a despeito de todas as dificuldades, derrubou barreiras e alargou as fronteiras da evangelização afro ao jogar destemidamente as redes do cristianismo em águas mais profundas, saindo sem temor dos muros da Igreja, escudada pela Luz de Cristo e amparada pelo Espírito Santo de Deus, para alargar os horizontes da nossa fé, levando as bens aventuranças para as comunidades do Samba. Isabel, fique com as nossas preces e tenha certeza de que novos desafios lhe serão propostos, na certeza de que você cumpriu magnificamente com o seu dever.

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R E C A D O

M  à E

QUANDO A MULHER EMBALA AINDA DENTRO DE SI O CICLO DE UMA VIDA, SEJA DITO:

AVE MARIA CHEIA DE GRAÇA!

GRAÇA QUE TEM ENCHIDO ESSE MUNDO COM A SUA BELEZA.

VOSSA COMPANHIA, MÃE, EM TODOS OS LUGARES QUE ESTAMOS,

E QUE AINDA NOS TEM INSPIRADO A AMAR,

E O QUE AINDA NOS TEM FEITO CONSERVAR

ÉS UM POÇO DE TERNURA E DE SENSIBILIDADE,

PORQUE

O SENHOR É CONVOSCO!

BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES,

MÃE QUANDO VEM A LUZ O VOSSO FILHO

E ENTRE DORES DE PARTO E SORRISOS DE PLENA FELICIDADE

AGRADECEIS PELA NOVA VIDA QUE GERASTES

DURANTE MESES DENTRO DO VOSSO VENTRE,

E QUE AGORA IREIS PREPARAR PARA A VIDA, CLAMAMOS

BENDITO É O FRUTO DO VOSSO VENTRE!

MULHER, MÃE, MARIA, MARIAMA,

PRINCIPALMENTE QUANDO O VOSSOS FILHOS E FILHAS

PARA QUEM SOIS A MÃE & PAI, MEDIANEIRA DE GRAÇAS AO SEU FILHO DIVINO QUE

NOS TRAZ A GRANDE ESPERANÇA

DA PAZ E DO AMOR PARA O MUNDO.

ROGAI POR NÓS PECADORES!

MULHER, MÃE, MARIA, MARIAMA,

SUPORTE DE TODAS AS CRIANCINHAS

PORQUE VOSSA FORÇA TEM SUSTENTADO O MUNDO,

PORQUE VOSSO SOFRIMENTO

VOS TORNA CAPAZ DE ENTENDER NOSSAS DORES

E NOSSAS FRAQUEZAS.

AGORA E POR TODOS OS DIAS DE NOSSA VIDA!

MÃE, SEJAS BENDITA E ABENÇOADA POR DEUS!

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C  A  L  E  N  D  Á  R  I  O

Não deixe vago o seu lugar!

235ª FESTA DO GLORIOSO PADROEIRO SÃO BENEDITO

Tema: EU VIM PARA SERVIR

Realização: Irmandade de São Benedito de Santos (1780)

T R I D U O

Programação: 30/04 às 19H - São Benedito, o servo acolhedor.

01/05 às 19H – São Benedito, o servo missionário.

02/05 às 19H – São Benedito, o servo samaritano

L O U V O R

03/05 às 10H – MISSA SOLENE

Às 16H – Missa festiva e procissão

Local: Igreja de São Benedito

Av. Afonso Pena n° 350 – Bairro do Embaré – Santos/SP

FESTA DO GLORIOSO SÃO BENEDITO

T R I D U O

DIAS 30/04, 01/05 e 02/05 às 19H

L O U V O R

03/05 às 18H – MISSA SOLENE

Realização: Grupo Afro Dignidade – Diocese de Osasco

Local: Paróquia de Nossa Senhora Aparecida

Rua General Labatut n° 19 – Jardim Piratininga – Osasco

DIA 03 às 10H

CELEBRAÇÃO DA PALAVRA NO RITO ROMANO INCULTURADO EM ESTILO AFROBRASILEIRO – CELEBRAÇÃO AFRO

Tema: Dia das Mães e do Trabalho

Ágape: Após a celebração a tradicional QUIZOMBA DO ROSÃRIO

Realização: Comissão de Festa da Senhora do Rosário da Penha

Local: Capela de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos da  Freguesia de Penha de França

