quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mes da Consciencia Negra na USP 2011


Sobre o NCN

Tendo como fundação o ano de 1987, o Núcleo de Consciência Negra na USP (NCN-USP) nasceu da necessidade de funcionários, estudantes e professores da Universidade de São Paulo (USP) de discutirem o espaço do negro e negra no interior desta instituição acadêmica, em particular, e na sociedade em geral. 

A organização em torno da temática da questão racial visa sobretudo a ampliação do espaço acadêmico, como também uma maior influência e ocupação da estrutura de poder da Universidade. Desde sua formação, no que pese os vários obstáculos enfrentados, o NCN-USP tem realizado inúmeras atividades acadêmicas e culturais, consolidando-se como um centro de referência para as questões que envolvem a negritude e assumindo um papel efetivo de grupo de pressão contra as ações discriminatórias e racistas oriundas da própria USP ou da sociedade em geral.

O Núcleo de Consciência Negra é uma entidade de caráter sócio-político-cultural, preocupada com as manifestações gerais de interesse dos negros realizadas pelos funcionários, alunos e docentes da Universidade de São Paulo e outras pessoas interessadas e integradas nos trabalhos do Núcleo. Na prática isto tem se traduzido na realização de atividades de denúncia e combate ao racismo, na realização de debates e atividades no interior da universidade e, particularmente, no desenvolvimento de projetos educacionais e sócio-culturais em nossa sede. Desde sua fundação o Núcleo tem sido coordenado de forma colegiada. Além dos coordenadores, temos colaboradores que dedicam-se à organização e desenvolvimento de áreas específicas do Núcleo de Consciência Negra. 


Fontes: Scielo Brasil e NCN da USP



Pesquisa e postagem: Oubí Inaê Kibuko, diretor de Marketing e Comunicação do Fórum África e um dos coordenadores do Cine Afro Sembene.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

19/11/2011 - Cineclube Afro Sembene apresenta: Infância Roubada

Informações complementares

A África do Sul, oficialmente República da África do Sul, é um país localizado no extremo sul da África, entre os oceanos Atlântico e Índico,com 2.798 quilômetros de litoral.[4][5] É uma democracia parlamentar, limitado pela Namíbia, Botsuana e Zimbábue ao norte; Moçambique e Suazilândia a leste; e com o Lesoto, um enclave totalmente rodeado pelo território sul-africano.

A África do Sul é conhecida por sua diversidade de culturas, idiomas e crenças religiosas. Onze línguas oficiais são reconhecidas pela Constituição do país.Duas dessas línguas são de origem europeia: o africâner, uma língua que se originou principalmente a partir do holandês que é falada pela maioria dos brancos e coloured sul-africanos, e o inglês sul-africano. O Inglês é a língua mais falada na vida pública oficial e comercial, entretanto, é apenas o quinto idioma mais falado em casa.


Cultura da África do Sul
Não existe uma única cultura sul-africana, devido à diversidade étnica do país, e cada grupo racial tem a sua própria identidade cultural. Isto pode ser apreciado nas diferenças na alimentação, na música e na dança entre os vários grupos. Há, no entanto, alguns traços unificadores.

Culinária
A culinária sul-africana é fortemente baseada em carne e gerou a reunião social tipicamente sul-africana chamada braai. A África do Sul também se tornou um grande produtor de vinho, possuindo algumas das melhores vinhas do mundo nos vales em torno de Stellenbosch, Franschoek e Paarl.


Música
Existe uma grande diversidade na música da África do Sul. Muitos músicos negros que cantavam em africâner ou inglês durante o apartheid passaram a cantar em línguas africanas tradicionais, e desenvolveram um estilo único chamado kwaito. Digna de nota é Brenda Fassie, que alcançou fama graças à sua canção "Weekend Special", cantada em inglês. Músicos tradicionais famosos são os Ladysmith Black Mambazo, e o Quarteto de Cordas do Soweto executa música clássica com sabor africano. Os cantores sul-africanos brancos e mestiços tendem a evitar temas musicais tradicionais africanos, preferindo estilos mais europeus. Existe um bom mercado para música africâner, que cobre todos os géneros da música ocidental.



