terça-feira, 2 de junho de 2015

Quatro cronicas de António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele), diretas de Mozambique



Peregrinação
Maputo, 20 de Maio de 2015
Crentes e não crentes na Virgem Maria Santíssima, católicos, cristãos em geral, milhares de moçambicanos praticantes dos muitos credos existentes em Moçambique, Zona Libertada da Humanidade, porque não padece de preconceitos de qualquer ordem, em romaria interminável de fim-de-semana de 15 a 17 de Maio de 2015, participaram, ecumenicamente, no turismo religioso chamado “Peregrinação ao Santuário da Namaacha”, que todos os anos acontece naquela Vila autárquica localizada numa das partes mais austrais do nosso País, que, pela sua orografia e clima ameno, alguém alguma vez, com inigualável criatividade, a chamou de Suíça africana.
A já de si bela Namaacha fica sempre mais linda, como mulher discretamente maquilhada, ante o calor, a alegria e o fervor religioso trazido dentro dos corações de cada um dos milhares de peregrinos que a visitam.
A peregrinação ao Santuário da Namaacha é dos acontecimentos religiosos de maior impacto que, anualmente, Moçambique acolhe. É a grande festa da Fé. É o turismo da Maria Imaculada Santíssima. É o comício dos Católicos moçambicanos para ouvirem a mensagem de Deus. Os irmãos em Cristo e todos os moçambicanos pretextam aquela peregrinação para melhor se aproximarem do seu irmão, do seu amigo e até as “pazes” fazer com o seu inimigo.
Sem beatices desesperadas, nem cenas de extremismo religioso, cada um fica em permanente e íntima oração, juntando-se, depois à Santa Missa campal, tradicional e normalmente celebrada pelo Arcebispo da Diocese de Maputo, que é a supervisora eclesiástica daquela vila.
Porque se trata de uma peregrinação com propósitos importantes, não há excessos atentatórios à integridade física, moral e patrimonial dos seus participantes. Graças a Deus, durante a peregrinação, não se têm registado nenhum tipo de incidentes de consequências graves para os seus participantes e populações hospitaleiras. Felizmente nunca se registam, como moda, ferimentos graves nem mortes.
Alguns fazem o trajecto até a Namaacha, partindo de vários pontos da Província de Maputo, a pé. Durante a caminhada, uma boa parte da mesma feita à noite, até as serpentes e malfeitores se abstêm de fazer mal aos peregrinos desta festa da Maria Imaculada.
As provisões alimentares individuais que os peregrinos levam são de todos os caminhantes, partilham entre si, e por esta razão a mesma sacia de forma equitativa aos participantes.
Mas acima da oração, esta peregrinação tem uma outra grande intenção! Todos os moçambicanos rezarem para que Deus amoleça os corações dos moçambicanos, em geral, e os dos nossos políticos, em especial, para que façam tudo ao seu alcance para que tenhamos sempre PAZ.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)