Largo do Rosário s/n° - Bairro da Penha – São Paulo/SP

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DIA 03 às 11H

Missa Solene

Realização: Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro (1640)

Local: Santuário de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro

Rua Uruguaiana n° 77 – Rio de Janeiro-RJ

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NOS DIAS 04, 05 e 06 ÀS 19H

11° ENCONTRO DE EDUCAÇÃO E CULTURA:

SOMOS TODOS AFRICANOS?

REALIZAÇÃO: Instituto Vera Cruz

Local: Instituto Vera Cruz

Rua Baumann n° 73 – Vila Leopoldina – São Paulo/SP

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DIA 09 às 17H30

CHÁ DAS MÃES & BAZAR BENEFICENTE

Realização: CASA DO CIRINEU

Local: Rua Arnaldo Giardini n° 131 – Itangá – Sorocaba/SP

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DIA 13 às 18H30

MISSA NO RITO ROMANO INCULTURADA EM ESTILO AFRO BRASILEIRO – MISSA AFRO

Motivação: Por uma abolição inconclusa

Realização: Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo – tricentenária

Local: Igreja da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo – tricentenária

Largo do Paissandu s/n° - Centro – São Paulo/SP

DIA 16 às 12H

PASSEIA para HOLAMBRA

Realização: Pastoral Afro Jesus Adolescente

Contato: Sr. Paulo – paulosrvenuto@ig.com.br

Sra. Vera – vera.hroberto10@ig.com.br

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DIA 16 às 19H

Cineclube Afro Sembene

Mostra de cinema Africano e Afrobrasileiro

Realização: Fórum África

Local: PUC/SP – Unidade da Consolação - Rua Marques de Paranaguá, 111

Apoio: Cabeças Falantes

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GRANDIOSA FESTA DE AÇÃO DE GRAÇAS PELA MÃE NEGRA

O GRANDE EVENTO SERÁ NO DIA 17/05

P R O G R A M A Ç Ã O

DAS 09 ás 17H – Grande exposição de arte e artesanato afro & comidas típicas

Ás 10H – Missa no Rito Romano Inculturado em Estilo Afrobrasileiro – Missa Afro –homenageando a MÃE NEGRA de hoje e de sempre

Ás 12H – Self-service da suculenta e deliciosa Feijoad’Achiropita – beiçuda Tradicional & a Branca – acompanhada de shows ao vivo

Realização: Pastoral Achiropita

Local: Paróquia de Nossa Senhora Achiropita

Rua 13 de maio n° 478 – Bairro da Bela Vista (Bixiga) – São Paulo/SP

Convites à venda na Secretaria da Igreja

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DIA 17 às 09H

MISSA NO RITO ROMANO INCULTURDO EM ESTILO AFROBRASILEIRO – MISSA AFRO

Realização: Grupo Afro Pérola Negra

Local: Comunidade de Nossa Senhora Aparecida

Praça Jandira n° 220 – Bairro de Artur Alvim – São Paulo/SP

DIA 26 às 10H

58ª FESTA DE OGUM NO VALE DOS ORIXÁS

Local: Município de Juquitiba/SP

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DIA 19 às 19H

BATUQUE MATRIARCAL

Realização: Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro

Local: Igreja de Nossa Senhora do Rosário e de São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro

Espaço Cultural do Beco do Rosário

Rua Uruguaiana – Estação Uruguaiana do Metrô – Rio de Janeiro/RJ

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DIA 30 às 14H

RODA DE SAMBA DA COMUNIDADE DO LARGO DO ROSÁRIO

Realização: Comissão de Festa da Senhora do Rosário

Local: Largo do Rosário – Bairro da Penha – São Paulo/SP



DIA 30 ás 16H

FORMAÇÃO para Celebração do Batismo – Sacramento de Iniciação Cristã

Batismo no Rito Romano Inculturado em Estilo Afrobrasileiro

Inscrição: Secretaria da Igreja

Realização: Pastoral Afro Achiropita

Local: Paróquia de Nossa Senhor Achiropita

Rua 13 de maio n° 478 – Bela Vista (Bixiga) – São Paulo/SP

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Dia 31 A PARTIR DA 08h30

CONENQUINHO – Encontro de articulação e preparação do CONENC – Congresso Nacional das Entidades Negras Católicas, que será realizado no mês de Julho em Caxias do Sul – Rio de Janeiro

Realização: Pastoral Afro – Sul 1 da CNBB

Local: Centro Pastoral Belém

Estação Belém do Metrô

DIA 31 às 10H

FESTA DO GLORIOSO PADROEIRO SÃO BENEDITO

Realização: Irmandade de São Benedito da Praia Grande e São Paulo

Local: Paróquia de Nossa Senhora das Graças

Praia Grande – SP



Quatro crônicas de António Matabele diretas de Mozambique

 
FUTEBOL
Se quiser e puder criticar agradeço. Se não quiser e não puder criticar também agradeço.
… da margem do Rio Pitamacanha
António Nametil Mogovolas de Muatua
Maputo, 22 de Abril de 2015

Repito! Não crucifiquemos João Chissano.

Por se tratar de um assunto complicado, tinha jurado nunca mais falar do futebol moçambicano. Mas é impossível remetermo-nos ao silêncio quando se ama esta modalidade desportiva apelidada de “desporto rei”.

Fico, entretanto, triste quando constato que estamos cada vez mais distantes de termos um futebol gerador de glórias para o nosso encanto e alegria.

Não me contive ao ver que o Jornal NOTÍCIAS de 13 de Abril de 2015, em grandes parangonas, escreveu na primeira página “Mambinhas fora dos Jogos Africanos”. Desgraça deste jaez nunca deveria ser cantada nem contada na primeira página de um jornal muito lido até pelas nossas crianças.

Já tive o privilégio de viajar para fora de Moçambique e confesso que nunca ví em jornais, rádios ou televisões desses países um resultado desportivo negativo a ser publicitado com letras garrafais na primeira página do Jornal Oficioso e o de maior tiragem nacional. É uma prática herdada do passado e que faz mal a todos os moçambicanos e aos amantes do futebol com maior gravidade.

Por esse mundo fora, em que o sentido de orgulho nacional parece estar mais evidenciado, os desastres desportivos são “anemicamente” tratados em páginas interiores semi-escondidas.

O ego nacional é exacerbado com grandes títulos de primeira página quando os resultados do futebol assim o justificam.

Outro aspecto que enfatizo é a necessidade urgente de, pacientemente, começarmos a investir no desporto nacional em geral que, infelizmente, está uma lástima e no futebol em particular que está no mesmo diapasão da mediocridade.

Já basta de continuarmos a fazer desporto por campanha. Temos que, com paciência, revisitar a política nacional de desporto e dela extraímos programas de médio e longo prazos visando a sua concretização paulatina, sem improvisações.

A implementação da política nacional de desporto é cara. Não tenhamos ilusões. Mas vale a pena gastar desta forma do que continuarmos a desperdiçar os nossos parcos fundos perseverando nesta brincadeira nacional de tentar fazer desporto empiricamente por improvisações, que, algumas vezes, por mera sorte dá algum resultado positivo.

Com a humildade que sempre nos caracterizou estudemos experiências bem sucedidas em matéria de desporto em Cuba e Cabo Verde, que, com recursos escassos constituem referências na arena internacional.

Com isto não pretendo dizer que Moçambique não esteja a fazer algo, mas para alcançarmos êxitos temos que fazer mais trabalho doméstico de forma planificada começando pela escolinha dos nossos netos.