Esporte
O Rugby é o esporte nacional da Áfica do Sul, sua seleção venceu a Copa do Mundo de Rugby em duas ocasiões, em 1995 e 2007 sendo que a de 1995 foi sediada na África do Sul, outros esportes muito praticados são o Críquete, Futebol, Atletismo e Natação. Também sediaram a Copa do Mundo de Futebol de 2010


O cinema sulafricano pós-apartheid: resgates, transições e desafios

por: Rodrigo Oliveira Fonseca

Resumo: Muito mais fortes e desveladoras são as imagens do cinema sulafricano pós-apartheid. Filmes muito pouco conhecidos entre nós em função do sistema de monopólio das grandes distribuidoras, mas que vez por outra podem aparecer nos circuitos acadêmicos e de festivais. Abaixo temos dois ótimos exemplos do que pode ser concebido como cinematografia de autoconhecimento e reflexão. A Celebração (Umgidi, de Gilliam Schutte e Sipho Singiswa, 2004) e Drum (Zola Mazeko, 2004), respectivamente um documentário e uma cinebiografia, foram realizados no aniversário de dez anos do fim do apartheid, e exploram, cada um a seu modo, desafios que implicam em olhar o passado e projetar luzes para um futuro. Clique aqui e baixe o artigo completo em PDF.

Links relacionados: 

Histórico sobre a África do Sul



Pesquisa e Postagem: Oubí Inaê Kibuko, Diretor de Marketing e Comunicação do Fórum África e um dos coordenadores do Cineclube AfroSembene.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

15/10 Cine Afro Sembene apresenta: O grande bazar, de Licinio Azevedo



O filme centra-se na figura de Paíto, um moçambicano de 12 anos que, após ter sido roubado por um bando de rapazes, decide não voltar a casa enquanto não recuperar o que perdeu. Paíto passa a viver num mercado da capital moçambicana onde conhece Xano, um pequeno ladrão da sua cidade com o qual forja amizade e partilha aventuras. Vendedores, clientes, ladrões e a vida insólita do bazar constituem o pano de fundo. Pelos olhos do jovem Paíto percebemos bem de perto o que significa (sobre)viver numa cidade no sul de África. O filme aprecia com vagar ambientes e cenas comovedoras, transmitindo um olhar sem disfarce sobre o quotidiano. Fonte: Cine África 
Sobre o diretor: Cineasta, produtor e escritor brasileiro, Licínio Azevedo nasceu em 1951, em Porto Alegre (Brasil). Radicado em Moçambique desde 1975, trabalhou no Instituto Nacional de Cinema, acompanhando trabalhos dos realizadores Ruy Guerra e Jean-Luc Godard. Orientou, durante cinco anos, o programa de televisão semanal, Canal Zero, do Instituto de Comunicação Social em Moçambique. É um dos fundadores da empresa moçambicana de produção de cinema Ebano Multimedia. Produziu seu primeiro longa-metragem moçambicano de ficção, O Tempo dos Leopardos, baseado no seu próprio livro sobre a guerra da independência “Relatos do Povo Armado” (1983). Realizou vários documentários que obtiveram diversos prêmios. Saiba mais em: Infopedia



Sobre Moçambique: Moçambique, Republica de Moçambique, é um país da costa oriental da África Austral, limitado a norte pela Zâmbia, Malawi e Tanzânia, a leste pelo Canal de Moçambique e pelo Oceano Índico, a sul e oeste pela África do Sul e a oeste pela Suazilândia e pelo Zimbabwe. Capital - Cidade de Maputo. Língua Oficial: Português. Outras línguas nacionais: cicopi, cinyanja, cinyungwe, cisenga, cishona, ciyao, echuwabo, ekoti, elomwe, gitonga, maconde (ou shimakonde), kimwani, macua (ou emakhuwa), memane, suaíli (ou kiswahili), suazi (ou swazi), xichanga, xironga, xitswa e zulu. Sistema político: Democracia Multipartidária. Data da Independência: 25 de Junho de 1975. Saiba mais em: Mozambique.org

O cinema em Moçambique - excerto: Diferentemente de outros países africanos, Moçambique teve, mesmo antes de sua independência, uma relação privilegiada com o cinema. A nova República Popular de Moçambique, tornada independente em 1975, iniciou um processo de transformação política, social e cultural, em muito inspirado nos exemplos soviéticos e cubanos. A FRELIMO - Frente de Libertação de Moçambique –, visando cumprir objetivos políticos, investiu fortemente na produção de filmes, especialmente no gênero documentário, e soube utilizar o cinema como meio de afirmação e unificação – em um país que conta com 28 línguas reconhecidas e muitos dialetos – bem como meio de pressão diplomática. Além da produção, a exibição de filmes moçambicanos também tornou-se uma prioridade para o governo no período pós-independência. Em 1978, a pequena indústria de distribuição e exibição é nacionalizada, e é criado o “Cinema Móvel”, trinta e cinco carros equipados para projeções itinerantes que levavam às aldeias os filmes intitulados Kuxa Kanema (“Nascimento do Cinema”). O cinema móvel difundia o discurso do governo em zonas rurais, bem como propiciava a descoberta do cinema para platéias de regiões remotas. Texto completo de Alessandra Meleiro com colaboração de Mahomed Bamba em:  Buala - Cinema e Cultura Africana.