Alimentação
Mocuba, 27 de Maio de 2015
Sempre que viajo é meu costume entremear conversas que mantenho com os residentes, escutando as rádios locais e lendo os jornais da terra aonde me encontro.
A Rádio Comunitária da Cidade de Mocuba, dizia que, por já haver abundância de comida, as mandioqueiras permanecem intactas, transformando-se em árvores de porte quase médio.
Nos últimos tempos, pouca gente procura a mandioca para a comer como prato sem alternativa na sua dieta alimentar corrente.
Hoje, felizmente, a mesa do camponês da Cidade e do Distrito de Mocuba é farta e versátil.
Hossanas para o esforço dos machambeiros, que, sem nunca terem sido preguiçosos, organizaram-se em moldes mais modernos para produzirem para comer e vender.
Cantemos glórias, também, às autoridades do Governo, municipais e tradicionais, que, numa iniciativa coordenada, conseguiram melhorar a qualidade de integração das populações nesta ambiciosa e possível missão de produzir comida a preço acessível à maioria das pessoas.
Estamos satisfeitos porque uma parte do povo moçambicano de Mocuba e das suas cercanias já não padece de fome derivada à falta de comida em termos meramente quantitativos. Talvez ainda esteja a padecer da fome gerada pela qualidade de alimentos que normalmente usa na sua dieta quotidiana.
Muitos já têm algo que introduzir no estômago, pelo menos, uma vez por dia. Este indicador de qualidade de vida já é muito bom. Importa, entretanto, sabermos se este povo comendo assim mais quantidades de alimentos se já está sendo bem nutrido.
Comer é um acto cultural de cada povo. Por razões culturais povos há que tendo muita variedade de alimentos, é malnutrido porque ainda não detem informação científica bastante que o conduza a comer qualidade e não somente quantidade. Quando esta situação ocorre estamos perante pessoas bem comidas (sem escassez de alimentos no estômago), mas malnutridas porque os produtos consumidos não são, qualitativamente, os melhores no quadro das possíveis alternativas do seu cabaz de alimentos.
As estatísticas lidas numa única vertente vão disparar informações exactas, dizendo que o povo já está a comer mais. Mas numa tentativa de humanizar esta mesma informação estatística, seria interessante termos mais dados acerca do tipo e da qualidade de alimentos que o povo está a comer visando elevar os seus índices de nutrição.
Nesta fase do processo ocorre sugerir que o nutricionista deveria entrar em cena nacional para ensinar o nosso povo a bem comer os alimentos que ora possui em abundância.
O nutricionista deve, por exemplo, ensinar a comer a mandioca e outros produtos do nosso cabaz de alimentos: quando, como e em que quantidades.
Porque o organismo humano precisa, em quantidades cientificamente estudadas, também de mandioca, o nutricionista terá que nos ensinar como introduzir este tubérculo na dieta alimentar do povo e nunca eliminá-lo totalmente da mesma.
A par do esforço que o Governo tem feito para que o índice de produção de alimentos aumente, urge que trabalho paralelo de aumento da acção de nutricionistas também seja desencadeado à escala nacional.
Da mesma forma que há técnicos básicos e médios em outras especialidades, o Governo terá que equacionar a hipótese de formar nutricionistas rurais, seleccionando localmente para esta profissão jovens com a Décima Segunda Classe do Ensino Geral e que estejam, neste momento, desempregados.
O investimento inicial desta operação, que poderá parecer cara e quimérica, poupará o País de, ulteriormente, gastar muito mais pagando a factura da cura de doenças causadas pela malnutrição, problema este que se torna endémico e hereditário porque se transmite de ascendes para descendentes de forma irreversível.
António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)