Aliás, bem dizia Samora Moisés Machel: “a vitória prepara-se, a vitória organiza-se!”

Por isso não linchemos João Chissano pelos maus resultados dos nossos valentes “mambas”.

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BANCO
N’siripwiti
António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)
Maputo, 01 de Maio de 2015

O pré-histórico “Homem de Neanderthal” não ia ao Banco! A sua qualidade de vida na sua, talvez, (in) confortáveis cavernas, ainda não tinha gerado em si a necessidade de procurar serviços oferecidos por um banco.

A origem do banco como mais um instrumento de facilitação da vida do Homem, tem muito a ver com a evolução da moeda ao longo dos tempos. Moeda naquele sentido de um bem representativo de alguma coisa com valor. A moeda tem um valor intrínseco dentro de si porque simboliza um valor: mercadorias, jóias, imóveis, móveis etc., tudo com valor. Nesta acepção, uma escova de dentes usada, porque não tem valor, não está, nunca, representada numa moeda.

Como é sabido, nos primórdios da humanidade, muito antes da antiguidade grega (cabras), romana (bois) e egípcia (cabras, vacas e, infelizmente, escravos), a riqueza do Homem estava representada pelo seu património, fundamentalmente, pecuário (pecus). (Perry, F.E., Elements of Banking, pág. 4).

O pecus (gado e daí a palavra pecuniário, que significa dinheiro) nunca ofereceu muita comodidade de conservação e transporte ao seu detentor. Eram necessárias vastas extensões de terreno e muitas pessoas de confiança para guardarem a sua riqueza e património em forma de animais, escravos, cereais, azeite e outros bens.

Então surgiu, milénios mais tarde, o advento da moeda. Primeiro na sua forma tosca em metal valioso não cunhado nem trabalhado. Mais tarde, o metal valioso começou a ser cunhado em forma de moeda com símbolos e efígie vários, consoante a vontade do seu dono. Como nada do Homem é, felizmente, estático, a moeda assumiu, mais tarde, a forma de papel. Surgiram as hoje célebres notas. E queimando várias etapas no espaço histórico temporal, hoje temos o dinheiro cibernético, em forma de múltiplos cartões e, enfim, em formato ultra-moderno de fazer inveja até ao visionário Jules Gabriel Verne (8 Fevereiro de 1828 a 24 Março de1905 - novelista e poeta francês, bem conhecido pelas suas novelas de aventura visionárias que influenciaram o género de ficção científica), apelidado de louco quando, de mente muito avançada para o seu tempo, imaginou o actual submarino.

É neste contexto que o Homem viu a necessidade de criar um espaço físico cómodo e seguro para guardar o seu dinheiro representativo da sua riqueza e património. Surgiu, então, paulatinamente, o banco, como um lugar primariamente concebido pelo homem para guardar o seu dinheiro.

Com o evoluir dos tempos o Homem começou a aceitar dinheiros de várias pessoas. Mas como nem todos os “guardadores” vinham reclamar o seu dinheiro ao mesmo tempo findo o prazo combinado para sua guarda, o banco começou a vender (em forma de créditos) este dinheiro alheio sob sua responsabilidade a terceiras pessoas. E é nesta diferença entre o valor pago (taxa de juros dos depósitos) pelo banco para guardar dinheiro alheios e o que ele começou a cobrar (taxa de juros dos créditos) para vendê-lo a outrem que reside o sempre próspero negócio dos bancos.

O preço desta mercadoria chamada dinheiro, que é transaccionada pelos bancos, designa-se por Taxa de Juros. Há taxas de juros para as Operações Passivas, que são as consagradas à captação de recursos sob a forma de depósitos. E há, igualmente, as taxas de juros das Operações Activas, destinadas a remunerarem o banco pelos créditos concedidos.