Links relacionados a Licinio Azevedo e sobre Cinema em Moçambique:
 
 
-- Filmografia completa de Licinio Azevedo até a presente data
Em: Wikipédia - Licínio Azevedo 

-- Moçambique com os Mirage Sul-Africanos a 4 minutos
Editora Global - São Paulo/SP – 1980

-- Faróis: Licínio Azevedo - entrevista
Fonte: O Globo

-- Versus – vários autores - Toninho Mendes (organizador)
Editora Azougue - Rio de Janeiro – 2007

-- Cinema de Moçambique
Links diversos em: www.google.com.br
 
 
-- Os cinemas africanos: pela descolonização da mente
por Marcelo Ribeiro


Cine Afro Sembene
Cinema africano todo terceiro sábado



Pesquisa e postagem: Oubí Inaê Kibuko – diretor de Marketing e Comunicação do Fórum África e um dos coordenadores do Cine Afro Sembene.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O escritor na biblioteca apresenta Geni Guimarães

Quilomboletras convida


Criado em 1981, o projeto "O Escritor na Biblioteca" coloca os escritores em contato pessoal com os leitores. Através de um painel de debates, o escritor apresenta sua obra e relata suas experiências, promovendo a aproximação com os leitores e estimulando a criação literária e o gosto pela leitura.



Sobre Geni Guimarães
Professora, poeta e ficcionista, Geni Guimarães se aproximou nos anos 1980 do grupo Quilombhoje - Literatura, responsável pela organização e publicação anual da série Cadernos Negros  e do debate em torno da literatura negra. Entre suas obras estão "Leite do peito", "A cor da ternura", "Da flor o afeto" e "Terceiro filho". A escritora vem às Bibliotecas por meio de uma parceria com o Grupo Quilomboletras e, além de conversar com o público, ela também lerá alguns de seus poemas e contos.

Dia 8 de outubro 2011, sábado, às 14 horas
Biblioteca Alceu de Amoroso Lima 
Rua Henrique Schaumann, 777 - Metrô Pinheiros e/ou Sumaré
Pinheiros - CEP 05413-021 - São Paulo, SP
Tel. 11 3082-5023


Links relacionados:

Geni Guimarães, uma escritora negra
Literafro - UFMG


Quilombhoje - Literatura


SOBRE O QUILOMBOLETRAS - CLUBE NEGRO DE LEITORES
Grupo que objetiva a troca de impressões de leitura. Seus encontros bimensais, sempre das 14 às 18 horas, ocorrem em locais itinerantes, a partir da leitura de livros de ficção, poemas, contos ou peças de teatro de autores negros brasileiros e estrangeiros. Como impressão de leitura entende-se o conjunto de idéias, emoções e reflexões geradas no ato da leitura. Para participar é preciso ser convidado pela coordenação do grupo, cumprir e respeitar algumas exigências:

O Quilomboletras - Clube Negro de Leitores, para garantir êxito em suas reuniões, adotou as seguintes regras para todo e qualquer participante, sem exceção:
* Ler inteiramente o livro proposto para o encontro.
* Apresentar verbalmente suas impressões sobre a leitura realizada e ouvir as impressões de todos os demais.
*Respeitar o tempo máximo estipulado pelos coordenadores para cada participante se manifestar.
* Não levar acompanhante que não esteja inscrito e/ou que não tenha lido todo o livro indicado.
* Inscrever-se até a data prevista, e aguardar a confirmação da equipe de coordenadores, pois as inscrições serão aceitas por ordem de chegada até atingirem o número máximo de 20 pessoas.
* Não atrasar, porque, depois do início do encontro, não será permitida a entrada no recinto, nem justificativas para faltas.
* Não dar a desrespeitosa "passadinha", ou seja, não sair antes do término previsto.
* Confirmada a inscrição, não faltar ao encontro.
* Local: o endereço será informado posteriormente. Observação: o local estará disponível a partir das 13 horas e 30 minutos.
Vai ser bom se você vier participar conosco.
Coordenação: Mirian Rocha, Luiz Silva (Cuti), Vanderli Salatiel




Pesquisa e postagem: Oubí Inaê Kibuko
Diretor de Marketing e Comunicação do Fórum África e um dos coordenadores do Cine Afro Sembene.