Progresso
Mocuba, 29 de Maio de 2015
O Homem, por defesa instintiva, nutre medo em relação à inovação. Teve medo de deixar a carroça tirada a bois para o moderno automóvel de motor automático. Os nossos ancestrais levaram tempo a acreditar que o conforto da caverna seria superado pelo moderno apartamento plantado num 33º. andar de um prédio numa cidade.
Os nossos avôs nunca acreditaram que na cidade alguma vez fossem, potencialmente, encontrar melhor qualidade de vida que a do meio rural, que os seus avoengos morreram sem nunca o terem abandonado. E é verdade que, em sociedades funcionando sem cataclismos que mexam com o tecido social, o Homem rural é relutante em trocar este seu "habitat" pelo meio urbano.
Todavia, a mudança ocorreu, paulatina e irreversivelmente, de tal sorte que hoje apenas, por mera fruição dos prazeres do turismo ou por pruridos de investigação científica, é que o Homem, alguma vez, voltará às cavernas. Vale isto dizer que o modo de produção capitalista, por força da evolução dialéctica do mundo - sempre avançando de estádios inferiores para superiores - será substituído, gradualmente, por outro mais forte e moderno.
Pouco importa o nome deste novo modo de produção, mais moderno que o actual, porque o essencial da questão é que a sua prevalência é uma inevitabilidade do processo histórico e dialéctico. Não foi porque o Homem quis que o processo histórico do planeta atingiu o actual estágio, tendo ficado para o passado (a sequência pode não ter sido esta) o esclavagismo, o feudalismo, o absolutismo e estamos hoje a viver um capitalismo híbrido, mesclado de muito socialismo e comunismo, como modos de produção qualitativa e dialecticamente mais avançados.
Por instinto de autodefesa o ser humano é conservador por excelência e, por força desta sua qualidade congénita, ele reage muito mal às mudanças, chegando até ao extremo da violência.
Portanto, é legítimo que a maioria do comum do Homem capitalista jamais acredite na existência de um modo de produção mais avançado que o actual. Por défice de informação o Homem ignora que o próprio capitalismo está em permanente evolução e que ele mesmo, para sua sobrevivência, tal como os repteis para sobreviverem aos rigores invernais, mudará, após a sua hibernação, a sua imagem interior e exterior, assumindo nova pelagem ou penugem. Assim sendo, nesta fase do processo evolutivo, sem hiatos de transição, o capitalismo beneficiará de uma transmutação histórico-dialéctica para outro modo de produção qualitativamente mais avançado.
Foi por ignorância que a aldeia comunal, a cooperativa, a machamba estatal, a segurança social, o ensino e a saúde gratuitos, a vigilância popular, guia de marcha, o chefe do quarteirão foram e ainda hoje o são combatidos no nosso País. Países evoluídos como a Suíça, Israel, Japão, Canadá, Rússia, Dinamarca, Noruega, República Popular da China, Vietnam, Cuba (apesar do bloqueio americano de quase seis décadas, mas porque é socialista, jã não figura entre os países subdesenvolvidos), e muitos outros tenham amalgamadas dentro do seu sistema de funcionamento aquelas realidades de governação colectiva da sociedade.
Marx não foi o primeiro a pensar numa sociedade comunista. Filósofos e escritores seus predecessores, fazendo críticas à sociedade em que viviam, propuseram soluções do tipo socialista e também comunista. Todos desejavam uma sociedade em que não houvesse conflitos de classe, sem classes sociais que tivessem o monopólio de qualquer sector fundamental da actividade humana.
Anunciaram a “planificação centralizada" da produção, uma "sociedade mundial"em que o poder estivesse nas mãos dos homens de ciência e dos dirigentes da economia. Falaram da sociedade do futuro como uma “federação de comunidades comgoverno próprio". Advogaram a eliminação da separação entre trabalho intelectual e manual, entre o trabalho industrial e agrícola. Proclamaram que a libertação da mulher era essencial para a emancipação em geral. (in Google, 26/05/15).
Em conclusão, estudemos com mais atenção e melhor honestidade a História da humanidade para que possamos ensiná-la correctamente aos nossos netos, pois estes precisam de saber viver o presente, mas bem perspectivando o seu futuro.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)


