quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Mostra Olhos Negros IV - 2012

(Sexta edição da Quinzena da Consciência Negra no Instituto Cultural Cinema Brasil)
 
Tema Central: “Adolescentes negros construindo o Futuro”
 
A primeira quinzena da Consciência Negra do Ponto de Cultura Cinema Brasil ocorreu em novembro de 2007, com a presença de Léa Garcia e de filmes como Filhas do Vento, de Joel Zito Araújo. Em 2009 rebatizou-se como Mostra Olhos Negros.
 
A Mostra Olhos Negros III de novembro de 2011 contou com mesas de debate consistentes com participação do Mestre e Babalawo Ivanir dos Santos, do Músico e Dramaturgo Spirito Santo, do Escritor e Crítico de Cinema João Carlos Rodrigues (autor do livro “O Negro no Cinema Brasileiro”), dos cineastas Wavá de Carvalho, Carlos Maia, Clementino Júnior (que participou com filmes, da curadoria e ministrou 2 workshops temáticos). Exibiu filmes como Bróder, do cineasta negro Jefferson De, como Besouro, do cineasta branco João Daniel Tikhomiroff, foram exibidos em Full-HD, 4000 lumens, som Dolby 5.1, tela grande e ar refrigerado. Na Mostra Olhos Negros IV em 2012, estão sendo trazidos mais filmes faróis para o campo da reflexão. Veja Programação no final.
 
Além de valorizar o debate após as exibições, e de exibir de forma eclética os bons filmes sobre a temática negra de quaisquer diretores, independentemente de sua cor de pele, em 2012, há tanto filmes que tiveram espaço nos cinemas comerciais quanto filmes que foram feitos por cineastas jovens nas comunidades.
 
Autores negros geraram ótimas obras audiovisuais, como O Triste Fim de Policarpo Quaresma, escrita por Lima Barreto. Autores brancos geraram ótimas obras audiovisuais como Xica da Silva e Ganga Zumba (além de Carlota Joaquina), todos escritas por João Felício dos Santos. Frantz Fanon, um dos maiores pensadores do posicionamento dos negros frente aos brancos e vice-versa disse em seu livro “Pele Negra: Máscaras Brancas”: “esta obra é um estudo clínico. Acredito que aqueles que com ela se identificarem terão dado um passo à frente. Quero sinceramente levar meu irmão negro ou branco a sacudir energicamente o lamentável uniforme tecido durante séculos de incompreensão”. Fanon falou isso na década de 1960 quando Lula era um adolescente aqui no Brasil, e Barack Obama, um guri no Havaí. Mas parece que poucos professores e pais leram os livros de Fanon, e mesmo com uma Lei Federal obrigando a inclusão da cultura afrobrasileira no currículo escolar, pouco tem sido feito neste sentido.
 
O que aprendemos na Escola sobre os reis do Congo, as rainhas da Nigéria? O que nossos jovens de hoje em dia sabem da realeza e dos costumes da África? Da cultura Bantu e de tantas outras que influenciaram a nossa? Inclusive das culturas que influenciaram a cultura africana, lá, através dos vários séculos de invasões e colonizações que tentaram sufocar costumes e religiosidades tradicionais?
 
É nesta missão que a MOSTRA OLHOS NEGROS se inseriu. Assim como tem percebido que também há os que cometem equívocos, seja pelo racismo ou pelo auto-racismo de autores tanto como o branco e eugenista Monteiro Lobato, quanto o negro que não se aceitava negro, Machado de Assis. O debate ocorre após a exibição do filme que provoque a reflexão sobre determinado tema.
 
Como nas demais edições, o Ponto de Cultura Cinema Brasil está oferecendo Apresentações Artísticas antes das sessões de abertura e encerramento e no dia de Zumbi.
 
Para encerrar, um pouco mais do Frantz Fanon: “Impossível ir ao cinema sem me encontrar. Espero por mim. No intervalo, antes do filme, espero por mim. Aqueles que estão diante de mim me olham, me espionam, me esperam [...] Ontem, abrindo os olhos ao mundo, vi o céu se contorcer de lado a lado. Quis me levantar, mas um silêncio sem vísceras atirou sobre mim suas asas paralisadas. Irresponsável, a cavalo entre o Nada e o Infinito, comecei a chorar”. Salve o negro Fanon. Salve João Cândido, líder negro da Revolta que pôs fim à Chibata na Marinha Brasileira. Salve a luta ainda atual, constante e incansável dos irmãos brancos e negros, pela construção de um futuro de igualdade racial e compreensão.
 
Clique aqui para saber mais e conferir a programação completa.




Postado por Oubí Inaê Kibuko para Cineclube Afro Sembene e Fórum África.



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