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Um livro pioneiro sobre o cinema em e de Moçambique

Uma história político-cultural do Moçambique colonial até à República de Moçambique (1896-2010).
 
Estou a ver o Guido Convents à minha frente, como se diz em português moçambicano, com seu ar solene, vagamente nostálgico, ou não fosse ele filho desse “Plât Pays” de que falava Brel, cantando-o, em francês. Que me perdoe ele a referência à língua de Yourcenar, agradável alusão, adivinho-a, para Monsieur. Pedro Pimenta, seguramente sentado a seu lado. Circunstância que dá une Belgique linguística e inusitada em Maputo. Guido Convents é de etnia flamenga. Não se riam…

Vejo-os porque há um filme batendo na cabeça que permite estas misteriosas artes de sangoma. Que ninguém se assuste e não trema a voz a Cristiana Pereira, esforçada leitora destas palavras de inscrição, que não de circunstância. Ao público presente,  aos cineastas e a todos os amantes do cinema, aquele Abraço.

Os Moçambicanos perante o cinema e o audiovisual – uma história político-cultural do Moçambique colonial até à República de Moçambique (1896-2010), que tive a honra e o prazer de rever, é uma obra seminal, pioneira.Trata-se do primeiro e abrangente olhar sobre o que foi a exibição, recepção e produção de imagens no imenso e belo território à beira-Índico pulsando. Obra extensa, com rigores metodológicos e profusa bibliografia, não deixa de se constituir como uma narrativa, em caleidoscópio, desse “mundo do cinema”, como gosta de salientar o autor, presente em Moçambique quase imediatamente após a céllebre sessão dos irmãos Lumière, em Paris. Estava Ngungunhane a começar a sofrer o seu exílio, nos Açores, tumultuava a terra moçambicana no começo de uma saga de ocupação que só terminaria em 1975.

Como humilde copy desk, não me cabe fazer a apresentação da obra. Devo dizer que, diante de tanto texto, às vezes escrito em “belguês”, me senti como o tipógrafo-revisor Raimundo, da obra de Saramago, tentado a mudar uma simples vírgula, não para adulterar a prosa, mas para conseguir abraçá-la por inteiro e de uma vez, restituindo-a à língua de Craveirinha. Mas como ganguissavam as palavras!… Só espero não ter falhado muito. Se notarem uma ou outra gralha, deixem-me ao menos subir às palmeiras, para citar o verso de António Jacinto e título do filme de Joaquim Lopes Barbosa, cujo, em sessão clandestina, vi no estúdio de Courinha Ramos, na antiga Latino Coelho.

Sobre o livro falarão, decerto, outros e mais autorizados leitores e especialistas. Eu não passo de um fantasma, uma tela de palavras, cuja articulação, sentido e som, vos chega na pausada leitura de Cristiana Pereira.

O que pretendo é fazer uma declaração de amor. Não se surpreendam nem tirem conclusões apressadas… Sou obrigado a este texto por irrecusável directiva de Pedro Pimenta. É ele o responsável.

E a declaração de amor tem como objecto de desejo essa magia de luz e som que dá pelo nome de cinema.

Com este trabalho de Guido Convents dei por mim a fazer um imenso flash back. Vi-me a subir o elevador do Prédio Paulino Santos Gil para ir pagar as quotas do Cine-Clube, a descer do Alto Maé à baixa para assistir à estreia, no Varietá, do Lawrence da Arábia, de David Lean, com o velho porteiro e contínuo, o Picão, a dar-nos calduços no toutiço, que era o preço de uma entrada de borla, nós, espécie de “les enfants du paradis”, sozinhos, com um pirolito e um remexer de bolsos a ver se ainda dava para uma Coca-Cola. E a tarde de sábado, britânica… suspiraria Reinaldo Ferreira. Rememorei o que me contou José Craveirinha sobre as sessões no cinema popular que ficava na 24 de Julho onde é hoje o Museu da Revolução. E voltei a ver o letreiro já muito esbatido de um certo cinema “Variedades”, no Alto Maé, em cuja construção um avô colonial e pedreiro trabalhou.

Ao filme interior, que esta obra de Guido Convents me suscitou, acrescentou-se a aprendizagem de tanto “facto/fado” ligado à aventura das imagens em Moçambique. Porque se trata de um livro com interessantes surpresas. A começar pela pelicula que se estreia no famoso cinema Império, da avenida de Angola. Depois, a rede de exibição que a Igreja católica, mas também outras confissões, mantinham junto da então chamada população indígena. O que eles viram meu Deus! Não se riam.