Quadros
Mocuba, 04 de Junho de 2015
África, em geral e Moçambique, também, em particular, se debate com a falta de quadros que dominem a ciência e a técnica para acelerarem o nosso desenvolvimento.
A propósito desta triste realidade, com a devida autorização do autor, citarei, "ipsis vrbis" uma passagem magistralmente bem escrita sobre este assunto por Tokwene no seu último romance "Mai-Mai, a Graça na Desgraça".
Eis o que Tokwene nos ensina cerca deste fenómeno:
"De Gorongosa para Caia, foi uma verdadeira viagem de descoberta. Numa extensão sem limites, eles podiam contemplar uma imensa mata grossa que se estendia desde a estrada até ao interior, em direcção à imensa, extensa, gigantesca e imponente serra que dava nome a toda a região.
Uma variedade infinita de plantas, árvores, arbustos e capim povoavam a floresta com o verde viçoso de folhas cheias de vida e esperança. Era uma floresta ainda virgem com terras ainda por desbravar, explorar e habitar.
Mais adiante, despontava uma imensa savana com terras também virgens e extensas. Surpreendida, Joalina questionou.
– Porque disputam os homens a terra, em Moçambique, se há tanta terra virgem por desbravar, explorar e habitar?
– Essa é a já velha contradição com que os países pobres do mundo vão ter que conviver, ainda por muito tempo. Em África, de modo particular. Ao mesmo tempo que os países, em África, dispõem de um manancial quase ilimitado de recursos naturais, eles confrontam-se com a falta de quadros e técnicos qualificados capazes de transformar esses recursos naturais em riqueza para o benefício dos seus cidadãos. Falta, aos países africanos, o primeiro e o mais importante de todos os recursos. O capital humano. Capital humano tecnicamente preparado. Qualificado. Competente. Capaz de explorar as recursos naturais do solo e do subsolo que os países possuem em abundância. Repara numa coisa, Jó. Onde é que as pessoas disputam terras e espaços em Moçambique? Não é no campo. É nas cidades. Nas vilas. Nos centros urbanos ou urbanizados. E, porquê? Porque é nas vilas e cidades que existem condições de vida já criadas. Serviços de saúde, educação, transportem, habitação, comércio, comunicações e outros. Foi para lá que os Moçambicanos foram viver, depois da independência, substituindo-se aos colonos. Saíram os colonos, entraram Moçambicanos. Mas, depois, que políticas foram desenhadas para o uso e aproveitamento sustentável de terras para além dos que já existiam no tempo colonial? Entretanto, as terras existem em abundância em Moçambique. Mas, faltam políticas claras, coerentes e exequíveis, no país. E o resultado é esta contradição gritante. Muita terra virgem, desocupada, sem ninguém. Ao mesmo tempo que há muita gente a disputar terras. Como surgiram as vilas e cidades que temos, hoje? Elas não existiram sempre. As vilas e cidades foram construídas por homens. Porque não fazem o mesmo os moçambicanos, hoje? Porque não constroem vilas e cidades novas em novos espaços que existem em abundância? Não existe, em Moçambique, uma única vila ou cidade construída depois da independência. Entretanto, a população cresce, a cada dia que passa e ao rítmo acelerado. Nas vilas e cidades, sobretudo. O resultado é o que está à vista. Vilas e cidades a rebentar pelas costuras. Não há infra-estrutura que resista à pressão que as vilas e cidades sofrem, hoje, em Moçambique. As cidades e vilas foram tomadas de assalto sem observância de princípios mínimos de urbanismo.
– Talvez porque a construção de novas vilas e cidades implica custos enormes. Desafios grandes. Se já é difícil manter o que existe, quanto mais construir vilas e cidades novas!...
– Pois, é. Mas, nós não podemos continuar a viver só do passado que nós não construímos. Temos que começar a pensar num futuro que que seja construído por nós. A partir da nossa imaginação, do nosso trabalho, da nossa iniciativa.
– Mas, realmente, isto aqui é mato demais!... Muito mato. – disse Joalina.
– É. É riqueza que muitos países do mundo não têm. Mas, nós temos. Precisamos apenas de aprender técnicas e conhecimentos científicos que nos permitam saber como tirar proveito desta riqueza natural. Não basta ter o diamante. É importante saber como lapidá-lo para termos a jóia nas mãos. – observou Mai-Mai."
Portanto, mudando o que houver a mudar, deveriamos retirar da passagem deste romance os ensinamentos que nos possibilitariam resolver a médio e longo prazo este défice de quadros no nosso País.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)