A par do Capital Social, que é o dinheiro reunido pelos donos do banco para iniciarem o negócio, os bancos vivem fundamentalmente das taxas de juros e de outras alcavalas, que são as comissões cobradas aos clientes pela prestação de serviços.

Banco, portanto, é coisa simples! Não tem nada a ver com aquela imagem muito afectada e “snob” que normalmente é vendida pelos próprios bancos ao comum dos cidadãos. O banco, na sua essência, está distanciado daquelas coisas, desnecessariamente sofisticadas e sumptuosas, com gente engravatada, funcionárias trajadas com bom gosto, pompa, elegância e luxo, discretamente perfumadas e, algumas delas, com maquilhagem nem sempre discreta, mascando, “deseducadamente”, goma em frente dos clientes.

Banco é uma loja! É uma loja como qualquer outra que se dedica à compra e venda de um produto chamado dinheiro. O negócio desta loja chamada banco é, portanto, comprar dinheiro em forma de captação de depósitos das pessoas – singulares e colectivas – e a sua venda sob a forma de créditos concedidos às pessoas.

A actividade bancária de um País é supervisionada pelo Banco Central.
 
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TUMULTOS
António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)
N’siripwiti
Maputo, 01 de Maio de 2015

        Mais uma vez, a má repartição dos recursos escassos propiciam tumultos de natureza social numa região da Terra, desta feita na República da África do Sul, País africano recipiente, por excelência, dos desempregados africanos, em geral, e desta parte mais austral do nosso continente, em particular.

        Parece estarem criadas condições para uma segunda edição da tristemente célebre xenofobia, similar à que ficou económica e politicamente mal resolvida em 2008, porque medidas paliativas foram adoptadas pelos governos da África do Sul, dos Países da SADC e do mundo inteiro.

Este País baptizado por Mandela como o do Arco-íris, tem-se debatido desde o decurso da última década com o problema do desemprego, como consequência, também, da crise financeira e económica eclodida no mundo a partir de 2008.

Em 2008, o então Presidente da República da África do Sul, aparentemente, aproveitou-se daquela crise para distrair as atenções do seu eleitorado para a contestação pública que recaia sobre os erros graves e gratuitos protagonizados por ele durante a sua governação. Mas de nada lhe valeu a manobra porque acabou sendo derrubado por uma impugnação parlamentar ao seu mandato.

Parece que actualmente Sua Excelência o actual Presidente daquele País irmão, lendo a História do seu País numa única vertente, esquecendo-se do efeito “boomerang” (instrumento indígena australiano que quando atirado retorna sempre ao ponto de origem) da crise e do fim que o seu antecessor e o apartheid tiveram, quer editar a xenofobia como forma de, mais uma vez, distrair os seus concidadãos que contestam as deficiências da sua administração: locupletação, corrupção sexual, nepotismo, etc.

Quando Samora Moisés Machel, um dos lideres fundadores da organização dos países da Linha da Frente, precursora da SADCC, hoje, SADC, vaticinou que o “apartheid haveria de acabar com o apartheid” dentro da África do Sul, estava coberto de razão porque assim sucedeu.  

Os cidadãos nacionais da RSA estão a experimentar uma crise de desemprego nunca vivida naquele País, que sempre serviu de porto seguro para os trabalhadores desempregados dos países vizinhos. Mais de 50% da força laboral potencialmente activa não tem emprego. Emprego gerador de salário, que é o critério menos subjectivo de se fazer a distribuição, nem sempre justa, do rendimento nacional de um País.

        Demandam também as fronteiras da África do Sul povos de outros continentes, à procura de melhores condições do que aquelas que encontram em seus países. É assim, que asiáticos, europeus, americanos e da Oceânia também rumam para a chamada Terra do Rand em busca do melhor emprego.