Tendo como fonte principal O Brado Africano, Guido Convents fornece-nos matéria para melhor percebermos como as diversas camadas que então constituíam a sociedade colonial se posicionavam em relação ao “mundo do cinema”: do proselitismo imperial e confessional ao posicionamento, com inquietações identitárias, das diversas camadas dos chamados filhos da terra. E de como o cinema, anos mais tarde, já em pleno impacto da luta de libertação, serviu como medidador e metaforização do debate político urbano sobre a afirmação nacional moçambicana. E foi instrumento de propaganda e divulgação da luta armada.

Do pós-independência falarão os ilustres apresentadores da obra. Aliás, atenta e minuciosa segunda parte deste livro. O que me ocorre é perceber o imenso interesse que o fenómeno cinemaográfico em Moçambique está a suscitar entre estudiosos, um pouco por todo o mundo, e de como nos pertencem também, aquelas imagens que os outros fizeram sobre nós. Mesmo as que estejam eivadas das singulares e imperiais retóricas que bem conhecemos.

Como ósculo final - happy end, portanto -, para esta misteriosa dama de Xangai na sua sala de espelhos, não queria deixar de homenagear os cineastas moçambicanos, cuja difícil e já significativa aventura, em meio de tantas dificuldades, teima em prosseguir.

Lendo esta obra de Guido Convents, percebe-se que há um desafio de produção, de exibição e de cultura que urge continuar. Há uma Cinemateca por criar. Há uma Lei do Cinema que é imperioso regulamentar, agilizar, adequar às realidades concretas do país.

O cinema moçambicano é parte do acervo histórico nacional, e uma ferramenta poética para perceber o presente e perspectivar futuros; é património cultural, a par da nossa literatura, da pintura, da escultura, do teatro, do canto e da dança, podendo espelhá-las a todas, essas belas e malasartes, mais a imensa riqueza linguística e diversidade de que é feita a invenção real e utópica da nossa plural identidade.

Last, bu not least, uma saudação a Pedro Pimenta e ao DocKanema, esse supremo atrevimento de Festival a querer colocar Maputo no road map do cinema africano.

Com um aceno de felicitações a Guido Convents (foto), sugiro que comecem agora a falar a sério.

Kanimambo.

por Luís Carlos Patraquim


Pesquisa e postagem: Oubí Inaê Kibuko para Cine Afro Sembene e Fórum África

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

17/9 - Cine Afro Sembene apresenta: Maria, a empregada

Sinopse: Maria, a empregada - documentário dirigido por Sol de Carvalho, em 1999, retrata e reconstitui, por meio de representações, a realidade cotidiana das empregadas domésticas moçambicanas. Amélia Muhate, Adélia Fabião Mavie, Ana Chichava e Judite Zamisse são algumas dessas protagonistas que contam em detalhes sobre suas vidas, seu trabalho e as relações com seus patrões.
Breve perfil de Sol de Carvalho - do Jornalismo à Ficção

Nascido em 1953 em Moçambique, João Luís Sol de Carvalho cresceu em Inhambane, ausentando-se para estudar cinema em Portugal nos anos quentes de 1972 a 1974. Logo que se dá o 25 de Abril, e tendo já abraçado a actividade política contra o regime de Oliveira Salazar, regressa ao país natal para se juntar ao projecto independentista da Frelimo. Destacado como chefe do Serviço Nacional da Rádio Moçambique, aí permanece até ser transferido para a revista Tempo em 1979, integrando a profícua equipa de Mia Couto e Albino Magaia. Participa no projecto de concepção do KUXAKANEMA, incompatibiliza-se com o Ministério e regressa à Tempo. Em 84, faz como 3º assistente, a primeira longa-metragem moçambicana co-produzida por Moçambique e a Iugoslávia ao que se seguem 56 edições do Kuxakanema. É em 1986 que regressa exclusivamente ao objecto de estudo, abraçando definitivamente a carreira cinematográfica. Com mais de 20 filmes em carteira (Maria - a empregada, O Jardim do Outro Homem, A Janela, O Búzio, As Teias da Aranha, etc.), Sol de Carvalho foi sócio fundador da produtora Ébano (juntamente com Pedro Pimenta e Licínio Azevedo), da qual se desligou posteriormente para montar a Promarte. As suas obras são conhecidas pelo cunho social, dedicando-se a temas como VIH/SIDA e violência doméstica, entre outros. Adepto dos processos participativos, tem um gosto particular pelas projecções junto das comunidades onde roda parte dos seus filmes.