Natureza
Mocuba, 05 de Junho de 2015
"Deus perdoa sempre; o Homem algumas vezes; a natureza nunca!", sábio ditado dos ambientalistas que tive a oportunidade de constatar em Mocuba, devastada pelas chuvas diluvianas de Fevereiro de 2015, cujos efeitos vieram agravar à já de si crónica erosão, há muito corroendo esta linda e promissora municipalidade de gente muito trabalhadora e honesta.
A chuva realmente caída sobre a cidade de Mocuba, dizem os seus moradores, até nem foi anormalmente intensa que justificasse os efeitos catastróficos causadas nos solos urbano e dos arredores, que ficaram sulcados com profundas crateras, cujo tapamento será de custo muito elevado, porque exigirá a utilização de trabalhos sofisticados de grande engenharia.
Sem perda de tempo, à falta de uma explicação científica para o fenómeno, a fértil crendice popular não perdeu tempo em encontrar explicações. Uns asseguram que foi castigo de Deus para punir os feiticeiros que abundam na cidade e cercanias. Outros afirmam que a ira Divina decidiu limpar este lugar das drogas que estavam escondidas a seu montante e foram levadas para o mar as destruir. Os de maior criatividade para a ficção obscurantista juram a pés juntos que o dragão ou serpente gigante existente na nascente do Rio Licungo, lá para as frescas montanhas do Gúrué, ficou zangado/a porque pessoas atrevidas foram provocá-lo/a mexendo as suas terras à procura de pedras, metais e outras riquezas no seu subsolo.
Estas explicações populares ganham maior aderência popular porque, o troço do Rio Licungo que passa por Mocuba, nos últimos anos tem sido de baixíssimo caudal, mesmo na época de maior pluviosidade, transbordou centenas de metros para fora de ambas as suas margens, sem que tivesse chovido bastante.
Soa importante referir que a erosão, antes de ser um problema físico do fórum da geotecnia, é uma questão económica e social com forte enraizamento político. Vale isto dizer que terá efeitos paliativos tentar-se atacar este fenómeno sem se tomar em linha de conta a esta trindade de pilares que estão na sua origem
A erosão é um problema económico e social porque o tecido social (social fabric) do País em geral e do meio rural, em particular, onde deveria viver e trabalhar, de modo sedentário, a maior parte da população moçambicana (80%) continua a não oferecer qualidade de vida atractiva aos camponeses, de modo a que estes não sintam necessidade de rumar para os lugares comparativamente mais urbanizados que o campo. Assim, o camponês muda-se para as cidades e vilas, mas como não é dotado de valências técnico profissionais para exercer uma actividade que garanta a sua sobrevivência naquelas, dedica-se a fazer machambinhas em espaços poucos aconselháveis para esta faina. A par desta carga sobre o solo para o exercício da actividade agrícola, o camponês ergue a sua cabana em qualquer sítio sem obedecer aos planos directores existentes nos centros urbanos. Machambas, casebres em lugares inapropriados, eliminação de árvores para obtenção de combustível lenhoso e movimentação incessante de pessoas no exercício do comércio informal propiciam um ambiente susceptível à vulnerabilidade do solo à erosão.
A origem económica da erosão é, também, agravada pelo abate descontrolado das florestas para exploração de madeira ou para aproveitamento agrícola, porque estas actividades deixam as terras sem capacidade de retenção das águas pluviais, que assim correm descontroladamente para o leito dos rios aumentando de forma anómala o seu caudal, deixando as matas sem o seu natural e saudável encobrimento verde. A questão é que parece que já nos esquecemos que a árvore é um presente que Deus nos deu para o legarmos aos nossos netos e que ela é a nossa irmã vegetal de extrema importância para o equilíbrio da mãe natureza na qual o homem está integrado.
A erosão é um problema de engenharia, cuja implementação, com eficácia, mexerá com a vida, património e crenças das pessoas porque poderá implicar reassentá-las noutros locais, distantes do seu trabalho, da escola dos filhos, dos seus amigos e até dos seus defuntos, dado que a velha tradição dos cemitérios familiares é, por vezes, trazida pelo camponês para as cidades.
A erosão é um delicado problema político que porá à prova a capacidade de as autoridades terem a coragem de, em tempo oportuno, solucioná-lo mediante a adopção de medidas apropriadas de efeito duradoiro e não por campanhas de resultado efémero.
Porque nem com os entendimentos obtidos na Cimeira da Terra na Cidade do Rio de Janeiro, Brasil, em 1992, consubstanciados pelo Acordo do Kyoto no Japão, anos mais tarde, o Homem ainda não se convenceu que ele é o principal predador da natureza, urge educá-lo desde a sua infância através da introdução de conteúdos didácticos mais assertivos nas disciplinas de Meio Ambiente, Ciências Naturais, Geografia, Português e outras Línguas para que no subconsciente das crianças fique inculcada a necessidade de amá-la e respeitá-la como elas o fazem em relação às suas mães uterinas porque sem ela equilibrada a nossa existência como entes povoadores do Planeta Terra estará irreversivelmente ameaçada.
Portanto, a erosão terá que ser resolvida através de medidas económicas que modifiquem o actual paradigma de gestão global do nosso País, de tal sorte que os factores, objectivamente, causadores daquele fenómeno físico contra o solo sejam erradicados.

António Nametil Mogovolas de Muatua (António Matabele)


Montagem e postagem por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene, Fórum África e Cabeças Falantes.






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