        Gostaria de estar muito enganado! Mas parece-me que a Comunidade Internacional, em geral e os países da SADC, em particular, estão a experimentar exasperante demora na adopção de medidas mais eficazes para a contenção e erradicação destes tumultos que já estão com fortes laivos de xenofobia. Assim sendo, porque esperam os chefes dos Estados da SADC para convocarem uma cimeira cujo único ponto da agenda seria este problema? Ou ainda não é problema bastante que justifique uma cimeira? Ou queremos que grupos extremistas internacionais concretizem as ameaças já feitas segundo as quais se dentro das próximas 24 horas a violência contra os seus compatriotas vivendo na RSA não for terminada eles retaliarão de forma indiscriminada contra cidadãos sul-africanos inocentes por esse mundo fora? Ou queremos que os cidadãos de cada país comecem a fazer “justiça” pelas suas próprias mãos (linchamentos a cidadãos sul-africanos), pondo em causa cidadãos honestos da RSA? A quem estes tumultos estão a servir? Quem está a obter dividendos políticos com estes tumultos?

        O tempo urge! Suas Excelências os actuais Presidentes dos países da SADC devem, com a urgência que os fundadores da Organização dos Países da Linha da Frente o faziam para se defenderem contra as investidas do apartheid, convocar uma Cimeira e discutirem soluções eficazes para acabarem rapidamente estes tumultos na RSA.

        O pavio está acesso na RSA! Não deixemos que o mesmo se alastre para fora da RSA!

        Não conspurquemos a alma de Mandela, que sonhou com um País Arco-Iris para a humanidade. Uma RSA sem raças, tribos, etnias, cores, credos religiosos e outras falsas divisões por nós, pobremente, inventadas apenas para quebrarmos a fraternidade e a Paz entre os HOMENS.

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ALCANCE
… da margem do Rio Pitamacanha
António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)
Maputo, 06 de Maio de 2015

Alguém que trabalhe, a troco de um salário mensal, numa instituição privada ou pública não pode, ele próprio, “auto-conceder-se” um empréstimo por menor que seja o montante e por mais curto que seja o prazo. Aquele que, estando nestas circunstâncias, assim procede, comete um desvio de património alheio passível de ser catalogado como sendo cível ou criminal.

O acto acima descrito está legalmente condenado e chama-se alcance.

O alcance nem sempre ocorre como uma acção premeditadamente de má-fé, porque o seu protagonista lesa a instituição sem intenção dolosa. Infelizmente, a figura da boa-fé está subjacente no alcance, porque quem o pratica fá-lo com a convicção de, posteriormente, repor os dinheiros retirados em forma de auto-crédito.

Em relação à figura do alcance, estamos numa situação similar àquela em que um motorista é acusado de homicídio porque a sua viatura, cuja barra de direcção quebrou, foi colher mortalmente um peão no passeio. Sob o ponto de vista do Código Penal, este motorista é protagonista, sem dolo (sem intenção premeditada) de um crime de homicídio involuntário.

O empregado que comete o alcance é infractor da Lei e do Regulamento vigente na instituição que ele prejudicou com o seu acto, ao beneficiar-se de fundos sem autorização.

O autor do alcance torna-se criminoso porque, embora a figura da boa-fé que se traduz na vontade de ele querer devolver os fundos em data posterior, esteja presente no seu acto, ele, objectivamente, atropelou uma norma legal e regulamentar da instituição lesada.

É errado pensarmos que, pelo facto de o protagonista do alcance, algumas vezes ocupar posições cimeiras na instituição, esteja automaticamente autorizado a praticá-lo.

Alguns até ao retirarem, para proveito próprio e sem autorização, os fundos da sua instituição, produzem uma declaração dizendo que em data determinada os devolverão. Mas, nem assim estão isentos da acusação de terem cometido a indisciplina ou crime do alcance.

O alcance é um acto de uso abusivo de autoridade de alguém em relação ao património alheio posto à sua disposição pela instituição que o contratou para geri-lo criteriosamente e segundo a Lei e Regulamentos internos vigentes.

Em conclusão, ninguém, seja qual o motivo, goza da prerrogativa nem do direito de beneficiar dos fundos da sua instituição empregadora – privada ou pública – através do alcance.